Nutrição x Hipertensão
Cerca de 90 a 95% dos casos são representados por hipertensão essencial ou primária, para a qual não se pode determinar uma causa. Embora a causa seja, provavelmente, multifatorial, sabe-se, atualmente, que disfunções renais acompanham o desenvolvimento da hipertensão (COWLEY E ROMAN,1996). Os demais casos de hipertensão estão associados a uma outra doença, geralmente endócrina, sendo por isso chamada de hipertensão secundária. Dependendo da extensão e comprometimento da doença, a hipertensão secundária pode ser curada (KRAUSE, 2003).
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Define-se, de modo geral, a hipertensão como a pressão sistólica igual ou superior a 140mmHg ou a pressão diastólica igual ou superior a 90mmHg ou ambas. Segundo o VI Relatório do “Joint National Committee” sobre Prevenção, Detecção, Avaliação e Tratamento da Hipertensão Arterial, a hipertensão é classificada em estágios de acordo com o risco de desenvolvimento de CVD, como mostra a tabela abaixo.
Prevalência da pressão arterial em indivíduos adultos, com idade igual ou superior a 18 anos
| Pressão arterial, mmHg | ||
Categoria | Sistólica |
| Diastólica |
Ótima ou Ideal | <> | e | <> |
Normal | <> | e | <> |
Normal Limítrofe | 130 - 139 | ou | 85 - 89 |
Hipertensão |
|
|
|
Estágio 1 | 140 - 159 | ou | 90 - 99 |
Estágio 2 | 160 - 179 | ou | 100 - 109 |
Estágio 3 | > 180 | ou | N > 110 |
Inclui-se uma categoria Normal Limítrofe, pois os indivíduos nessa faixa apresentam um alto risco de desenvolvimento de hipertensão essencial e de DCV. O estágio 1 é o nível mais prevalente encontrado na população adulta, grupo que tem a maior probabilidade de ocorrência de infarto.
PREVALÊNCIA
No Brasil, as doenças cardiovasculares são responsáveis por 33% dos óbitos com causas conhecidas. Além disso, essas doenças foram a primeira causa de hospitalização no setor público, entre 1996 e 1999, e responderam por 17% das internações de pessoas com idade entre 40 e 59 anos e 29% daquelas com 60 ou mais anos (PASSOS; ASSIS; BARRETO, 2006).
Nos países em desenvolvimento, o crescimento da população idosa e o aumento da longevidade, associados a mudanças nos padrões alimentares e no estilo de vida, têm forte repercussão sobre o padrão de morbimortalidade. No Brasil, projeções da Organização das Nações Unidas (ONU) (2002) indicam que a mediana da idade populacional passará, de 25,4 anos em 2000 a 38,2 anos em 2050. Uma das conseqüências desse envelhecimento populacional é o aumento das prevalências de doenças crônicas, entre elas a hipertensão (PASSOS; ASSIS; BARRETO, 2006).
Conforme Passos et al. (2006), estudos de prevalência da hipertensão no Brasil, entre 1970 e início dos anos 90, revelam valores de prevalência entre 7,2 e 40,3% na Região Nordeste, 5,04 a 37,9% na Região Sudeste, 1,28 a 27,1% na Região Sul e 6,3 a 16,75% na Região Centro-Oeste.
A prevalência da hipertensão aumenta com o avanço da idade, sendo que cerca da metade da população adulta, acima de 60 anos, tem hipertensão (KRAUSE, 2003), como podemos ver na tabela abaixo.
Prevalência da Hipertensão nos diferentes grupos etários
Idade | % de hipertensos |
18 - 29 | 4 |
30 - 39 | 11 |
40 - 49 | 21 |
50 - 59 | 44 |
60 - 69 | 54 |
70 - 79 | 64 |
80+ | 65 |
O risco relativo à idade para a hipertensão é muito mais uma função de variáveis envolvendo o estilo de vida do que simplesmente a idade, o que se acredita ser passível de prevenção (STAMLER et al., 1993).
Embora os hipertensos sejam frequentemente assintomáticos, a hipertensão não é uma doença benigna. Os sistemas: cardíaco, cerebrovascular e renal são afetados pela elevação crônica da pressão arterial. A aterosclerose, uma das principais causas de doenças cardiovasculares, é um resultado direto da ação lesiva da hipertensão (SCHWARTZ at al., 1994). Segundo Krause (2003), os principais fatores de risco para o desenvolvimento da hipertensão são:
1. Pressão arterial normal limítrofe;
2. Histórico familiar de hipertensão;
3. Ancestrais afro-americanos;
4. Sobrepeso;
5. Consumo excessivo de sal;
6. Baixa atividade física;
7. Consumo de álcool.
PREVENÇÃO PRIMÁRIA
- Fatores relacionados à Dieta
O controle de fatores risco modificáveis – sobrepeso, consumo excessivo de sal, consumo de álcool, inatividade física – tem eficácia documentada na prevenção primária e controle da hipertensão (National Blood Pressure Education Program, 1993). Um estudo de 5 anos, com homens e mulheres normotensos, demonstrou que as mudanças no estilo de vida poderiam diminuir a incidência de hipertensão. Os objetivos da intervenção foram: 1. perda de 4,5 Kg ou 5% do peso corpóreo (geralmente em excesso); 2. seguir a dieta com controle de gorduras da American Heart Association; 3. reduzir a ingestão de sódio para cerca de 1800mg/dia ou menos; 4. limitar o consumo de álcool a não mais que 2 doses ao dia; e 5. estimular a atividade física, com duração de 30 minutos, três vezes por semana. A incidência de hipertensão oi de 8% no grupo sob intervenção e 19% no grupo controle (STAMLER at al., 1989).
Um outro estudo, denominado DASH (Dietary Approach to Stop Hypetension), mostrou que uma dieta rica em frutas, hortaliças, lacticínios desnatados e com baixo teor de gordura total e saturada diminui a pressão sistólica em 6 a 11 mmHg, em média (APPEL at al., 1997).
- Sobrepeso
O peso corpóreo é determinante da pressão sanguínea na maioria dos grupos étnicos e em todas as idades. O IMC superior a 27 é correlacionado ao aumento da pressão arterial (Joint National Committee, 1997). O excesso de gordura abdominal (circunferência abdominal > 86 cm para mulheres e 91 cm para homens) é associado, também, ao aumento de risco para hipertensão e outros fatores de risco para DCV (POULIOT et al., 1994).
- Consumo excessivo de cloreto de sódio
Estudos populacionais epidemiológicos sustentam que o sal tem seu papel na etiologia da hipertensão. É necessário ficar atento, portanto, à quantidade de sódio consumida. A ingestão de sal de, em média, 6g/dia (2400mg sódio/dia) tem sido recomendada como medida preventiva para a hipertensão. Este objetivo pode ser alcançado através de medidas como: cozinhar com o mínimo de sal possível, não adicionar mais sal à mesa, evitar alimentos processados e industrializados ricos em sal (KRAUSE, 2003).
Alimentos com maiores quantidades de sódio
Alimento | Porção | Teor de sódio (mg) |
Azeitona verde em conserva | 10g - 2 unidades | 210 |
Presunto defumado | 40g - 4 fatias | 539 |
Salame | 50g - 8 fatias | 943,5 |
Pizza de calabresa | 40g - 1 fatia | 1126 |
Shoyo | 16g - 1 c sopa | 871,2 |
Sopa instantanea | 18g - 1 embalagem | 710 |
Caldo de galinha | 4,75 - 1 tablete | 1014 |
Macarrão instantâneo | 85g - 1 embalagem | 2080 |
Queijo cheddar | 30g - 1 fatia | 473 |
- Consumo de álcool
Cinco a 7% da hipertensão na população é devida ao consumo de álcool. Para a prevenção do aumento da pressão arterial a ingestão de álcool deveria ser inferior a 2 drinques ao dia (720 mL de cerveja, 300 mL de vinho ou 60 mL de bebida destilada, como uísque). Nas mulheres e nos indivíduos magros, de compleição física pequena, a dose limite é de 1 drinque ao dia (KRAUSE, 2003).
- Atividade Física
Indivíduos com baixa atividade física têm 20 a 50% mais probabilidade de desenvolver hipertensão. Recomenda-se a prática de atividade física, de intensidade baixa a moderada, com duração de 30 a 45 min, em pelo menos quatro dias da semana.
TRATAMENTO
O objetivo do tratamento da hipertensão é a redução da morbidade e mortalidade por ataques, doenças cardíacas associadas à hipertensão e doenças renais.
Para um tratamento adequado da doença são necessários:
- Controle de peso;
- Praticar de 30 a 45 minutos de atividade física, na maioria dos dias da semana;
- Diminuir o consumo de bebidas alcoólicas.
- Garantir o consumo de, pelo menos, 800 mg de cálcio por dia. Tal nutriente está presente em leite e derivados.
- Restrição de sal para 6g/dia – corresponde a 2400mg de sódio/dia), através da diminuição do consumo de alimentos como: embutidos, batata chips, pickles, bolachas cream cracker, sucos e sopas e caldos – legumes, galinha ou carne – artificiais;
Caso a pressão permaneça elevada 6 a 12 meses após as mudanças no estilo de vida, a medicação anti-hipertensiva deve ser iniciada.
Seguem mais algumas dicas a fim de reduzir o consumo de sódio:
No supermercado:
- Leia os rótulos cuidadosamente. Procure um produto similar com menos sódio, para a mesma porção;
- Compre vegetais frescos e congelados sem sal adicionado. Os vegetais enlatados são ricos em sódio porque o sal é adicionado durante o processamento para conservação;
- Evite preparações instantâneas, congeladas ou enlatadas;
- Procure ervas e especiarias exóticas, que você ainda não tenha experimentado, para enriquecer seus pratos com sabor e diminuir no sal. Manjericão, tomilho, coentro, sálvia, alecrim são alguns exemplos.
Na cozinha:
- Reduza a quantidade de sal e temperos contendo sódio em suas preparações e receitas;
- Modifique a receita eliminando ou reduzindo a quantidade de sal;· Realce o sabor das receitas utilizando-se de ervas e especiarias, suco de limão, vinagre ou vinho;
- Elimine o sal que você adiciona quando cozinha macarrão e arroz;
- Use ingredientes frescos sempre que possível.
Na mesa:
- Prove a comida antes de alcançar o saleiro. Se você está realmente comprometido em diminuir o sódio, nem mesmo coloque o saleiro na mesa. Com o tempo, você não irá sentir falta do sal extra que sempre adicionou;
- Tempere os alimentos com ervas frescas, suco de limão, vinagre e outros, para melhorar o sabor;
- Use margarina sem sal;
- Cuidado com os condimentos comerciais como mostarda, catchup, molho de saladas e outros molhos;
No restaurante:
- Esteja familiarizado com os alimentos que são pobres em sódio e faça suas seleções desses itens;
- Escolha carnes grelhadas ou assadas; evite à milanesas, churrascos ou carnes com molhos;
- Fast Food são freqüentemente ricas em sódio. Evite-as ou escolha uma porção pequena;
- Solicite que todos os alimentos sejam preparados sem sal;
- Caso você coma uma refeição rica em sódio, balanceie o resto do dia com refeições pobres em sódio.
Referências Bibliográficas
APPEL LJ et al. A clinical trial of he effects of dietary patterns on blood pressure. N Engl J Med 336:1117, 1997
COWLEY, AW; ROMAN, RJ. The role of the kidney in hypertension. JAMA 275:1581. 1996
KRAUSE. Alimentos, Nutrição & Dietoterapia. 10 ed. São Paulo. Roca. 2003.
PASSOS, Valeria M. A.; ASSIS, Tiago D.; BARRETO, Sandhi M. Hipertensão arterial no Brasil: estimativa de prevalência a partir de estudos de base populacional. Epidemiologia e Serviços de Saúde, vol.15, n1. 2006.
SCHWARTZ, C.J et al. Prevention of atherosclerosis and end-organ damage: A basis fos antihypertensive interventional strategies. 1994.
STAMLER J. et al. Blood pressure, systolic and diastolic, and cardiovascular risks. Arch Intern Med 153:598. 1993.
Fonte: RGNutri
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