A Taurina como Ergogênico

A taurina é um aminoácido presente em concentrações elevadas na musculatura esquelética, predominantemente nas fibras tipo I (39,2 mmol/kg). É derivada do metabolismo da cisteína e possui características próprias diferenciando-se dos demais aminoácidos. Exerce várias funções, sendo a mais importante a osmoregulação. 

Após exercícios físicos exaustivos, observa-se depleção de taurina nas células musculares e elevação dos seus níveis no plasma. Essa movimentação pode ser devido à diminuição do seu transporte, influenciado pela hiponatremia e hiperlactacemia. Supõe-se que a elevação de taurina no plasma exerça efeito ergogênico elevando a glicólise e modulando a entrada e saída de Ca++ na célula.

Quando elevado intracelularmente o Ca++ aumenta a síntese de ATP, eleva a glicogênio sintetase e diminui a fosforilase, promovendo elevação do glicogênio hepático. Especula-se que ao nível central a taurina pode aumentar a atividade motora e motivação via estimulação da dopamina. A taurina (Tau), 2-acidoaminoetane sulfônico, é um dos aminoácido mais abundante nos mamíferos. Não participa da síntese de proteínas e é mais ácido que os demais aminoácidos por conter em sua estrutura o grupo sulfônico (SO3H) em substituição ao grupo carboxila (COOH) e por possuir o radical amina na posição ß (beta).

Essas características lhe conferem comportamento anfótero em pH fisiológico, bem como, alta hidrossolubilidade e baixa lipossolubilidade (Huxtable, 1992; Hayes & Sturman, 1981; Stapleton et al., 1998; Redmon et al., 1998; Chiara et al., 2000; Ward et al., 1999; Foos & Wu 2002). Está presente em concentrações elevadas no músculo esquelético, sendo mais evidente nas fibras de oxidação lenta tipo I (39,2 mmol/kg/massa seca) que nas fibras tipo II (9,6 mmol/kg/massa seca) (Ward et al., 1999; Dawson et al., 2002, Cuisinier, et al., 2001). Até as décadas passadas a única função atribuída a esse aminoácido era de emulsificar lipídios e facilitar seu transporte (Huxtable, 1992; Petrosian & Haroutounian, 2000).

Atualmente, sabe-se que está envolvida em inúmeras funções fisiológicas, entre elas: fator trófico no desenvolvimento do sistema nervoso central; manutenção da integridade estrutural da membrana; antiagregante plaquetário; regulação do transporte e ligação do Ca++; antioxidante e imunomodulação (Franconi et al, 1995; Shaffer et al., 1995; Stapleton et al., 1998; Foos & Wu, 2002).

Compõe junto com betaína e mio-inositol um grupo de osmólitos móveis que podem ser liberados ou captados pela célula frente a qualquer estímulo hiper ou hiposmótico, conferindo-lhe papel osmoregulador importante (Hansen, 2001; Huxtable, 1992). Além disso, devido a sua natureza lipofóbica possuí habilidade para manter o gradiente de concentração elevado intra e extracelular, poupando aminoácidos, metabolicamente, mais importantes (Shaffer et al., 2000).


Autores
Dr. Euclésio Bragança
Médico, Pesquisador Associado ao Centro de Metabolismo em Exercício e Nutrição (CeMENutri).

Dr. Roberto Carlos Burini
Centro de Metabolismo em Exercício e Nutrição (CeMENutri) da Faculdade de Medicina (UNESP), Botucatu, SP, Professor Titular do Dpto. De Clínica Médica (FMUNESP), coordenador do CeMENutri

Dra. Vânia Lamônica Garcia
Nutricionista, Pesquisadora Associada ao Centro de Metabolismo em Exercício e Nutrição (CeMENutri) da Faculdade de Medicina da UNESP, Departamento de Saúde Pública, Botucatu
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