Cuidado com a Aflatoxina consumidor

Texto: dr. Vinícius Graton - nutricionista. nutricaosadia@yahoo.com.br

As aflatoxinas são toxinas produzidas por fungos do gênero Aspergillus. Despertou-se interesse em razão de sua aparição na primavera e no verão de 1961, desencadeando uma epidemia em fazendas de perus na Grã-Bretanha, matando mais de 100.00 animais. O inquérito revelou que a causa provável para a morte de tantos animais tenha sido o farelo de amendoim contaminado com Aspergillus flavus, importado do Brasil.

A aflotoxina é uma toxina fúngica que comumente contamina produtos alimentícios (Culturas de milho durante a produção, colheita, armazenamento ou processamento. A exposição à aflatoxina é conhecida por causar lesão hepatocelular aguda e crônica. No Quênia, o envenenamento agudo por aflatoxina tem resultado em insuficiência hepático e morte em até 40% dos casos.

Nos países em desenvolvimento, muitas pessoas estão expostas à aflatoxina, através de alimentos cultivados em casa. Colheita e técnicas inadequadas de armazenamento permitem o crescimento de fungos produtores de aflatoxinas. Estima-se que aproximadamente 4,5 bilhões de pessoas de países em desenvolvimento estejam vivendo com exposição crônica à aflatoxina através de sua alimentação.

Em maio de 2006, um surto de aflatoxicose aguda fora relatada em uma região do Quênia, onde a contaminação por aflatoxina em milho caseiro tem sido um problema recorrente.

Aflatoxina e Toxicidade

A aflatoxina B1 é potencialmente carcinogênica em muitas espécies, incluindo primatas, pássaros, peixes e roedores. Em cada espécie, o fígado é o primeiro órgão atacado. O metabolismo tem importante papel na determinação da toxicidade da aflatoxina B1. Estudos mostram que esta aflatoxina requer ativação do metabolismo para exercer efeito carcinogênico e estes efeitos podem ser modificados pela indução ou inibição das funções combinadas do sistema de oxidase.
Em países desenvolvidos, a contaminação por aflatoxina raramente ocorre em alimentos, a ponto de causar aflatoxicose aguda em humanos. Em vista disso, estudos em humanos para se conhecer a toxicidade a partir da ingestão de aflatoxina, baseiam-se em seu potencial carcinogênico.

A susceptibilidade relativa de humanos às aflatoxinas não é conhecida, entretanto, estudos epidemiológicos na África e sudeste da Ásia, onde há grande incidência de hepatocarcinomas mostram uma associação entre a incidência de câncer e a aflatoxina contida na dieta. Estes estudos, contudo, não provam ainda, uma relação de causa/efeito, mas, sugerem a associação.

Além de sua associação com doença do fígado, as aflatoxinas podem afetar o rim, baço e pâncreas.
Há várias micotoxinas com propriedades tóxicas aguda, subaguda ou crônica que podem produzir doenças no ser humano. Por serem resistentes ao calor representam um grande risco quando presentes no alimento. Efeitos agudos de gastroenterites podem ser identificados; contudo os efeitos crônicos resultam de ingestão moderada e ao longo do tempo, dificultando o reconhecimento da associação entre a toxina e a doença.

Os fungos Aspergillus podem crescer em muitos alimentos, como o amendoim, milho, algodão, todos os tipos de nozes e cereais. O amendoim, milho e algodão são os mais afetados. Os fungos já forão difundidos em todo o mundo, mas estão particularmente insidiosas em climas tropicais, onde a temperatura e umidade são mais elevadas. Aspergillus flavus podem crescer em alimentos com maior atividade de água (0,85). A uma temperatura inferior a 12°C praticamente não há proliferamento da aflatoxina, enquanto que a temperatura máxima de proliferação é de 27°C.

Intoxicações em Massa

Nos seres humanos, as aflatoxinas são responsáveis por vários episódios de intoxicação em massa. Vários destes surtos vêm de diferentes partes da Índia, Sudeste Asiático e África equatorial e tropical, sendo este um fator de agravamento de doenças causadas por desnutrição, como kwashiokor (desnutrição protéica em crianças). A OMS considera a aflatoxina B1 como um carcinogêneo humano.

É importante lembrarmos que as aflatoxinas são resistentes aos tratamentos padrões que realizamos nos alimentos. Apenas as nozes quando tostadas são capazes de destroirem uma pequena parte destes fungos.

Aflatoxina e Leite Materno

Os hidroxilados podem passar para o leite materno, por isso, é necessário controlar a presença de aflatoxinas nos alimentos para animais, não só pela sua própria saúde, mas também para a saúde dos consumidores de leite. Considera-se níveis aceitáveis de até 200ppb (partes por bilhão) de aflatoxina em feed-limite, para o gado leitero este valor é de 20ppb. O limite do teor de aflatoxima M considerada aceitável em leite para consumo humano é de 0,5ppb.


Imagens tiradas com microscópio eletrônico de varredura, a porção terminal do conidióforo de Aspergillus flavus

Imágenes tomadas con microscopio electrónico de barrido, de la porción terminal de un conidióforo de Aspergillus flavus.

Fotografía de Reddy,S.V., y Farid Waliyar, F., Properties of aflatoxin and it producing fungi. En International Crops Research Institute for the Semi-Arid Tropics


Texto: Dr. Vinícius Graton - nutricionista
Centro de Vigilância Epidemiológica - CVE - Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo
Miguel Calvo, Bioquímico - Bioquímica de los alimentos; calvoreb@unizar.es
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