Carne Suína e Cisticercose

O consumo de carne suína é muitas vezes questionado por razões nutricionais e sanitárias. Além das preocupações já conhecidas como o alto teor de gorduras deste alimento, outra coisa que preocupa o consumidor é a associação do produto à cisticercose.

Dessa forma, abordaremos a seguir as principais questões referentes a este problema e os reais riscos do consumo de carne suínna.

Teníase versus Cisticercose
A teníase e a cisticercose são doenças diferentes, causadas pelo mesmo verme – a tênia – e que não devem se confundidas.

No ciclo de vida deste verme existem dois hospedeiros (seres que “hospedam” no corpo): o intermediário e o definitivo. O intermediário é aquele que abriga o verme em sua forma larval e o definitivo é aquele que abriga o verme em sua forma adulta.

O homem é o hospedeiro definitivo da Taenia solium e da Taenia saginata, cujos hospedeiros intermediários são, respectivamente, o porco e o boi.

A Taenia solium
A tênia adulta vive no intestino delgado do homem, causando a teníase ou solitária, como também é chamada a doença causada por este verme.
A pessoa com teníase elimina ovos desse verme em suas fezes, podendo contaminar pastagens, hortas, rios e lagoas, cujas águas podem ser utilizadas para irrigar plantações.

Se o animal ingerir alimentos contaminados, ingere os ovos da tênia que ao chegarem ao intestino entram na corrente sanguínea e se alojam em alguns músculos do animal. Nestes locais, os ovos evoluem para um estágio larval, chamado cisticerco, popularmente conhecido como “canjiquinha”. Esse animal torna-se o hospedeiro intermediário do verme. O homem consome a carne contaminada desse animal, crua o mal cozida, e assim o ciclo se fecha (veja o ciclo na Figura).

Entretanto, pode acontecer de o homem se tornar o hospedeiro intermediário, ingerindo os ovos de tênia, provenientes de verduras e legumes mal lavados ou higiene inadequada das mãos após o uso sanitário. Neste caso, o cisticerco, que seria formado no porco, ocorre no organismo humano e a doença é chamada de cisticercose.

A seriedade do problema depende do local onde os cisticercos se instalam. Os problemas mais sérios ocorrem quando eles se instalam no cérebro, e os menos sérios quando eles se instalam na musculatura.

Consumo com segurança

Atualmente, a suinocultura praticada no Brasil está mais moderna. Os animais recebem água tratada, alimentação adequada e balanceada e são criados em instalações constantemente higienizadas, portanto não têm contato com fontes de infecção por Taenia solium. O resultado disso é a baixíssima incidência dessa doença nos animais destinados ao abate.

É importante comprar, sempre, carne proveniente de abate inspecionado, o que garante que medidas preventivas foram tomadas para impedir que a carne imprópria para consumo chegue ao mercado.

Agora que você já sabe disso, pode saborear a carne suína com maior tranqüilidade, buscando, sempre, a de origem conhecida e proveniente de local limpo e confiável. E, de preferência, opte por cortes mais magros, como o lombo.

Referencias bibliográficas:

  1. GARCIA, H.H., GONZALES, A.E., EVANS, C.A.W., GILMAN, R.H. Taenia solium cysticercosis. The Lancet, v. 361, p.547-556, 2003.
  2. ANTONIUK, A. Cisticercose e Saúde Pública. In: Encontro do Cone Sul sobre Teníase e Cisticercose, 1° Anais... Curitiba: SESA:UFPR:OPAS:MS?FNS,UFPR,1994, p.38-44.
  3. CAMARGO, N.J. de Fundamentos para o controle. Programa Estadual de Controle de Teníase/ Cisticercose do Estado do Paraná. In: Encontro do Cone Sul sobre Teníase e Cisticercose, 1°. Anais ...Curitiba: SESA: UFPR:OPAS: MSFNS, UFPR, 1994, p. 61-65.
  4. Material Informativo: Carne Suína e Cisticercose, Cínara Milanez Shibuya, Engenheira de Alimentos. Revisado por Doralice Pedroso-de-Paiva, Médica Veterinária e Pesquisadora da Embrapa Suínos e Aves
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