Grelina e obestatina - Qual o efeito sobre a aterogênese?


Efeito da grelina e obestatina sobre a aterogênese

A grelina é um hormônio gastrointestinal, mas também é produzida em menores quantidades no sistema nervoso central, rins, placenta e coração. Dentre suas ações encontra-se a atividade orexigênica acoplada ao controle do gasto energético. A obestatina foi descoberta a partir de estudos de bioinformática e, em seguida, foi utilizada em animais de laboratório onde observaram-se ações como supressão do apetite e controle de peso corporal. Ambos hormônios são clivados em nível pós transcricional pela pré-pró-grelina no estômago.

Cada vez mais evidências sugerem o potencial envolvimento da grelina nas doenças inflamatórias de baixo grau, tais como a obesidade e a aterosclerose. Para averiguar tais afirmações, recente trabalho utilizou modelos de cultura celular para investigar a influência tanto da grelina quanto da obestatina nos processos aterogênicos. Para tanto, foram avaliadas a adesão de monócitos e a expressão da proteina quimioatrativa para monocitos 1 (MCP-1) e de moléculas de adesão em células endoteliais bem como a ligação da LDL oxidada e LDL acetilada aos macrófagos.

O tratamento com grelina aumentou a adesão de monócitos THP-1 marcados com calceína em células endoteliais e também a expressão da MCP-1. O tratamento com grelina e o estimulo do fator de necrose tumoral–α (TNF-α) diminuiram tanto a adesão de monócitos como a expressão da molécula de adesão vascular–1 (VCAM-1) e da MCP-1. Já o tratamento com obestatina acompanhado do estimulo por TNF-α não atuou sobre a MCP-1, mas foi capaz de diminuir a expressão da VCAM–1. Além disso, a grelina e a obestatina aumentaram a ligação da LDL oxidada aos macrófagos de peritônio de camundongos, mas nenhuma mudança foi observada quanto à captação da LDL acetilada por macrofagos da linhagem J774 de camundongos.
Estes dados sugerem que a grelina pode ter propriedades pró-aterogênicas nos estágios primários da doença, fato contrário ao que ocorre nos estágios mais avançados da aterogênese diante do estímulo de TNF–α, indicando um possível efeito antinflamatório deste hormônio.

Fontes: KELLOKOSKI, E. et al. Ghrelin and obestatin modulate early atherogenic processes on cells: enhancement of monocyte adhesion and oxidized low-density lipoprotein binding. Metabolism, v.58, p.1572–1580, 2009. ROMERO, C.E.M.; ZANESCO, A. O papel dos hormônios leptina e grelina na gênese da obesidade. Revista de Nutrição. v.19, p.85-91, 2006.
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