Pacientes mantiveram perda de peso após oito anos de gastroplastia



Após oito anos de cirurgia bariátrica, estudo observou sucesso na perda de mais de 50% do peso corporal dos pacientes. Os fatores associados com estes resultados foram menor idade, maior porcentagem de massa magra após um ano da cirurgia e diminuição na ingestão energética após estes oito anos.

Os pesquisadores deste estudo acompanharam pacientes que realizaram gastroplastia redutora com bypass em Y-de-Roux para observar como foram as mudanças de peso e composição corporal após um e oito anos.

A amostra foi composta por 80 pacientes, todos do gênero feminino, e com idade média de 40 ± 10 anos. O peso médio inicial das pacientes era de 124,3 ± 21,5 kg e o IMC (índice de massa corporal) médio era de 45,9 ± 7,6 kg/m2. Oito anos após a intervenção cirúrgica as pacientes haviam perdido uma média de 30,7 ± 13,8 kg, correspondentes a 55,6% ± 22,6% do excesso de peso.

A partir do primeiro ano pós-cirurgia, 13% das pacientes perderam > 5 kg, 26% estabilizaram seu peso em uma faixa de ± 5 kg e 61% ganharam > 5 kg. Na última consulta, ou seja, no oitavo ano após a intervenção cirúrgica, 53 pacientes (67%) apresentavam um IMC <> 40 kg/m2.

A composição corporal melhorou significativamente entre as primeiras e últimas medidas. A massa livre de gordura diminuiu de 62,2 ± 10,4 kg para 52,3 ± 8,1 kg, mantendo-se dentro da faixa de normalidade. A massa gorda diminuiu em valor absoluto (de 60,4 ± 14,2 kg para 40,5 ± 12,9 kg) e em proporção ao peso corporal (de 48,9 ± 5,3 % para 42,7 ± 6,8 %). As circunferências da cintura diminuíram 17,5% (de 125,3 ± 18,4 cm para 103,3 ± 17,8 cm) e a de quadril reduziu 11% (de 137,4 ± 13,0 cm para 122,2 ± 13,8 cm).

Não houveram mudanças quanto à prática de atividades físicas, medida por um pedômetro (passos/dia) entre o início e o final do estudo.

O consumo energético era, inicialmente, de 2.271 ± 769 kcal e reduziu significativamente para 1.680 ± 506 kcal no oitavo ano após a cirurgia. As dificuldades mais relatadas pelas pacientes foram de sentirem-se “obstruídas” com o consumo de massas, arroz, pão e carne; frustração em relação às restrições dietéticas e dificuldades para mudar os hábitos alimentares. Mas também relataram como melhora a facilidade em comer menos; satisfação com o emagrecimento e diminuição no consumo de doces.

Segundo os autores, “a ingestão protéica, que era alta antes da intervenção cirúrgica (aproximadamente 1,5 g/kg de peso corporal/dia), diminuiu bastante e metade da amostra não atingiu a recomendação de 0,8 a 1,2 g de proteína/kg de peso corporal/dia. O consumo insuficiente de proteínas durante a perda de peso pode diminuir a massa muscular (um problema comum quando há perda massiva de peso) e gerar um fator de risco para o reganho de peso. Por isso, a outra parte dos pacientes que tiveram a ingestão adequada de proteína conquistaram maior perda de peso ”.

Apesar de todas as dificuldades enfrentadas durante os oito anos de acompanhamento, como dor gástrica, diarréia, inchaço, vômitos, constipação, além do sentimento de culpa quando a perda de peso corporal cessava ou aumentava etc, a maioria das pacientes (85%) declarou estar satisfeita com a intervenção cirúrgica. Porém, muitas gostariam de ter tido um suporte médico e nutricional mais intenso, com, por exemplo, consultas em grupo e aulas de culinária.

“Os resultados deste estudo reforçam a importância dos cuidados interdisciplinares para pacientes que passarão por uma cirurgia bariátrica. Embora a somente a intervenção leve a mudanças drásticas no volume de comida, isto não resolve as dificuldades encontradas pelos pacientes em termos de escolha, textura e frequência da ingestão. Muitos pacientes são indisciplinados e apresentam desordens alimentares, por esta razão, um número maior de consultas psicológicas antes e durante o tratamento pode predizer sucesso na perda de peso, além da melhora dos distúrbios alimentares e bem estar psicológico”, concluem os autores.



Referência(s)

Kruseman M, Leimgruber A, Zumbach F, Golay A. Dietary, weight, and psychological changes among patients with obesiy, 8 years after gastric bypass. J Am Diet Assoc. 2010;110(4):527-34.

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