Nutrição pré-operatória aumenta a resistência de anastomoses
Estudo brasileiro publicado no Journal of Parenteral and Enteral Nutrition observou melhora no processo de cura de anastomoses intestinais em ratos desnutridos que receberam nutrição pré-operatória por sete dias.
O experimento foi realizado na Universidade Federal do Paraná, onde os autores selecionaram oitenta ratos da raça Wistar e os deixaram durante uma semana com ração e água à vontade. Após este período de adaptação, os ratos foram divididos em quatro grupos para a participação em dois experimentos.
Experimento 1:
Os ratos foram divididos em dois grupos, de acordo com o tipo de dieta. O grupo controle (G1) recebeu ração à vontade por vinte e um dias e o grupo desnutrido (D) recebeu apenas 50% da média de ração consumida pelo G1 durante o mesmo período de tempo. Os animais foram pesados dia sim, dia não, até o 21º dia, e foram coletadas amostras de sangue para a análise de albumina sérica.
No 22º dia do experimento, os ratos passaram por um processo cirúrgico onde foram realizadas duas anastomoses no aparelho digestório de cada animal. Após a terceira hora de pós-operatório, os animais se alimentaram livremente até o 5º dia, quando os ratos foram sacrificados para a análise das anastomoses.
Experimento 2:
Os ratos foram divididos em dois grupos, de acordo com o tipo de dieta. O grupo controle (G2) recebeu ração à vontade por vinte e oito dias e o outro grupo da nutrição pré-operatória (PRÉ) recebeu 50% da média de ração consumida pelo G2 durante vinte e um dias. Nos outros sete dias o grupo PRÉ passou a receber ração à vontade. Os outros procedimentos foram iguais aos do primeiro experimento, exceto pela data da cirurgia, realizada nestes grupos no 29º dia do estudo.
Para a avaliação do processo de cura das anastomoses intestinais foram utilizados dois métodos: densitometria de colágeno e força de resistência. O primeiro determinou o tipo de colágeno presente na área envolvida, que poderia ser colágeno tipo I (maduro) ou tipo III (imaturo), uma vez que a resistência das anastomoses depende da quantidade e aspecto do colágeno na submucosa intestinal. A resistência propriamente dita foi medida por meio de um aparelho que calculou a força máxima de resistência (FMR) ao esticar a área suturada até sua total ruptura.
Somente sessenta e sete ratos sobreviveram até o 5º dia de pós-operatório. A principal causa de morte foram fístulas digestivas com peritonite fecal, que acometeu 17,6% do grupo D, 10% do grupo PRÉ e 7,9% dos grupos controles.
Os grupos D e PRÉ apresentaram uma progressiva perda de peso durante os primeiros vinte e um dias de estudo, em comparação com os controles, porém o grupo PRÉ ganhou peso na semana em que recebeu alimentação pré-operatória. “Esta perda de peso foi de 26,8% e 23,2% nos grupos D e PRÉ, respectivamente”, complementam os autores. Assim como o peso, os níveis de albumina sérica também sofreram diminuição nos grupos D e PRÉ.
A avaliação das anastomoses quanto à força elástica demonstrou que os animais PRÉ apresentaram valores de FMR mais altos do que o grupo D, embora a comparação do grupo PRÉ com os controles não tenha demonstrado diferenças significativas quanto a estas variáveis. Já a avaliação histológica por determinação do colágeno revelou uma grande área ocupada por colágeno tipo I (maduro) nos animais PRÉ em comparação com os do grupo D. Entretanto, estes grupos continham uma área menor de colágeno tipo I em relação aos controles. Devido a estes fatores, o estudo indica que os animais do grupo PRÉ apresentaram melhores resultados quanto ao processo de cura das anastomoses.
“Os resultados deste experimento apontaram a forte influência da nutrição pré-operatória sobre a cura das anastomoses intestinais. Porém, apesar dos resultados atrativos, mais estudos são necessários para a elucidação destes efeitos”, concluem os autores.
Referência(s)
Gonçalves CG, Groth AK, Ferreira M, Matias JEF, Coelho JCU, Campos ACL. Influence of preoperative feeding on the healing of colonic anastomoses in malnourished rats. JPEN. 2009;33(1):83-9.
NUTRITOTAL.
O experimento foi realizado na Universidade Federal do Paraná, onde os autores selecionaram oitenta ratos da raça Wistar e os deixaram durante uma semana com ração e água à vontade. Após este período de adaptação, os ratos foram divididos em quatro grupos para a participação em dois experimentos.
Experimento 1:
Os ratos foram divididos em dois grupos, de acordo com o tipo de dieta. O grupo controle (G1) recebeu ração à vontade por vinte e um dias e o grupo desnutrido (D) recebeu apenas 50% da média de ração consumida pelo G1 durante o mesmo período de tempo. Os animais foram pesados dia sim, dia não, até o 21º dia, e foram coletadas amostras de sangue para a análise de albumina sérica.
No 22º dia do experimento, os ratos passaram por um processo cirúrgico onde foram realizadas duas anastomoses no aparelho digestório de cada animal. Após a terceira hora de pós-operatório, os animais se alimentaram livremente até o 5º dia, quando os ratos foram sacrificados para a análise das anastomoses.
Experimento 2:
Os ratos foram divididos em dois grupos, de acordo com o tipo de dieta. O grupo controle (G2) recebeu ração à vontade por vinte e oito dias e o outro grupo da nutrição pré-operatória (PRÉ) recebeu 50% da média de ração consumida pelo G2 durante vinte e um dias. Nos outros sete dias o grupo PRÉ passou a receber ração à vontade. Os outros procedimentos foram iguais aos do primeiro experimento, exceto pela data da cirurgia, realizada nestes grupos no 29º dia do estudo.
Para a avaliação do processo de cura das anastomoses intestinais foram utilizados dois métodos: densitometria de colágeno e força de resistência. O primeiro determinou o tipo de colágeno presente na área envolvida, que poderia ser colágeno tipo I (maduro) ou tipo III (imaturo), uma vez que a resistência das anastomoses depende da quantidade e aspecto do colágeno na submucosa intestinal. A resistência propriamente dita foi medida por meio de um aparelho que calculou a força máxima de resistência (FMR) ao esticar a área suturada até sua total ruptura.
Somente sessenta e sete ratos sobreviveram até o 5º dia de pós-operatório. A principal causa de morte foram fístulas digestivas com peritonite fecal, que acometeu 17,6% do grupo D, 10% do grupo PRÉ e 7,9% dos grupos controles.
Os grupos D e PRÉ apresentaram uma progressiva perda de peso durante os primeiros vinte e um dias de estudo, em comparação com os controles, porém o grupo PRÉ ganhou peso na semana em que recebeu alimentação pré-operatória. “Esta perda de peso foi de 26,8% e 23,2% nos grupos D e PRÉ, respectivamente”, complementam os autores. Assim como o peso, os níveis de albumina sérica também sofreram diminuição nos grupos D e PRÉ.
A avaliação das anastomoses quanto à força elástica demonstrou que os animais PRÉ apresentaram valores de FMR mais altos do que o grupo D, embora a comparação do grupo PRÉ com os controles não tenha demonstrado diferenças significativas quanto a estas variáveis. Já a avaliação histológica por determinação do colágeno revelou uma grande área ocupada por colágeno tipo I (maduro) nos animais PRÉ em comparação com os do grupo D. Entretanto, estes grupos continham uma área menor de colágeno tipo I em relação aos controles. Devido a estes fatores, o estudo indica que os animais do grupo PRÉ apresentaram melhores resultados quanto ao processo de cura das anastomoses.
“Os resultados deste experimento apontaram a forte influência da nutrição pré-operatória sobre a cura das anastomoses intestinais. Porém, apesar dos resultados atrativos, mais estudos são necessários para a elucidação destes efeitos”, concluem os autores.
Referência(s)
Gonçalves CG, Groth AK, Ferreira M, Matias JEF, Coelho JCU, Campos ACL. Influence of preoperative feeding on the healing of colonic anastomoses in malnourished rats. JPEN. 2009;33(1):83-9.
NUTRITOTAL.
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