Supervitamina K, ela não pode faltar

Uma revisão de estudos prova que esse micronutriente preserva a saúde dos ossos, previne contra doenças do coração e pode até afastar tumores. E pensar que você nunca deu muita bola para ele...

por Paula Desgualdo | Revista Saúde é vital

Fale a verdade. Numa escala de 1 a 10, qual é a relevância que você dá à vitamina K na hora de escolher o que coloca no prato? Tudo bem, não precisa se justificar se o número for pequeno — até porque, provavelmente, você nem faz ideia de onde ela está. Mesmo quem vive preocupado com a alimentação não costuma erguê-la em um pedestal. Mas existe uma explicação para isso. Há alguns anos, a deficiência de vitamina K não preocupava tanto os especialistas — ora, é raro alguém estar com níveis tão baixos a ponto de apresentar sinais de sua falta.

“No entanto, hoje sabemos que, embora assintomática, a menor carência desse micronutriente já compromete a saúde”, afirma a nutricionista Silvia Cozzolino, professora da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo. Recentemente, por exemplo, descobriu- se a participação dessa vitamina na manutenção dos ossos.


Já uma pesquisa conduzida no Children’s Hospital Oakland Research Institute, nos Estados Unidos, confirma sua importância na prevenção de várias doenças. Depois de analisar centenas de artigos científicos publicados desde os anos 1970, o bioquímico Bruce Ames sugere que uma dieta capaz de garantir a quantidade recomendada de vitamina K todos os dias é uma maneira de garantir um futuro muito mais saudável. De acordo com o cientista, quem se alimenta desse jeito consegue evitar principalmente os males que surgem com a idade, como osteoporose, derrames, infartos e até mesmo câncer. “Esse trabalho traz um novo olhar sobre as consequências da insuficiência de vitamina K e deverá ser usado como uma referência mais para a frente”, acredita Ames.

O curioso vem agora: esses resultados dão força à tese que o bioquímico desenvolveu em 2006, a qual apelidou de teoria da triagem. É a ideia de que pequeníssimas privações de vitaminas, minerais, ácidos graxos e aminoácidos ao longo da vida culminam nas temidas doenças que chegam conforme o relógio biológico se adianta. Ames defende que, por um curto período de tempo, o organismo até seria capaz de suprir a ausência da vitamina K, assim como a de outros micronutrientes. Só que, em longo prazo, os detalhes fazem mesmo a diferença. Ou seja, qualquer mínimo deslize no aporte de K em um único dia seria ressentido pelo organismo. A sorte, como você verá, é que não é difícil seguir uma dieta vitaminada quando pensamos nessa letra. O nome enxuto da protagonista desta reportagem vem da palavra alemã koagulation — como dá para notar, quer dizer coagulação. A alcunha foi criada em 1929 pelo cientista dinamarquês Henrik Dam, que estudou na Áustria e na Alemanha. Naquela época, Dam já descrevia a capacidade da vitamina K de evitar hemorragias. “E essa é a sua função mais conhecida até hoje”, observa a nutricionista Lara Siqueira, da Equilibrium Consultoria em Nutrição e Bem-Estar, em São Paulo. De um simples corte no dedo até a cicatrização de machucados mais graves, é a K uma das responsáveis por estancar os sangramentos. “Ela auxilia na produção de protombina e de outras substâncias necessárias para a coagulação sanguínea”, explica Lara.

Por esse motivo, a vitamina K é uma antiga inimiga de quem sofre de trombose, a formação de coágulos indesejados no interior dos vasos. Antiga porque, agora, os médicos sabem que até mesmo esses indivíduos não podem ficar sem ela. “Reduzir seu consumo faz com que a pessoa deixe de aproveitar os benefícios do nutriente, como o fortalecimento dos ossos”, alerta Silvia Custódio, professora da Faculdade de Nutrição da Universidade Federal Fluminense, no estado do Rio de Janeiro. “O importante é controlar a ingestão de acordo com as doses recomendadas.”
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