Radicais Livres

“Os radicais livres podem ser definidos como qualquer átomo, grupo de átomos ou molécula com um elétron não-pareado e essas substâncias são classificadas como espécie reativa de oxigênio ou de nitrogênio”, segundo VANCINI et al (2005). São formados em um cenário de reações de óxido-redução, provocando ou resultando dessas reações. Podem ceder o elétron solitário e serem oxidados; ou podem receber outro elétron e serem reduzidos (SHAMI e MOREIRA, 2004).

Os radicais livres são substâncias produzidas através de reações biológicas, tanto em processos naturais do organismo, quanto ligados à patologias, e têm seu papel nas reações bioquímicas e fisiológicas no corpo humano. (DUARTE-ALMEIDA et al, 2006).

O desequilíbrio entre a produção de radicais livres e a remoção dos mesmos pelo sistema de defesa antioxidante é chamado de estresse oxidativo (VANCINI et al, 2005).

O estresse oxidativo ocorre quando essas substâncias são produzidas em excesso devido a processos fisiológicos ou fatores ambientais, e não há antioxidantes disponíveis para combatê-las e devido a isso podem ocorrer danos moleculares às estruturas celulares e consequentemente alteração do funcionamento e prejuízo às funções vitais de órgãos e tecidos, levando à doenças como o câncer, aterosclerose, diabetes entre outras. (DUARTE-ALMEIDA et al, 2006).

Antioxidantes são substâncias que retardam a oxidação causada pelos radicais livres, inibindo-os (DUARTE-ALMEIDA et al, 2006), e por esse papel importante pode prevenir os danos causados pelos radicais livres ao organismo.

Estilo de vida inadequado e hábitos como tabagismo, etilismo e dieta inadequada e até mesmo o exercício físico realizado de forma intensa estão ligados ao estresse oxidativo.

O exercício físico intenso está associado ao estresse oxidativo devido ao aumento no consumo de oxigênio pelos tecidos e outros fatores biológicos que ocorrem durante a atividade. Esse estresse oxidativo durante o exercício físico pode levar o atleta à fadiga, danos musculares e diminuição do desempenho físico. Já o exercício regular pode resultar em aumento da capacidade antioxidante, protegendo as células contra os efeitos deletérios provocados pelo estresse oxidativo (VANCINI et al, 2005).

Segundo BARBOSA et al (2007), a peroxidação lipídica é umas das conseqüências mais estudadas do estresse oxidativo. Ela leva a uma reação nos ácidos graxos polinsaturados das membranas celulares alterando sua permeabilidade, fluidez e integridade das mesmas. Alguns micronutrientes têm função antioxidante sendo alguns minerais como o zinco, selênio e ferro, vitaminas como a A, C, B2 e E, carotenóides e bioflavonóides, sendo que um consumo aumentado da ingestão dos mesmos inibiria a peroxidação lipídica.

Atualmente há um grande interesse por parte de pesquisadores em esclarecer a influência de micronutrientes sobre o estresse oxidativo na atividade física, com a intenção de minimizar os efeitos prejudiciais do excesso de espécies reativas de oxigênio e melhorar a capacidade antioxidante dos atletas através da adequação do estado nutricional em micronutrientes (KOURY e DONANGELO, 2003).

Conforme estudo dos mesmos autores, o mecanismo de ação dos antioxidantes permite classifica-los como antioxidantes de prevenção por impedirem a formação dos radicais livres, como antioxidantes varredores por impedirem o ataque de radicais livres às células, e até mesmo antioxidantes de reparo, pois favorecem a remoção de danos à molécula de DNA e a reconstituição das membranas celulares danificadas.

“Os carotenóides, juntamente com as vitaminas, são as substâncias mais investigadas como agentes quimiopreventivos, funcionando como antioxidantes em sistemas biológicos. São corantes naturais, presentes em frutas e verduras. O licopeno aparece atualmente como um dos mais potentes antioxidantes, pois possui a maior capacidade sequestrante do oxigênio, sendo sugerido na prevenção da carcinogênese e aterogênese por proteger moléculas como lipídios, lipoproteínas de baixa densidade (LDL), proteínas e DNA” (SHAMI e MOREIRA, 2004).
O mineral zinco atua como um estabilizador das membranas celulares e proteínas estruturais e pode ser classificado como um antioxidante de prevenção, assim como o selênio (KOURY e DONANGELO, 2003), um mineral essencial presente nos tecidos do corpo, segundo PASCHOAL et al, 2003. Considera-se também que a deficiência do zinco provoca lesões oxidativas (KOURY e DONANGELO, 2003).

Os ácidos fenólicos (bioflavonóides) têm características moleculares que conferem a eles a propriedade de antioxidantes (SOARES, 2002). A vitamina E é o mais importante antioxidante lipossolúvel, pois está inserida nas membranas lipídicas e as protege contra o ataque de radicais superóxido (PASCHOAL et al, 2003).

Segundo CERQUEIRA et al (2007), a vitamina C, além de suas múltiplas funções biológicas é um potente antioxidante redutor, capaz de reduzir a maioria dos agentes oxidativos. No trato respiratório pode reagir rapidamente com poluentes do ar e fumaça de cigarro. Além de eliminar diretamente agentes oxidativos e, portanto participa do mecanismo protetor contra lipoperoxidação.



Referências

BARBOSA, E.; MOREIRA, E.A.M.; FAINTUCH, J.; PEREIMA, M.J.L. Suplementação de antioxidantes: enfoque em queimados. Rev. Nutr., Campinas, v. 20, n. 6, dez. 2007 . Disponível em http://www.scielo.br/scielo.php?
script=sci_arttext&pid=S1415-52732007000600011&lng=pt&nrm=iso Acesso em 24 abr 2009.

CERQUEIRA, F. M.; MEDEIROS, M. H. G. de; AUGUSTO, O. Antioxidantes dietéticos: controvérsias e perspectivas. Quím. Nova, São Paulo, v. 30, n. 2, abr. 2007 . Disponível em . Acesso em 24 abr 2009

DUARTE-ALMEIDA, J.M.; SANTOS, R.J., GENOVESE, M.I., LAJOLO, F.M. Avaliação da atividade antioxidante utilizando sistema β-caroteno/ácido linoléico e método de seqüestro de radicais DPPH. Cienc. Tecnol. Aliment. Campinas, abr-jun 2006. Disponível em
<> Acesso em 23 abr 2009.

KOURY, J. C.; DONANGELO, C. M. Zinco, estresse oxidativo e atividade física. Rev. Nutr., Campinas, v. 16, n. 4, dez. 2003. Disponível em http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-
52732003000400007&lng=pt&nrm=iso Acesso em 23 abr 2009.

PASCHOAL, J. J; ZANETTI, M. A.; CUNHA, José Aparecido. Suplementação de selênio e vitamina E sobre a contagem de células somáticas no leite de vacas da raça Holandesa. R. Bras. Zootec., Viçosa, v. 32, n. 6, dez. 2003 . Disponível em http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-
35982003000800029&lng=pt&nrm=iso Acesso em 24 abr 2009

SHAMI, N. J. I. E.; MOREIRA, E. A. M. Licopeno como agente antioxidante. Rev. Nutr., Campinas, v. 17, n. 2, jun. 2004 . Disponível em . Acesso em 24 abr 2009

SOARES, Sergio Eduardo. Ácidos fenólicos como antioxidantes. Rev. Nutr., Campinas, v. 15, n. 1, jan. 2002 . Disponível em . Acesso em 24 abr 2009
VANCINI, R.L., LIRA, C.A.B, ABOULAFIA, J., NOUAILHETAS, V.L.A. Radical livre, estresse oxidativo e exercício. Centro de Estudos de Fisiologia do Exercício UNIFESP. São Paulo, 2005. Disponível em <> Acesso em 24 abr 2009.

RGNUTRI
Créditos: NutriçãoSadia. Tecnologia do Blogger.