HÁ VIDA NO IOGURTE

2006/06/05 in Pais&Filhos Rico em minerais, vitaminas e proteínas, o iogurte tem ainda a vantagem de ser um alimento vivo.

Natural, com pedaços ou polpa de frutos, aromatizado, líquido, cremoso ou sólido, magro ou gordo. São tantas as variedades de iogurte existentes quanto os benefícios que resultam do seu consumo. Dentro de cada embalagem existem entre cem a mil milhões de bactérias vivas por grama de produto. E, ao contrário de outros microrganismos, estes «trabalham» a favor do organismo humano. A Streptococcus thermophilus e a Lactobacillus bulgaricus – assim se chamam as bactérias – estimulam o crescimento uma da outra e é o produto do seu metabolismo combinado que transforma o iogurte num produto cremoso e de sabor levemente ácido. Depois de ingeridas, estas bactérias continuam a sua actividade povoando o intestino e inibindo o desenvolvimento de outros microrganismos patogénicos, prevenindo, assim, a criação de infecções intestinais. Além disso, estas bactérias são responsáveis pela redução do teor da lactose do leite permitindo que as pessoas intolerantes à lactose possam ingerir cálcio sem problemas através do iogurte.


Tudo isto faz com que o iogurte seja um pouco mais do que um alimento, como explica Ana Pires, nutricionista do Centro de Informação do Iogurte: «Os iogurtes e leites fermentados caracterizam-se por uma elevada quantidade nutricional (devido à diversidade e quantidade de nutrientes) sendo, por isso, excelentes alimentos a incluir na alimentação diária. Além da sua riqueza nutricional, são alimentos probióticos, ou seja, contêm microrganismos vivos na sua constituição que quando ingeridos oferecem benefícios para a saúde de quem os consome».
A diferença entre o iogurte e outros leites fermentados está relacionada com o tipo de bactérias adicionadas durante o processo de fabrico. O iogurte é um produto lácteo fresco, obtido pela fermentação do leite exclusivamente pelas bactérias Streptococcus thermophilus e Lactobacillus bulgaricus. O leite fermentado é também um produto lácteo fresco, mas é obtido pela fermentação do leite por outros microrganismos.

O que é um iogurte?
Nos leites fermentados adicionam-se, por exemplo, as famosas Lactobacillus casei e Bífidos activo, que têm acções e benefícios específicos e diferentes dos microrganismos utilizados no iogurte. Segundo a informação disponibilizada no site do Centro de Informação do Iogurte, a Bífidus activo é uma bactéria existente no intestino humano que actua no equilíbrio da flora intestinal, assegura o bom funcionamento e reforça a protecção do organismo contra as agressões exteriores.

Outro leite fermentado com propriedades saudáveis para o organismo é o kefir, vulgarmente conhecido como «planta do iogurte». O kefir é também um alimento probiótico obtido a partir da fermentação do leite, mas com a interferência de bactérias diferentes daquelas que originam o iogurte. Rico em proteínas, cálcio e vitamina B, atribuem-lhe também a capacidade de purificar o organismo e manter o seu bom funcionamento.

Entre os vários produtos lácteos disponíveis no mercado, existem ainda certas gamas destinadas às crianças que são muitas vezes confundidas com iogurte. É o caso dos chamados «queijinhos» que, apesar de serem muito nutritivos pelo seu considerável conteúdo em proteínas, cálcio e vitaminas, devem ser consumidos com alguma moderação, devido à quantidade de hidratos de carbono existentes na sua composição.

Só os produtos que apresentam a denominação «iogurte» no rótulo têm as características do iogurte. De fora ficam outros produtos lácteos termizados (para poderem ter uma duração mais longa), que não contêm bactérias vivas. A composição do iogurte está, inclusivamente, definida na legislação portuguesa pela portaria nº 742/92. «Existem produtos que podem parecer iogurtes mas não são. Um iogurte é um produto vivo e por essa razão tem uma data de validade relativamente curta (cerca de 30 dias) e necessita ser armazenado em frio (entre 0º e 6ºC)», esclarece Ana Pires.

A nível legal os iogurtes estão ainda classificados em magros (máximo de 0,3g de gordura/100g), meio gordos (entre 1,5 e 1,8g de gordura/100g) e gordos (mínimo de 3,5g de gordura/100g). Todos estes produtos mantêm as mesmas características do iogurte, como explica a nutricionista: «A diferença que existe entre os iogurtes magros e os restantes iogurtes é a quantidade de gordura, oferecendo os mesmos benefícios para a saúde que os outros, apenas sem gordura e com menos calorias».

Especial para as crianças
O iogurte pode ser introduzido na alimentação dos bebés entre os quatro e os seis meses, consoante a recomendação do pediatra, assumindo grande importância nas crianças por se encontrarem em fase de crescimento acelerado. No iogurte encontram-se proteínas de alto valor biológico, vitaminas e minerais essenciais ao crescimento, além de que apresenta uma excelente absorção de cálcio, sendo fundamental para a prevenção primária da osteoporose. No caso de crianças intolerantes à lactose, o iogurte é, sem dúvida, a melhor alternativa para a ingestão de produtos lácteos, porque não lhe estão associados os mesmos efeitos do leite. «O cálcio é um mineral essencial também para a formação dos ossos e dentes, mas também desempenha um papel importante no bom funcionamento dos músculos, do sistema nervoso e do sistema cardíaco. As consequências de uma deficiência de cálcio são mais marcadas quando esta ocorre nas idades de crescimento», explica Ana Pires.

Os iogurtes estão ainda indicados na prevenção e tratamento de diarreias infantis devido aos seus fermentos lácticos ajudarem a restabelecer o equilíbrio da flora intestinal.
Quanto à quantidade de iogurte que deve ser consumida diariamente, Ana Pires remete para a Roda dos Alimentos, que recomenda o consumo de duas a três porções de produtos lácteos diárias. O número de porções recomendado depende das necessidades energéticas individuais. As crianças de um a três anos devem guiar-se pelos limites inferiores e os homens activos e rapazes adolescentes pelos limites superiores. A restante população deve orientar-se pelos valores intermédios. Uma porção está definida como: uma chávena almoçadeira de leite (250 ml), um iogurte líquido ou um iogurte e meio sólido (200g), duas fatias finas de queijo (40g), meio requeijão (100g).

Ou seja, as crianças devem, pelo menos, comer dois iogurtes por dia (de 200g cada), os adultos podem comer três, incluídos, obviamente, numa alimentação variada e equilibrada.
Agora que já sabe tudo o que o iogurte pode fazer por si e pelos seus filhos, é importante não esquecer que está perante um alimento vivo e que, por isso, só mantém as suas características permanecendo em ambiente adequado. Assim, nada de deixar o iogurte fora do frigorífico, alerta Ana Pires: «A manutenção da temperatura (entre 0º e 6ºC) é essencial para que os iogurtes conservem a sua estrutura, consistência e textura, mas também para evitar alterações de sabor e qualidade do produto. Desta forma, não devemos retirá-los muito tempo antes do frigorífico. O ideal é retirá-los no momento do consumo».

Texto de Patrícia Lamúrias

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