Ácido graxo de cadeia média eleva colesterol plasmático

Dietas contendo ácidos graxos de cadeia média (AGCM) são de interesse nutricional por serem mais facilmente absorvidas pelo intestino do que as ricas em ácidos graxos em cadeia longa (AGCL). Suspeitava-se que AGCM não resultavam em aumento do colesterol plasmático. Para verificar esta hipótese, estudo dinamarquês comparou dietas ricas em AGCM e AGCL sobre o perfil lipídico e glicídico plasmático e os resultados mostraram que há aumento do colesterol plasmático total, do LDL-colesterol (lipoproteína de baixa densidade), do VLDL-colesterol (lipoproteína de muito baixa densidade), da razão LDL e HDL-colesterol (lipoproteína de alta densidade), dos triglicerídeos plasmáticos totais e elevação também da glicose plasmática quando preferida a dieta rica em AGCM.

Triglicerídeos (TG) são moléculas formadas por três ácidos graxos esterificados ao glicerol e constituem a principal forma de gordura presente na dieta. Os TG podem ser formados por ácidos graxos de cadeia média (AGCM) ou de cadeia longa (AGCL). Os TG de cadeia média (TCM), contém de 6 a 12 átomos de carbono, e são encontrados na gordura do coco. Já os TG de cadeia longa, que possuem mais de 12 átomos de carbono, são encontrados nos óleos vegetais. Os AGCM são absorvidos diretamente para a corrente sangüínea e levados para o fígado, assim como a glicose, não se incorporando significativamente às lipoproteínas para serem transportados. Por isto, sua absorção e utilização são rápidas, ao contrário do que acontece com os AGCL.

O estudo, duplo cego e randomizado, selecionou 17 homens saudáveis, com atividade física de leve a moderada, sem histórico de hipertensão ou aterosclerose e sem nenhum tratamento medicamentoso. Os participantes receberam 70 g de AGCM proveniente de óleos vegetais e, em um segundo período, 70 g de ácido oléico, um AGCL, a partir de óleo de girassol. Cada período teve a duração de 21 dias, com 2 semanas de intervalo entre cada um. A dieta continha 6,4 MJ (ou 1.500 kcal), sendo 45% da energia total proveniente de gordura, 47% de carboidrato e 7% de proteína.

Os resultados mostraram que a dieta com AGCM elevou em 11% o colesterol plasmático total (p = 0,0005), 12% o LDL-colesterol (p = 0,0001), 32% o VLDL-colesterol (p = 0,08), 12% a razão LDL e HDL-colesterol (p = 0,002), 22% os triglicerídeos plasmáticos totais (p = 0,0361) e houve elevação também na glicose plasmática (p = 0,033). Não houve diferenças entre as dietas em relação ao HDL-colesterol, concentração de insulina e atividade de lipoproteínas transportadoras de colesterol e fosfolipídeo. “Portanto, dietas contendo AGCM resultam em menor benefício do perfil lipídico de maneira geral”, explicam os autores.

Referência(s)

Tholstrup T, Ehnholm C, Jauhiainen M, et al. Effects of medium-chain fatty acids and oleic acid on blood lipids, lipoproteins, glucose, insulin, and lipid transfer protein activities. Am J Clin Nutr. 2004;79(4):564-9.

Ferreira AMD, Barbosa PEB, Ceddia RB. The influence of medium-chain triglycerides supplementation in ultra-endurance exercise performance. Rev Bras Med Esporte. 2003;9(6):413-419. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1517-86922003000600006. Acessado em: 04/10/04.

Curi R, Pompéia C, Miyasaka CK, Procopio J. Entendendo a gordura: os ácidos graxos. São Paulo: Manole; 2002.
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