Criado valor de referência para ângulo de fase em câncer
Texto: Dr. Rita de Cássia Borges de Castro - Nutricionista.
Pesquisadores publicaram na revista The American Journal of Clinical Nutrition a nova padronização da medida de ângulo de fase e mostraram que o percentil 5 é um preditor independente de comprometimento do estado nutricional e funcional e pior sobrevida em pacientes com câncer.
O ângulo de fase é um valor obtido pela bioimpedância elétrica (BIA), através da reactância e resistência, considerado como indicador da massa celular corpórea e pode ser utilizado como preditor da integridade da membrana celular. Diversos estudos científicos mostraram que seus valores são de grande importância prognóstica em relação à morbidade e mortalidade em diversas doenças, incluindo o câncer.
O objetivo do estudo foi padronizar o percentil 5 como valor de referência para o ângulo de fase, levando em consideração sexo, idade e IMC (índice de massa corpórea), além de multivariáveis, como função muscular, estado nutricional, qualidade de vida e sobrevida em seis meses.
Foram avaliados 399 pacientes (191 mulheres e 208 homens) com câncer, tanto tumores sólidos quanto hematológicos. Foi obtida a razão dos valores de reactância (Xc) e resistência (R), assim o ângulo de fase (AF) foi calculado a partir da seguinte fórmula:
AF = arco-tangente da reactância/resistência x 180º /Pi
Os valores de referência estratificados utilizando percentil abaixo de 5 foram comparados com a porcentagem de pacientes com ângulo de fase acima do percentil 5. Os pesquisadores calcularam os valores do ângulo de fase individualmente e padronizaram os valores de referência.
Além disso, os pesquisadores avaliaram a função muscular, através da força de preensão manual e através do pico de fluxo expiratório (teste de função pulmonar). A avaliação da qualidade de vida foi determinada através do questionário QLQ-30 da Organização Européia para Pesquisa e Tratamento do Câncer (EORTC). A avaliação do estado nutricional foi realizada através da avaliação subjetiva global (ASG) e a sobrevivência dos pacientes foi documentada após seis meses.
A média do ângulo de fase foi de 4,59o ± 1,12o e variou de 2,04o a 8,30o. Como esperado, o ângulo de fase foi ligeiramente superior nos homens (4,70o ± 1,17o) do que em mulheres (4,47o ± 1,04o, p = 0,043). Além disso, o AF foi fracamente correlacionado com o IMC (r = 0,245, p < 0,001) e inversamente correlacionado com a idade (r = -0,362, p < 0,001), apesar de ambos serem significantes. Cento e noventa e nove (47,9%) dos pacientes apresentaram ângulo de fase abaixo de 5o (percentil 5) após a normalização dos valores de sexo, idade e IMC. Entretanto, a distribuição de idade e sexo não diferiram entre os grupos com percentil abaixo de 5. Além disso, 78% dos pacientes que apresentaram ângulo de fase menor que 5o eram moderadamente ou gravemente desnutridos em comparação aos 39,1% dos pacientes com um ângulo de fase acima de 5o. Assim, os pacientes com ângulo de fase menor que a referência do percentil 5 apresentaram redução significativa do estado nutricional e funcional, redução da qualidade de vida (p < 0,0001) e maior mortalidade (p < 0,001). A padronização do ângulo de fase emergiu como um preditor significativo da desnutrição e do comprometimento do estado funcional. Foi também um forte indicador de sobrevida em seis meses e gravidade da doença (p < 0,0001). “Embora nossos resultados sejam consistentes com os resultados de outros estudos que demonstraram o potencial prognóstico do ângulo de fase, a adequação do percentual de referência do ângulo de fase como um corte simples e clinicamente relevante, não tinha sido publicado anteriormente. Além disso, a normalização do ângulo de fase com relação ao sexo, idade e IMC aumentou a seu poder preditivo”, comentaram os autores. Os pesquisadores concluíram que para a aplicação do ângulo de fase na prática clínica, utilizando o percentil 5 como referência de ponto de corte, é um método simples e com valor prognóstico relevante para a detecção de pacientes com câncer em situação de risco. Você é nutricionista? Adquira já o mais completo livro de nutrição, clique aqui.
Referência(s)
Norman K, Stobäus N, Zocher D, Bosy-Westphal A, Szramek A, Scheufele R, et al. Cutoff percentiles of bioelectrical phase angle predict functionality, quality of life, and mortality in patients with cancer. Am J Clin Nutr. 2010;92(3):612-9.
Pesquisadores publicaram na revista The American Journal of Clinical Nutrition a nova padronização da medida de ângulo de fase e mostraram que o percentil 5 é um preditor independente de comprometimento do estado nutricional e funcional e pior sobrevida em pacientes com câncer.O ângulo de fase é um valor obtido pela bioimpedância elétrica (BIA), através da reactância e resistência, considerado como indicador da massa celular corpórea e pode ser utilizado como preditor da integridade da membrana celular. Diversos estudos científicos mostraram que seus valores são de grande importância prognóstica em relação à morbidade e mortalidade em diversas doenças, incluindo o câncer.
O objetivo do estudo foi padronizar o percentil 5 como valor de referência para o ângulo de fase, levando em consideração sexo, idade e IMC (índice de massa corpórea), além de multivariáveis, como função muscular, estado nutricional, qualidade de vida e sobrevida em seis meses.
Foram avaliados 399 pacientes (191 mulheres e 208 homens) com câncer, tanto tumores sólidos quanto hematológicos. Foi obtida a razão dos valores de reactância (Xc) e resistência (R), assim o ângulo de fase (AF) foi calculado a partir da seguinte fórmula:
AF = arco-tangente da reactância/resistência x 180º /Pi
Os valores de referência estratificados utilizando percentil abaixo de 5 foram comparados com a porcentagem de pacientes com ângulo de fase acima do percentil 5. Os pesquisadores calcularam os valores do ângulo de fase individualmente e padronizaram os valores de referência.
Além disso, os pesquisadores avaliaram a função muscular, através da força de preensão manual e através do pico de fluxo expiratório (teste de função pulmonar). A avaliação da qualidade de vida foi determinada através do questionário QLQ-30 da Organização Européia para Pesquisa e Tratamento do Câncer (EORTC). A avaliação do estado nutricional foi realizada através da avaliação subjetiva global (ASG) e a sobrevivência dos pacientes foi documentada após seis meses.
A média do ângulo de fase foi de 4,59o ± 1,12o e variou de 2,04o a 8,30o. Como esperado, o ângulo de fase foi ligeiramente superior nos homens (4,70o ± 1,17o) do que em mulheres (4,47o ± 1,04o, p = 0,043). Além disso, o AF foi fracamente correlacionado com o IMC (r = 0,245, p < 0,001) e inversamente correlacionado com a idade (r = -0,362, p < 0,001), apesar de ambos serem significantes. Cento e noventa e nove (47,9%) dos pacientes apresentaram ângulo de fase abaixo de 5o (percentil 5) após a normalização dos valores de sexo, idade e IMC. Entretanto, a distribuição de idade e sexo não diferiram entre os grupos com percentil abaixo de 5. Além disso, 78% dos pacientes que apresentaram ângulo de fase menor que 5o eram moderadamente ou gravemente desnutridos em comparação aos 39,1% dos pacientes com um ângulo de fase acima de 5o. Assim, os pacientes com ângulo de fase menor que a referência do percentil 5 apresentaram redução significativa do estado nutricional e funcional, redução da qualidade de vida (p < 0,0001) e maior mortalidade (p < 0,001). A padronização do ângulo de fase emergiu como um preditor significativo da desnutrição e do comprometimento do estado funcional. Foi também um forte indicador de sobrevida em seis meses e gravidade da doença (p < 0,0001). “Embora nossos resultados sejam consistentes com os resultados de outros estudos que demonstraram o potencial prognóstico do ângulo de fase, a adequação do percentual de referência do ângulo de fase como um corte simples e clinicamente relevante, não tinha sido publicado anteriormente. Além disso, a normalização do ângulo de fase com relação ao sexo, idade e IMC aumentou a seu poder preditivo”, comentaram os autores. Os pesquisadores concluíram que para a aplicação do ângulo de fase na prática clínica, utilizando o percentil 5 como referência de ponto de corte, é um método simples e com valor prognóstico relevante para a detecção de pacientes com câncer em situação de risco. Você é nutricionista? Adquira já o mais completo livro de nutrição, clique aqui.
Referência(s)
Norman K, Stobäus N, Zocher D, Bosy-Westphal A, Szramek A, Scheufele R, et al. Cutoff percentiles of bioelectrical phase angle predict functionality, quality of life, and mortality in patients with cancer. Am J Clin Nutr. 2010;92(3):612-9.
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