Momento Descontração: Enquanto isso, no supermercado…

Estamos no supermercado depois da escola. É noite. Meu plano era comprar apenas uma lâmpada.

Antes de sair do carro, aviso:
“É rápido, oK? Muito rápido porque só precisamos de uma lâmpada.”

Na porta, a filha corre na direção do último carrinho de compras que têm à frente uma “minicarroceria” de caminhão. Um menino com o pai chega na frente.

“Ah, mamãeeeeee, era o último”.
Penso em argumentar que a gente nem precisa de carrinho para carregar uma lâmpada, mas, diante do beicinho, mudo de idéia.

“Vamos ver se tem outro lá dentro”. Ela vem saltitante. Só anda saltitando. E a gente encontra o tal carrinho.

Aboletada no caminhãozinho de feira, filha vai cantarolando, jogando meio corpo pra fora da “janela”, enquanto eu vou em direção à lâmpada.
“Posso sentar no teto?”
“Pode, mas segura”.
Ela larga as mãos. Eu paro o carrinho. Quando ela segura, eu ando. Quando larga, eu paro.
“Nesse ritmo, a gente não sai daqui hoje”, reclamo.
“Ai, ta booom…”, ela diz, entredentes.

Aí resolvo comprar também umas papinhas de emergência para a neném.
“Que isso?”
“Papinha pra sua irmã”
“Papiiiiiiiinha?”, ela pergunta, com cara de nojo. “Eca”.
Está com mania de ‘eca’ agora. Tudo é “eca”.

“Aaaanda, mamãe”, ela reclama, 15 segundos depois.
“Espera um pouquinho? Só estou escolhendo”.
Ela olha para a prateleira. “Mas é tudo igual!!”.
Seguro a vontade de rir. Ela tem razão. Papinha de maçã, pêra, cenoura, legumes têm quase as mesmas cores.
“Não é não, tem papinha doce, tem papinha salgada. Olha, aqui está escrito pe-ru, nessa aqui tem ga-li-nha”.
Ela olha o rótulo. Quer aprender a ler e faz cara de quem entendeu, mas franze a testa ao olhar de novo para a gôndola.
Pensando bem, peru é uma galinha grande. Mas não polemizo.
“Aaaaaaaaaaanda, mamãeeeee…”.

No corredor seguinte…
“Compra sucrilhos, mamãe, compra? Faz tanto tempo que você não compra. Deixa eu levar para a escola depois desse dia?”
Depois desse dia, para ela, é amanhã.
Pego também um pacote de peixe congelado. E vamos para o caixa.

Ela me ajuda a colocar os produtos na esteira. E vai dizendo em voz alta.
“Papinha doce, papinha salgada…Eca!”.
A moça do caixa ri. Faz a esteira andar.
“Esse negócio andou, mamãe?”
“Sim, andou”.
“Como ela fez isso?”
“Com um pedal”.
“Pedal, onde?”
Arrependida da versão óbvia, contei uma melhor.
“Ela é uma fada disfarçada, na verdade”.
Ela me olha com cara de dúvida. Adoro quando ela desconfia das histórias absurdas.
“Vai, moça, vai, fada, puxa a papinha”, ela diz, em tom gaiato, de quem não acreditou na história.
A esteira anda de novo. Filha ri.
“Mamãe, que isso aqui?”, ela pergunta, com o dedinho no pacote gelado de peixe.
“É peixe para a gente comer”.
“Hum…mas está muito duro para eu comer assim. Que pena”.
A moça ri.
“Vai, moça, vai moça, guarda a papinha de peixe também. Eca”.

Aos 4 anos, ela ainda acredita em fadas, mas passou a desconfiar muito das papinhas.

Fonte: Época Blog - Mulher 7x7
Créditos: NutriçãoSadia. Tecnologia do Blogger.