Metade dos universitários de saúde nunca aprendeu sobre tratamentos para deixar de fumar

O Instituto Nacional de Câncer (Inca), órgão vinculado ao Ministério da Saúde, pretende sugerir a reitores incluir no currículo dos cursos da área de Saúde conteúdos focados nos aspectos que causam a dependência do tabaco bem como nos tratamentos para deixar de fumar. A ação justifica-se pelo resultado de pesquisa do Inca que constatou que metade dos estudantes entrevistados nunca aprendeu sobre esses temas na faculdade.

A pesquisa "Vigilância do Tabagismo em Universitários da Área da Saúde", apresentada nesta sexta-feira foi feita em 52 universidades de quatro capitais brasileiras e integra o sistema internacional de vigilância da Organização Mundial de Saúde. "Mais do que apenas identificar os problemas, o objetivo desse sistema é possibilitar a proposição de ações visando reduzir, cada vez mais, a prevalência do tabagismo", disse o diretor-geral do Inca, Luiz Antonio Santini.

Segundo a chefe da Divisão de Epidemiologia e Vigilância do Inca, Liz Almeida, coordenadora da pesquisa, o interesse da OMS em ouvir, especificamente, universitários dos cursos de Medicina, Enfermagem, Odontologia e Farmácia, entre 18 e 24 anos, deve-se ao fato de ser nesta faixa etária que se dá a adesão ao tabagismo (após a fase de experimentação) e a esses futuros profissionais serem multiplicadores de informações para a promoção da saúde.

Foram entrevistados 2.642 universitários, sendo 768 rapazes e 1.860 moças. Apesar de 90% dos estudantes terem recebido informação sobre os perigos do fumo ativo e 80% em relação ao fumo passivo, 20% deles afirmaram que os profissionais de Saúde não têm um papel a desempenhar no aconselhamento dos fumantes para pararem de fumar. A Pesquisa Global entre Estudantes de Saúde (Global Health Professional Students Survey) foi realizada em universidades públicas e privadas de Florianópolis, Rio de Janeiro, Campo Grande e João Pessoa.

O estudo revela ainda que 20% dos estudantes não acreditam que é papel do profissional de saúde aconselhar o paciente a parar de fumar. Entretanto, a OMS encoraja os profissionais de saúde a propor a seus pacientes que parem de fumar e afirma que o aconselhamento pode ser um fator determinante quando a pessoa decide tentar parar.

Estudos realizados em vários países mostram que o aconselhamento do profissional de saúde, em especial do médico, aumenta a taxa de cessação (processo de parar de fumar) entre os pacientes. Já o Ministério da Saúde recomenda que todo profissional de saúde aconselhe seus pacientes fumantes a deixar de fumar. Esse aconselhamento pode ser de forma breve, por meio de abordagem na rotina de atendimento, ou intensiva, por meio dos ambulatórios estruturados para tratamento do tabagismo.

"Os jovens pesquisados são futuros profissionais da área de saúde e como tal devem incorporar o importante papel social que tem como formadores de opinião e modelos de comportamento", afirma Cavalcante,coordenadora nacional do Programa de Controle de Tabagismo do Inca.

Médico-paciente

Outro aspecto para o qual a pesquisa chama a atenção é a relação médico-paciente: 30% dos entrevistados não veem os profissionais de saúde como um modelo de comportamento para os seus pacientes e não acreditam que o seu comportamento em relação ao fumo poderá influenciar no aconselhamento do paciente para parar de fumar. Essa constatação torna-se ainda mais preocupante se comparada a outro dado da pesquisa: 90% dos alunos receberam informações sobre os perigos do consumo do tabaco para a saúde dos fumantes e 80% receberam informações sobre os efeitos do tabagismo passivo na saúde daqueles que não fumam.

A "Pesquisa Global entre Estudantes de Saúde", realizada em 51 países, faz parte do Sistema de Vigilância Internacional de Tabagismo da OMS e tem por objetivo coletar informações entre estudantes do 3º ano dos cursos de medicina, enfermagem, odontologia e farmácia.

Ainda de acordo com a pesquisa, 11% das estudantes universitárias das áreas de saúde fumam cigarros atualmente, assim como 20% dos estudantes do sexo masculino. A proporção global, para todos os estudantes, foi de 14%. Mas aproximadamente 90% dos jovens entrevistados ainda não fumam cigarros diariamente e 70% consomem dez ou menos cigarros por dia. Além disso, 50% dos fumantes gostariam de parar de fumar imediatamente.

Por este motivo, para o Inca, este é um cenário favorável para a implantação de um programa de cessação nas universidades, voltado especificamente para os estudantes. O programa deve abranger ações para manter o ambiente das universidades livre de tabaco, para inserir o tema tabagismo no conteúdo programático dos cursos, e para realizar ações educativas e de comunicação sobre o tema com foco nos jovens.

Fonte: http://noticias.uol.com.br/
Créditos: NutriçãoSadia. Tecnologia do Blogger.