Magnésio no Tratamento da Enxaqueca

Embora não tenham sido publicados suficientes estudos clínicos para conferir evidência científica de que a suplementação de magnésio faz algum efeito sobre a enxaqueca, tanto na prevenção, quanto no tratamento da crise, existem boas razões para supor que ele seja de fato benéfico como adjuvante no tratamento da enxaqueca.




O magnésio:
  • Exerce papel na modulação do neurotransmissor serotonina através de ação nos seus receptores.
  • Tem função na liberação de vários outros neurotransmissores além da serotonina.
  • Participa em processos de vasodilatação.
  • Ajuda a bloquear receptores cerebrais chamados NMDA, que em desequilíbrio provocam hiperestimulação e hiperatividade cerebral, propiciadora da enxaqueca.
  • Além disso,


Foram encontrados níveis cronicamente  mais baixos de magnésio em boa parte dos portadores de enxaqueca, em comparação a indivíduos que não sofrem de enxaqueca. Vários estudos, embora não suficientemente elaborados para conferir evidência, vêm sugerindo que este elemento químico pode reduzir a frequência da enxaqueca em indivíduos com níveis baixos do elemento. Um deles mostrou redução de mais de 41% na frequência das crises nos indivíduos que tomaram magnésio, comparados a quase 16% nos indivíduos que tomaram placebo. Alguns estudos sugerem que o magnésio possa ser de grande utilidade para mulheres cuja enxaqueca é desencadeada pela menstruação.  O mais importante proponente do magnésio como parte do tratamento da enxaqueca é o Dr. Alexander Mauskop, diretor do Centro de Cefaleias de Nova Iorque, EUA. Em 1995 ele publicou um trabalho pioneiro demonstrando grande porcentagem de melhora da crise de enxaqueca com injeções intravenosas de magnésio – que são um tratamento muito menos agressivo em comparação aos medicamentos normalmente utilizados de rotina nos prontos-socorros.

Em 2012, o Dr. Mauskop publicou um artigo no Journal of Neural Transmission (volume 119, n°5, páginas 575-579) intitulado “Por Que Todos os Pacientes com Enxaqueca Deveriam Ser Tratados com Magnésio”. No artigo, explica que a deficiência desse elemento não é facilmente detectável pelos exames de rotina (ou seja, não adianta concluir a partir de um exame de dosagem dele no sangue). Explica que a falta de resultados contundentes nos estudos duplo-cegos controlados (que dão a evidência científica) tem ocorrido porque todos esses estudos foram realizados sem levar em conta se o paciente era ou não deficiente em magnésio, e que se vierem a ser feitos novos estudos incluindo apenas aqueles enxaquecosos deficientes de fato, a evidência seria confirmada em favor do magnésio.

Considerando que não é simples determinar se o indivíduo é ou não deficiente em magnésio (não pode ser feito através de exames rotineiros de sangue), considerando que existem fortes evidências (aí sim) apontando para uma deficiência de magnésio bem mais prevalente em enxaquecosos que em não-enxaquecosos (provavelmente metade dos enxaquecosos seriam deficientes em magnésio), considerando que suplementos de magnésio são de venda livre em farmácia, custam muito barato e são extremamente seguros, o Dr. Mauskop conclui sugerindo que todos os portadores de enxaqueca deveriam tomar, empiricamente, suplementos de magnésio via oral.

Venho, desde 2012, orientando meus pacientes a suplementar magnésio além do meu tratamento – e tenho ficado satisfeito com os resultados. Ele se encontra disponível para venda livre, nos balcões de qualquer farmácia e não precisa de prescrição médica. Vem em sachês contendo 30 gramas cada. Dilui-se um sachê em 1 litro de água e pode-se beber um gole pela manhã, à tarde e à noite, guardando-se o restante da solução para os próximos dias, na geladeira ou fora dela. Não estraga. Tem um gosto bem ruim, prepare-se! – porém sua absorção (e portanto aproveitamento) pelo organismo é excelente, podendo ser melhor até que alguns suplementos na forma em comprimidos ou cápsulas.

Possíveis efeitos colaterais desse tipo de suplementação são:


  • Diminuição da pressão arterial
  • Diarréia


Em caso de ocorrência de um desses efeitos colaterais, uma diminuição da dose (por exemplo, para duas ou uma vez ao dia) é suficiente para eliminar os sintomas. Para maior tranquilidade, pode-se começar com um único gole ao dia. Caso não ocorram quaisquer efeitos indesejáveis após 3 dias, pode-se passar para um gole duas vezes ao dia. Caso continue não ocorrendo nenhum efeito indesejável, pode-se passar para um gole três vezes ao dia. Dessse modo, caso ocorra algum efeito indesejável com uma dose mais alta, é possível retornar à dosagem anterior na qual o suplemento era bem tolerado.

Como saber se está dando resultado? Basta marcar a frequência, intensidade e duração das suas dores de cabeça e crises de enxaqueca, conforme explico no meu livro, e comparar após 1 mês de suplementação para ver se ocorreu diminuição desses parâmetros. Caso tenha ocorrido essa diminuição, a suplementação deve ser mantida por tempo indeterminado. Peça orientação a seu médico.

E nas grávidas?

Segundo o FDA norte-americano (Food and Drug Administration), que é a agência reguladora dos remédios e suplementos nos Estados Unidos, estudos em mulheres grávidas não demonstraram aumento no risco de anormalidades fetais mediante a suplementação de magnésio em qualquer um dos trimestres da gravidez. Repare que isso não exclui a possibilidade que possa vir a ocorrer algum problema, apenas diz que os estudos até hoje não demonstraram problema. Portanto, como qualquer medicamento ou suplemento, o uso na gravidez somente deve ocorrer quando claramente necesário, e sob supervisão médica.

O magnésio pode interagir negativamente com medicamentos para o coração, diuréticos, certos tipos de antibióticos e relaxantes musculares. Embora, como eu disse anteriormente, se trate de um suplemento extremamente seguro, recomendo a todos que conversem com seu médico antes de tomar suplemento de magnésio. Saúde não tem preço, e não custa se certificar se existe alguma contraindicação para o seu caso. Como sempre, o melhor tratamento é sempre o resultado de uma parceria saudável entre o paciente e o seu médico de confiança.
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