Futuro de aves migratórias está ameaçado pela poluição

O longo voo do maçarico-de-papo-vermelho está ameaçado. A cada ano, diminui o número de aves na viagem de volta.

Um voo que atravessa o planeta, do norte ao sul. Aves que partem da região ártica, no Canadá e vão até a Argentina, completando o ciclo anual da migração. Na rotina da longa viagem pelo céu, os pássaros escolhem os lugares onde pousam para recuperar as energias.

No litoral de Icapuí, no Ceará, a água do mar recua diariamente mais de quatro quilômetros. Forma-se o banco dos cajuais, onde milhares de aves migratórias vêm se alimentar.

Quando a maré baixa, com o recuo da água, descobre uma imensa área repleta de nutrientes. Os moluscos ficam ao alcance das aves. Elas encontram o alimento predileto: mariscos, mexilhões, poliquetas e pequenos crustáceos.

Pesquisadores de Canadá, Estados Unidos, Costa Rica, Brasil e Argentina acompanham a migração, de um extremo ao outro das Américas. Eles estudam o comportamento, a evolução e o declínio das espécies. O maçarico-do-papo-vermelho desperta atenção especial dos biólogos.

"Essa espécie se reproduz no Canadá e faz um voo sem paradas até os Estados Unidos. Dos Estados Unidos ela vem até a costa Norte do Brasil e vai até a Argentina", explica o biólogo.

Mas o longo voo do maçarico-de-papo-vermelho está ameaçado. A cada ano, diminui o número de aves na viagem de volta.

A ameaça de extinção das espécies vem da poluição. A Praia do Banco dos Cajuais, o importante ponto de pouso da costa do Ceará, está cheia de lixo. Bem no meio do banco, onde as aves se alimentam, uma saída de esgoto dos viveiros de camarões, instalados bem perto da Praia de Icapuí.

"Quando se degrada alguns desses pontos, ao longo da rota migratória dessa espécie, ela não consegue repor energia suficiente para continuar a migração", diz o biólogo Caio Alves.

Vinte espécies fazem a viagem de ida e volta sobre as três Américas. Mas uma delas está no roteiro das aves que vão desaparecer.

"As previsões dizem que no ano de 2002 a 2015, a espécie vai se acabar", aponta o pesquisador Alberto Silva.

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