Evolução Humana e Acompanhamento Tecnológico


"Nossos corpos, assim como os demais organismos vivos do planeta, foram moldados pela seleção natural para otimizar seu sucesso reprodutivo - e não para ter, necessariamente, saúde." Essa afirmação foi feita por Randolph Nesse, médico e professor da Universidade de Michigan, nos Estados Unidos.

Uma das questões mais colocadas pela medicina evolutiva se refere ao fato de as mudanças ambientais e comportamentais da espécie humana ocorrerem numa velocidade muito maior do que a exigida pela evolução para promover adaptações consistentes. Você já parou para pensar que a evolução humana e de todos os demais organismos vivos no planeta sofreram adaptações em milhões de anos, e que nos últimos 100 anos, as transformações nas quais o Planeta Terra passou não permitiu que os seres vivos aqui presente se adaptassem de maneira favoráveis?

Isso mesmo, a seleção natural não teve tempo hábil para revisar nossos organismos para o aparecimento do carro motorizado, da escada rolante, da televisão com controle remoto, da INTERNET. Escrevo internet em maiúsculo, pois quero enfatizar ela como a maior transformação já promovida pelo ser humano. Através dela, conseguimos ao pé da letra passar toda uma vida totalmente isolados, e ao mesmo tempo, totalmente situado de tudo que ocorre na face da Terra. Conseguimos nos atualizarmos com notícias frescas, por meio dela não precisamos mais ir ao supermercado e muito menos ao shopping comprar alimentos e produtos pessoais. Através dela não precisamos ir a um show e muito menos ao cinema, já que podemos com um simples clique baixar todos os filmes disponíveis na locadora, vídeos musicais, etc etc etc...

A seleção natural não preparou nossos organismos para o sedentarismo. Não preparou nossos corpos para aceitarem nas proporções em que nos alimentamos de comidas ricas em sódio, gordura trans, conservantes, etc, etc, etc... Estamos pagando um preço alto por isso. Você já pensou em como estamos conduzindo nossa linhagem evolutiva?

Não é difícil depois de sabermos disso, que dessa incompatibilidade toda, tenhamos desenvolvido a maior parte das doenças modernas, como a diabetes, aterosclerose, hipertensão, obesidade e alguns tipos de câncer. Reconstruir o modo como nossos ancestrais se alimentavam é fundamental para compreendermos e buscarmos o tratamento das doenças crônicas atuais. Afinal, estudos mostram o quanto a alimentação de nossos antepassados influenciou no desenvolvimento humano, na expansão de nossos cérebros, interagindo com as atividades nas quais desenvolvíamos.

Nossos antepassados eram selecionados naturalmente. Cérebros maiores teriam produzido comportamentos sociais mais complexos, gerando novas estratégias pela busca de alimento. Como conseqüência, cérebros maiores se tornaram mais energicamente exigentes. Não podemos deixar de falarmos da grande evolução ocorrida com nossos ancestrais, a descoberta e controle do fogo. O uso do fogo foi utilizado como arma de proteção e principalmente para o cozimento dos alimentos, tornando vegetais e carnes mais fáceis de mastigar, aumentando dessa maneira o conteúdo energético disponível. É sábio que os carboidratos complexos de tubérculos como a batata e a mandioca tornam-se mais digestíveis e, portanto, mais aproveitáveis do ponto de vista calórico e nutricional depois de cozidos.

É importante que saibamos que a obesidade é o grande fator de risco do século 21. Mas, e hoje, de que nos foi favorável tamanha evolução se nos dias atuais não conseguimos adequarmos nossos corpos para tamanho desenvolvimento tecnológico?

E você, o que pensa sobre a evoluão do aspecto adaptativo do corpo humano, queremos saber a sua opinião.

Texto: Vinícius Graton - nutricionista.
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