Nutrição parenteral tardia beneficia paciente crítico


Pesquisadores da Bélgica publicaram na revista científica The New England Journal of Medicine (NEJM) um estudo que comprovou a eficácia da nutrição parenteral tardia em aumentar as chances de alta hospitalar, diminuir complicações e ainda foi associada com menores custos hospitalares, quando comparada com a nutrição parenteral precoce.

Os autores do estudo buscaram resolver a controvérsia sobre o momento do início da nutrição parenteral em pacientes críticos, quando as necessidades energéticas não podem ser supridas pela nutrição enteral isolada. As diretrizes europeias priorizam o início precoce da nutrição parenteral, enquanto que as diretrizes americanas e canadenses orientam o início tardio da nutrição parenteral.

Assim, os pesquisadores realizaram um estudo multicêntrico e randomizado para comparar o início precoce da nutrição parenteral (diretrizes europeias) e o início tardio (diretrizes americanas e canadenses) em adultos na unidade de terapia intensiva (UTI).

Em 2.312 pacientes a nutrição parenteral foi iniciada dentro de 48 horas após admissão na UTI (grupo precoce), enquanto que em 2.328 pacientes a nutrição parenteral foi iniciada após o oitavo dia de internação na UTI (grupo tardio). Foi aplicado um protocolo para o início precoce da nutrição enteral a ambos os grupos, sendo que a insulina foi infundida para atingir a normoglicemia, quando necessária.

As taxas de mortalidade (na UTI e hospitalar) e as taxas de sobrevida foram semelhantes nos dois grupos. No entanto, os pacientes do grupo tardio aumentaram em 6,3% a probabilidade de receber alta da UTI ( taxa de risco , 1,06; intervalo de confiança de 95% [IC], 1,00-1,13; p = 0,04) e hospitalar (taxa de risco, 1,06; 95% IC, 1,00-1,13, p= 0,04), bem como não houve evidência de diminuição do estado funcional na alta hospitalar. Além disso, os pacientes do grupo tardio, em comparação com o grupo precoce, apresentaram menos infecções na UTI (22,8% vs 26,2%, p = 0,008) e menor incidência de colestase (p < 0,001).

O grupo tardio apresentou redução relativa de 9,7% na proporção de pacientes que necessitavam de maior tempo de ventilação mecânica (p = 0,006), com redução média de três dias na duração da terapia de substituição renal (p = 0,008), além de menores custos nos cuidados hospitalares (p = 0,04).

“Em nosso estudo, embora a mortalidade não tenha sido afetada, todos os pontos primários e secundários de morbidade (como por exemplo, complicações infecciosas) indicaram que a nutrição parenteral precoce não foi benéfica. Fatores como o índice de massa corporal, grau de risco nutricional e a presença ou ausência de sepse na admissão não influenciaram os resultados, indicando que os nossos resultados têm aplicação geral”, comentam os autores.

“Concluímos que o início precoce da nutrição parenteral, para suplementar a nutrição enteral que não fornece as calorias necessárias, parece ser inferior à estratégia de adiar o início da nutrição parenteral após o oitavo dia de internação. A nutrição parenteral tardia foi associada com menos infecções, recuperação aprimorada e menores custos de cuidados com a saúde”, concluem.

Texto: Rita de Cássia Borges de Castro

Referência(s): Casaer MP, Mesotten D, Hermans G, Wouters PJ, Schetz M, Meyfroidt G, et al. Early versus Late Parenteral Nutrition in Critically Ill Adults. N Engl J Med. 2011 Jun 29. [Epub ahead of print] - Fonte: Nutritotal
Créditos: NutriçãoSadia. Tecnologia do Blogger.