Acompanhamento nutricional traz benefícios às gestações após gastroplastia
Estudo retrospectivo realizado no Hospital das Clínicas de São Paulo documentou que, apesar da gestação ser de alto risco para as mães obesas ou para aquelas que apresentam maior ganho de peso do que o estimado, o acompanhamento nutricional influenciou positivamente no nascimento das crianças saudáveis.
Foram incluídas no estudo 14 mulheres com idades entre 18 e 45 anos, submetidas à gastroplastia com a técnica de Bypass em Y de Roux (estômago remanescente com volume de 30 a 50 ml), gravidez diagnosticada até 5 anos após a cirurgia e que foram seguidas por uma equipe de nutrologia.
A alimentação pós-cirurgia consistiu em líquidos “leves” e hipocalóricos durante os primeiros 15 dias, seguida de dieta líquida mais abrangente durante mais duas semanas. Após este período, os alimentos foram introduzidos gradualmente, até que, após 60 dias, as pacientes já estivessem com dieta geral. As pacientes foram instruídas a manter uma dieta com baixo consumo de gordura (<30% das calorias totais), especialmente de gorduras saturadas, e receberam multivitamínico.
Durante a gravidez, as mulheres foram avaliadas quanto a aspectos clínicos e antropométricos (peso, altura e índice de massa corporal – IMC). A dieta foi calculada com 15 a 25 Kcal/kg de peso corpóreo/dia para atingir a recomendação de ganho de peso durante a gestação para mulheres com sobrepeso, cujo ganho de peso total estimado na gestação é de 7 a 11 Kg. As pacientes continuaram recebendo o multivitamínico, além da suplementação de ferro, ácido fólico e cálcio.
O IMC médio das mulheres antes da operação foi de 49,9 ± 7,9 Kg/m2 e após o primeiro trimestre foi de 35,8 ± 5,5 Kg/m2. O tempo desde a gastroplastia e o início da gravidez foi em média 24,2 ± 21,6 meses e o ganho de peso gestacional foi de 15,0 ± 9,6 Kg. O IMC sofreu redução de aproximadamente 28% até o início das gestações, entretanto, continuava na faixa de obesidade ou obesidade mórbida.
“A dieta planejada não pode ser completamente implantada. A maior dificuldade foi em relação aos alimentos protéicos. A carne causou aversão quando não bem mastigada, por ficar presa na banda gástrica e algumas pacientes também se abstiveram de ingerir leite”, dizem os autores. A suplementação corrigiu essas deficiências.
As comorbidades apresentadas já haviam sido diagnosticadas antes da gravidez: diabetes mellitus (3 das 14 mulheres – 21%); hipertensão arterial (5 das 14 mulheres – 36%); dislipidemia (4 das 14 mulheres – 29%) e sedentarismo (12 das 14 mulheres – 86%).
Todos os bebês nasceram saudáveis, com idade gestacional média de 35,6 ± 3,3 semanas; peso ao nascer de 3,2 ± 0,5 Kg (segundo estudos epidemiológicos, a média de peso ao nascer no município de São Paulo é de 3,157 Kg) e Apgar (índice utilizado para avaliar a vitalidade do recém-nascido no primeiro e quinto minuto de vida) de 8,1 ± 0,8 (valores de 0 a 10).
“A obesidade está associada com anormalidades dos hormônios sexuais e excesso de tecido adiposo, que acaba sintetizando muito estrógeno, gerando desequilíbrio hormonal. Como consequência, ocorrem com mais frequência períodos menstruais desregulados, ciclos anovulatórios e infertilidade”, comentam os autores. E ainda “talvez pelo grande aspecto emocional da gestação deste grupo, principalmente das primíparas, a obediência e pontualidade com as visitas ao pré-natal e com a suplementação de micronutrientes foi obtida com índices acima da média, explicando a saúde dos recém-nascidos. É muito importante que as referências de ingestão de minerais e vitaminas durante a gestação sejam revisadas e definidas também para casos de obesidade mórbida e pós cirurgias bariátricas”, concluem os autores.
Bibliografia(s)
Dias MCG, Fazio ES, Oliveira FCBM, Nomura RMY, Faintuch J, Zugaib M. Body weight changes and outcome of pregnancy after gastroplasty for morbid obesity. Clin Nutr. 2009;28(2):169-72.
Fonte: Nutritotal - www.nutritotal.com.br
Foram incluídas no estudo 14 mulheres com idades entre 18 e 45 anos, submetidas à gastroplastia com a técnica de Bypass em Y de Roux (estômago remanescente com volume de 30 a 50 ml), gravidez diagnosticada até 5 anos após a cirurgia e que foram seguidas por uma equipe de nutrologia.
A alimentação pós-cirurgia consistiu em líquidos “leves” e hipocalóricos durante os primeiros 15 dias, seguida de dieta líquida mais abrangente durante mais duas semanas. Após este período, os alimentos foram introduzidos gradualmente, até que, após 60 dias, as pacientes já estivessem com dieta geral. As pacientes foram instruídas a manter uma dieta com baixo consumo de gordura (<30% das calorias totais), especialmente de gorduras saturadas, e receberam multivitamínico.
Durante a gravidez, as mulheres foram avaliadas quanto a aspectos clínicos e antropométricos (peso, altura e índice de massa corporal – IMC). A dieta foi calculada com 15 a 25 Kcal/kg de peso corpóreo/dia para atingir a recomendação de ganho de peso durante a gestação para mulheres com sobrepeso, cujo ganho de peso total estimado na gestação é de 7 a 11 Kg. As pacientes continuaram recebendo o multivitamínico, além da suplementação de ferro, ácido fólico e cálcio.
O IMC médio das mulheres antes da operação foi de 49,9 ± 7,9 Kg/m2 e após o primeiro trimestre foi de 35,8 ± 5,5 Kg/m2. O tempo desde a gastroplastia e o início da gravidez foi em média 24,2 ± 21,6 meses e o ganho de peso gestacional foi de 15,0 ± 9,6 Kg. O IMC sofreu redução de aproximadamente 28% até o início das gestações, entretanto, continuava na faixa de obesidade ou obesidade mórbida.
“A dieta planejada não pode ser completamente implantada. A maior dificuldade foi em relação aos alimentos protéicos. A carne causou aversão quando não bem mastigada, por ficar presa na banda gástrica e algumas pacientes também se abstiveram de ingerir leite”, dizem os autores. A suplementação corrigiu essas deficiências.
As comorbidades apresentadas já haviam sido diagnosticadas antes da gravidez: diabetes mellitus (3 das 14 mulheres – 21%); hipertensão arterial (5 das 14 mulheres – 36%); dislipidemia (4 das 14 mulheres – 29%) e sedentarismo (12 das 14 mulheres – 86%).
Todos os bebês nasceram saudáveis, com idade gestacional média de 35,6 ± 3,3 semanas; peso ao nascer de 3,2 ± 0,5 Kg (segundo estudos epidemiológicos, a média de peso ao nascer no município de São Paulo é de 3,157 Kg) e Apgar (índice utilizado para avaliar a vitalidade do recém-nascido no primeiro e quinto minuto de vida) de 8,1 ± 0,8 (valores de 0 a 10).
“A obesidade está associada com anormalidades dos hormônios sexuais e excesso de tecido adiposo, que acaba sintetizando muito estrógeno, gerando desequilíbrio hormonal. Como consequência, ocorrem com mais frequência períodos menstruais desregulados, ciclos anovulatórios e infertilidade”, comentam os autores. E ainda “talvez pelo grande aspecto emocional da gestação deste grupo, principalmente das primíparas, a obediência e pontualidade com as visitas ao pré-natal e com a suplementação de micronutrientes foi obtida com índices acima da média, explicando a saúde dos recém-nascidos. É muito importante que as referências de ingestão de minerais e vitaminas durante a gestação sejam revisadas e definidas também para casos de obesidade mórbida e pós cirurgias bariátricas”, concluem os autores.
Bibliografia(s)
Dias MCG, Fazio ES, Oliveira FCBM, Nomura RMY, Faintuch J, Zugaib M. Body weight changes and outcome of pregnancy after gastroplasty for morbid obesity. Clin Nutr. 2009;28(2):169-72.
Fonte: Nutritotal - www.nutritotal.com.br
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