Crianças e consumo de ômega 3

A incidência das doenças crônicas não transmissíveis tem aumentado consideravelmente nos últimos anos e, dentre alguns fatores, destaca-se o aumento no consumo do ácido graxo polinsaturado ômega 6 em detrimento ao ômega 3. Já são bem conhecidos os benefícios cardiovasculares da suplementação do ácido graxo ômega 3 em adultos, contudo pouco se sabe sobre os efeitos do mesmo na infância.

Crianças que receberam intervenções dietéticas implementadas desde o desmame ou introdução de alimentos sólidos até os 5 anos de idade foram aleatoriamente distribuídas em dois grupos, o controle e o intervenção (aumento no consumo de ômega 3 e redução no de ômega 6). Quando completaram 8 anos os pesquisadores avaliaram a pressão sanguínea, a função e a estrutura arteriais, a concentração de ácidos graxos e lipoproteínas plasmáticos, proteína C reativa e dimetilarginina assimétrica a qual reduz a produção de óxido nítrico e, portanto, o relaxamento endotelial.

Aos 18 meses, 3 e 5 anos, as concentrações plasmáticas de ômega 3 foram significativamente maiores no grupo intervenção, contudo aos 8 anos essa diferença não foi observada, assim como nos demais parâmetros acima descritos.

Portanto, ao contrário do que se pensava, uma intervenção dietética para aumentar os níveis de ômega 3 e diminuir o consumo de ômega 6 desde a infância até os 5 anos não resulta em melhoras significativas na estrutura e função endoteliais, contudo, o acréscimo deste ácido graxo nesta faixa etária poderá reduzir o risco de doenças cardiovasculares futuras.

Fontes:

AYER JG et al. Dietary supplementation with n-3 polyunsaturated fatty acids in early childhood: effects on blood pressure and arterial structure and function at age 8 y. Am J Clin Nutr 2009; 90:438–46.

SIMPOULOS AP The importance of the ratio of omega-6/omega-3 essential fatty acids. Biomedicine & Pharmacotherapy, 2002; 56(8):365-79.

Nutrição e Pediatria - 31/ago/2009

Fonte: Nutrição em Pauta
http://www.nutricaoempauta.com.br/