Desenvolvimento do Botulismo em Lactentes Relacionado a Ingestão de Mel

O Botulismo é uma doença neuroparalítica grave, de caráter agudo, afebril e causada pela ação de uma toxina produzida pelo Clostridium botulinum. É um bacilo gram-positivo, anaeróbio e esporulado, amplamente distribuído na natureza: no solo, nos lagos e mares, nos alimentos, no mel, nos órgãos de mamíferos, peixes e crustáceos (Cecchini et al., 1996; Sandrock e Murin, 2001; Merrison et al.).

A toxina botulínica é uma proteína que apresenta sete diferentes tipos antigênicos indicadas pelas letras A a G. Destas, as do tipo A, B, E e F, são as mais tóxicas para o homem (Cecchini et al., 1996; Harvey et al., 2002; Brett et al., 2004; Marks, 2004; Bhutani et al., 2005; Hutzler, 2005). É facilmente desnaturada em condições ambientes: inativada em doze horas em suspensão no ar; em uma a três horas á luz solar; 30 minutos em aquecimento a 80 graus, poucos minutos a 100 graus, 20 minutos em água (3mg/L de cloro) (Hutzler, 2005).

Os bebês desenvolvem botulismo por meio da ingestão de mel de uma maneira diferente. As abelhas costumam coletar esporos de botulismo enquanto coletam o néctar, e os misturam ao mel. A maioria das pessoas pode ingerir esses esporos sem problemas porque possuímos bactérias em nossos intestinos e sistemas imunológicos saudáveis que eliminam os esporos. Os bebês ainda não possuem essas defesas. Então, quando um bebê come mel, os esporos se encontram em um intestino livre de oxigênio e entram em ação. Eles produzem a toxina enquanto estão dentro do bebê.

O botulismo infantil é uma doença que acomete lactente e é causada pela ingestão de alimentos contaminados com a bactéria Clostridium botulinum. Quando o intestino infantil imaturo é inoculado com esporos e se torna colonizado, como resultado de um elevado pH, falta de ácido biliar e falta de uma microbiota competidora, a toxina botulínica é liberada e prontamente absorvida pela mucosa intestinal. Em 95% dos casos atinge crianças com três semanas a seis meses de idade.
Embora tenha sido comprovada a contaminação de bebês que consumiram alimentos industrializados e formulações próprias, pesquisas indicam que um terço dos casos de botulismo infantil ocorridos no mundo tem histórico de ingestão de mel, fazendo com que esse alimento seja contra-indicado para crianças com menos de 1 ano de idade.

Apesar de mais de mil casos de botulismo infantil já ter sido relatado em todo mundo, menos na África, devido à semelhança com outras síndromes, acredita-se que os diagnósticos errôneos encobrem grande parte da ocorrência dessa doença. Cerca de 4,5 a 15% doa vítimas da “Síndrome da Morte Súbita do Bebê” ou “Morte do Berço” foram posteriormente confirmados como botulismo infantil.

Devido à crença de que o mel tem propriedades terapêuticas, esse alimento é fornecido para crianças em substituição ao açúcar e mesmo como remédio. Por isso, acredita-se que os casos de botulismo de lactentes decorrentes da contaminação de mel é maior do que o revelado.

Os sintomas são: visão dupla e/ou embaçada, pálpebras caídas, fala difícil, dificuldade de deglutição, boca seca e fraqueza muscular. Crianças com botulismo ficam letárgicas, alimentam-se mal, tem intestino preso e choro fraco e os músculos ficam relaxados. Esses sintomas são decorrentes da ação da toxina botulínica que causa paralisia muscular. Se não houver tratamento os sintomas podem se agravar, resultando em paralisia dos braços, pernas, tórax e músculos respiratórios. No botulismo alimentar, os sintomas aparecem entre 18 e 36 horas após a ingestão do alimento contaminado mas podem aparecer em apenas 6h ou após 10 dias.

Referências Bibliográficas

1. “HowStuffWorks - Como funciona o botulismo?”. Publicado em 01 de abril de 2000 (atualizado em 04 de dezembro de 2007) http://ciencia.hsw.uol.com.br/questao214.htm (13 de abril de 2008)
2. Pereira, F.M. O butolismo infantil e o consumo de mel de abelha. Publicado em 03 de Dezembro de 2007, http:// acessepiaui.com.br (14 de abril de 2208)
3. Trabulsi, L. R., Alterthum, F., Gompertz, O.F. , Candeias, J. A. N. Microbiologia. 3a ed. Editora Atheneu, Rio de Janeiro, RJ, 1999.
4. KEET, C.A.; STROBER, J.B. Recent advances in infant botulism. Pediatric Neuroscience, Basel, v.32, p.149-154, 2005.
5. SANDROCK C. E., MURIN S. Clinical Predictors of Respiratory Failure and Long-term Outcome in Black Tar Heroin-Associated Wound Botulism. Chest, Chicago, v. 120, n. 2, aug., p. 562-566, 2001.
6. CECCHINI E., AYALA S. E. G., COSCINA A. L., NETO G. S. C., FERRARETO A. M. C. Botulismo. In: VERONESI R., FOCACCIA R. Tratado de Infectologia. São Paulo: Ed Atheneu, 1996. p. 565-575.
7. MERRISON A. F. A., CHIDLEY K. E., DUNNETT J., SIERADZAN K. A. Leson of the week: Wound botulism associated with subcutaneous drug use. BMJ, Londres, v. 325, nov., p. 1020-1021, 2002.
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