Festa do caqui


É tempo de CAQUI
Entre março e maio, a fruta empresta suas cores às prateleiras de supermercados, feiras e sacolões. Descubra por que essa delícia de origem chinesa não pode faltar na sua casa

Piedade, Mogi das Cruzes, Itatiba, em São Paulo, e Campina Grande do Sul, no Paraná — nos próximos meses, essas cidades abrem espaço na agenda para celebrar, cada uma ao seu estilo, a festa do caqui. Vai ter barraquinhas, exposições, leilões e até shows de música sertaneja: tudo preparado para homenagear o protagonista desta reportagem, que chegou por aqui só no final do século 19. “No ano passado, reunimos quase 60 mil pessoas”, conta Edson Nakamura, da Associação Cultural Esportiva de Piedade. Quer dizer, apreciadores da fruta não faltam. E, festividades à parte, a boa notícia para toda essa gente — e para você também, claro — é que o caqui está repleto de antioxidantes, substâncias que ajudam a manter as células do organismo saudáveis e a todo vapor. saudáveis e a todo vapor.

A constatação vem de uma área do país onde, por pura ironia, os caquizeiros não vingam — mais precisamente do Departamento de Nutrição da Universidade de Brasília. Foi lá que a nutricionista Luana Taquette Dalvi testou os efeitos do caqui tipo rama forte no combate aos radicais livres, aquelas moléculas que comprometem as células e podem desencadear um monte de problemas (conheça esse e outros tipos de caqui nos complementos da matéria).

“No laboratório, as moléculas da fruta reduziram em até 90% os danos causados em tecidos celulares”, relata a pesquisadora. Isso significa que, além de saboroso, o caqui nosso de cada outono é um possível aliado na prevenção de placas de gordura nas artérias e males como o câncer.

O benefício só é possível graças a ingredientes como os carotenoides, os pigmentos que dão o tom avermelhado à fruta. “Eles estimulam a comunicação entre as células e controlam a sua multiplicação”, explica a química Délia Rodriguez-Amaya, da Universidade Estadual de Campinas, no interior paulista. Um deles, o betacaroteno — que é o precursor da vitamina A —, afasta os problemas cardiovasculares, protege o sistema imunológico e preserva a saúde dos olhos. “Já o licopeno é mais efi ciente contra o câncer, principalmente o de próstata”, compara a professora.

Se por um lado o caqui docinho é uma tentação ao paladar dos fãs da fruta, não há como negar que, para alguns, ele fica difícil de engolir quando dá aquela sensação de língua travada. Os culpados por esse fenômeno nada agradável são os taninos, moléculas com forte poder adstringente. “Mas os caquis cheios dessa substância — como o pomelo, o rubi e o taubaté — podem ser submetidos a um processo chamado de destanização antes mesmo de amadurecerem”, conta Sérgio Massunaga, engenheiro agrônomo da Associação Paulista de Produtores de Caqui. “No caso, nós utilizamos álcool para suavizar essa sensação.” Aí, os caquis “que amarram” ficam mais palatáveis.

No entanto, antes de declarar seu ódio aos taninos, saiba que eles são capazes de botar o intestino em ordem e ainda — outra vez! — evitar a formação dos radicais livres por trás de várias doenças. Quer mais um motivo para aproveitar a temporada? “O caqui também é rico em fibras e vitamina C”, diz Luana Dalvi.

Para desfrutar de tantas virtudes, a recomendação é o consumo in natura, cru mesmo. “Em geral, carotenoides de frutas frescas são biodisponíveis, ou seja, mais bem aproveitados pelo organismo”, pontua Délia Rodriguez- Amaya, da Unicamp.

Como nenhum alimento é perfeito, o caqui tem lá sua desvantagem: a alta quantidade de glicose e frutose. “Comer uma unidade por dia é o suficiente para não exagerar”, orienta Luana. Essa porção deve ser acompanhada de uma dieta equilibrada, caprichada em outros vegetais. Portanto, nada de devorar uma caixa inteira do fruto. O excesso de açúcar pode transformar seu corpo em uma verdadeira festa do caqui — no mau sentido.

Fonte: SAÚDE! é Vital
Créditos: NutriçãoSadia. Tecnologia do Blogger.