Pigmentos – Importantes Para Dar Cor Aos Alimentos e Com Grandes Benefícios a Saúde
Os novos hábitos alimentares bem como o novo estilo de vida expõem o homem a uma gama de fatores de risco para as doenças crônicas não transmissíveis (DCNT). Dentre esses fatores de risco está o consumo de dietas desequilibradas (a exemplo das dietas ricas em gorduras saturadas e gorduras trans e açúcares simples, alimentos refinados pobres em carboidratos complexos e fibras), além de uma vida estressada e sedentária (WHO, 2003).
Uma alimentação variada, colorida, equilibrada em quantidade e qualidade é a garantia de ingestão de todos os nutrientes essenciais necessários e recomendados, bem como os não-nutrientes, a exemplo dos pigmentos naturais (VOLPE, RENHE, STRINGUETA, 2009).
Os pigmentos naturais em alimentos servem primariamente para conferir cor, e hoje em dia sabe-se que estão relacionados com a prevenção e às vezes até na cura de doenças. Dentre as substâncias bioativas encontradas em alimentos que estão relacionadas à nutrição e saúde estão as clorofilas; cúrcuma e curcumina; betalaína e pigmentos de tagetes (DOWNHAM; COLLINS,2000; FINLEY, 2005; VOLPE, RENHE, STRINGUETA, 2009).
Abaixo discorrem os tipos de pigmentos bem como suas funções no organismo:
Clorofilas
As clorofilas são os pigmentos naturais verdes presente na maioria das plantas. Estudos científicos têm mostrado que possuí diversos efeitos benéficos à saúde, principalmente por suas propriedades antimutagênicas (evitar mutações dos radicais livres) e antigenotóxicas (protegem contra moléculas tóxicas para o DNA) (LILA, 2004; FAHEY, 2005). Fahey, (2005), verificou que os compostos bioativos da clorofila, induziram os genes que protegem as células contra danos oxidativos e ainda inibiram a progressão do câncer.
LANFER- Marquez (2003) ao utilizar extratos aquosos de derivados de clorofilas demonstrou que estes são capazes de melhorar a habilidade de linfócitos humanos em resistir ao dano oxidativo induzido por H2O2, 20 q isso? apresentando efeitos antiinflamatórios e antioxidativos, prevenindo o processo da aterosclerose e das DCNT, em especial das doenças cardiovasculares aterotrombóticas.
Cúrcuma e Curcumina
O principal componente extraído da cúrcuma é a curcumina, pigmento de tom amarelo limão brilhante a alaranja, responsável por suas ações bioativas. Essa substância destaca-se pelos seus efeitos antioxidantes que protegem as células contra danos oxidativos e podem prevenir o câncer (por inibir a peroxidação lipídica), principalmente o de pele e o de mama (JAYAPRAKASHA, et al 2006; VOLPE, RENHE, STRINGUETA, 2009).
MOHAN et al ( 2000) verificou que a curcumina do curry indiano foi capaz de inibir a angiogênese ? induzida pelo fator de crescimento de fibroblastos-2 (FGF-2), propriedade importante para a diminuição da formação de metástases neoplásicas.
Desta forma, a curcumina tem sido estudada não somente para a prevenção do câncer, mas também para o seu tratamento. A curcumina é um potente inibidor de mutagênese? e carcinogênese induzidas, com atividade antiinflamatória e antioxidante, inibindo também a resposta de neutrófilos e a formação de superóxidos em macrófagos (MOHAN et al ,2000; VOLPE, RENHE, STRINGUETA, 2009). Essas atividades farmacológicas da curcumina foi observada in vitro, com efeitos antiinflamatórios, antiparasitários e gastrintestinais (promove atividades de enzimas específicas responsáveis pela digestão) e também in vivo, mostrando potenciais efeitos antiinflamatórios e antiparasitários da curcumina, bem como de extratos da cúrcuma (ARAÚJO; LEON, 2001).
Em relação à sua atividade antinflamatória, alguns autores apontam que esta se dá pela presença de grupos hidroxil e fenólicos na molécula, sendo essencial para a inibição das prostaglandinas e leucotrienos ( ARAÚJO; LEON, 2001).
Betalaínas
As betalaínas são compostos solúveis em água, localizados nos vacúolos das plantas. Seu precursor comum é o ácido betalâmico (CAI ; SUN; CORKE, 2005). Produzem coloração vermelha, amarela, pink e laranja em flores e frutas, sendo que a beterraba constitui a principal fonte deste pigmento ( ELGADO-VARGAS; JIMÉNEZ; PAREDESLÓPEZ, 2000).
Dentre suas propriedades funcionais, as betalaínas são identificadas como um antioxidante natural por estarem envolvidas na proteção da partícula de LDL-colesterol, contra modificações oxidativas (DELGADO-VARGAS; JIMÉNEZ; PAREDESLÓPEZ, 2000). Ainda, as betaninas (em forma de extratos da beterraba) demonstraram atuar também na prevenção de alguns tipos de câncer, dentre eles os cânceres de pele e fígado, devido suas propriedades antioxidantes (LILA, 2004).
Pigmentos de Tagetes
Tagetes erecta L. (marigold) é uma planta originária do México que possui flores de coloração amarela e laranja amarronzada (NACHTIGALL, 2007).
Tem crescido o interesse na aplicação de tagetes como corante em alimentos, utilizando várias partes da planta (raiz, flor e folha), devido aos seus compostos bioativos como flavonóides, carotenóides e luteína , que possuem efeito funcional no organismo (WANG et al, 2006).
Os principais pigmentos presentes no tagetes são os flavonóides e os carotenóides. Os carotenóides de tagetes têm sido usados na alimentação de frangos com o objetivo de aumentar a cor amarela de gemas de ovo (WANG et al, 2006; VOLPE, RENHE, STRINGUETA, 2009).
Dentre seus efeitos na prevenção de doenças, a luteína está associada com a redução de risco do aparecimentos das DCNT, dentre as quais inclui as doenças cardiovasculares aterotrombóticas e mais especificamente a degeneração macular? relacionada à idade (WANG et al, 2006; VOLPE, RENHE, STRINGUETA, 2009).
Já é sabido que o consumo regular de frutas e hortaliças está associado com a redução dos riscos de DCNT como o câncer, doenças cardiovasculares, doenças vasculares aterotrombóticas, e outros distúrbios funcionais relacionados a idade. Os compostos bioativos estão presentes nos alimentos naturalmente, junto com outras substâncias (vitaminas e minerais), fazendo com que o alimento nunca substitua um nutriente ou composto bioativo isolado. Portanto é importante que a alimentação seja variada e colorida que se obtenha todos os benefícios à saúde.
Referências Bibliográficas:
ARAÚJO, C. A. C.; LEON, L. L. Biological activities of Curcuma longa L. Mem. Inst. Oswaldo Cruz, v.96, n.5, p.723-728, 2001.
CAI, Y.Z.; SUN, M.; CORKE, H. Characterization and application of betalain pigments from plants of bisdemethoxycurcumin. Food Chem., n.98, p.720-724, 2006.
DELGADO-VARGAS, F.; JIMÉNEZ, A. R.; PAREDESLÓPEZ, O. Natural pigments: carotenoids, anthocyanins, and betalains - characteristics, biosynthesis, processing, and stability. Crit. Rev. Food. Sci. Nutr., v.40, n.3, p.173-289, 2000.
DOWNHAM, A.; COLLINS, P. Colouring our foods in the last and next millennium. Int. J. Food Sci. Technol., v.35, p.5-22, 2000.
FAHEY, J.W. et al. Chlorophyll, chlorophyllin and related tetrapyrroles are signifi cant inducers of mammalian phase 2 cytoprotective genes. Carcinogenesis, v. 26, n.7, p.1247-1255, 2005.
FINLEY, J.W. Proposed criteria for assessing the effi cacy of cancer reduction by plant foods enriched in carotenoids, glucosinolates, pholyphenols and selenocompounds. Ann. Bot., v.95, p.1075-1096, 2005.
JAYAPRAKASHA, G. K. et al. Antioxidant activities of curcumin, demethoxycurcumin and LANFER-MARQUEZ, U. M. O papel da clorofi la na alimentação humana: uma revisão. Rev. Bras. Ciênc. Farmac., v.39, n.3, p. 227-242, 2003.
LILA, M. A. Plant pigments and human health. In: DAVIS, S. Plant pigments and their manipulation. Oxford: CRC Press/Blackwell Publ., 2004. p.248-274.
the Amaranthaceae. Trends Food Sci. Technol., n.16, p.370-376, 2005.
MOHAN, R. et al. Curcuminoids inhibit the angiogenic response stimulated by fi broblast growth factor-2, including expression of matrix metalloproteinase. J. Biol. Chem., n.275, p.10405-10412, 2000.
NACHTIGALL, A. M. Extração, saponifi cação e atividade antioxidante de luteína obtida de flores de Tagetes pátula L. e Calendula officinalis L. 2007. 100 f. Tese (Doutorado em Ciência e Tecnologia de Alimentos) – Faculdade de Engenharia de Alimentos, Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, 2007.
WANG, M. et al. Antioxidant activity, mutagenicity/ anti-mutagenicity, and clastogenicity/anti-clastogenicity of lutein from marigold flowers. Food Chem. Toxicol., v.44, p.1522-1559, 2006.
WORLD HEALTH ORGANIZATION/ FOOD AND AGRICULTURE ORGANIZATION. Diet, nutrition and the prevalence of chronic diseases. Report of a Joint WHO/ FAO Expert Consultation. Geneva, 2003. 211p.(Technical Report Series 916).
Fonte: RGNUTRI
http://www.rgnutri.com.br/
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