Fome da madrugada é tratada como transtorno alimentar

Mal causa desequilíbrios no sono e no apetite, mas pouca gente busca ajuda
Acordar altas horas da madrugada e correr para atacar a geladeira. Sentir água na boca no meio da noite. Perder horas de sono pensando em um saboroso brigadeiro. Não conseguir pegar no sono antes de beliscar um delicioso quitute. Alguma dessas situações é familiar para você? Então é melhor começar a prestar atenção em como anda seu sono e seu humor.

Atitudes que parecem inofensivas não só põem o regime a perder como podem estar relacionadas com problemas que vão muito além da perca de peso. O mal, descoberto em 1955 e conhecido como a Síndrome da Fome Noturna, precisa de tratamento e merece uma atenção especial.

O grupo de risco é enorme e atinge homens e mulheres entre 20 e 30 anos, mas é entre as pacientes do sexo feminino que os estragos são maiores. "A fome (3988) da madrugada é considerada um transtorno alimentar quando combinada ao desequilíbrio do sono e do humor. Geralmente, eles são causados por stress e disfunções de substâncias secretadas no cérebro: a leptina e a melatonina", afirma a nutricionista do Instituto Saúde Plena, Daniela Cyrulin. A leptina age no centro de fome e saciedade, já a melatonina é responsável pela manutenção do sono.

Sem marcar hora, a fome aparece no meio da noite (entre 20h e 6 horas da manhã) e não deixa que sono continue. "A vontade de comer é tanta que é impossível não levantar da cama, passo horas tentando pegar no sono e evitando ir até a cozinha, mas sempre acabo cedendo. Eu sei que não estou com fome, e sim com vontade de comer. Mesmo assim, não consigo evitar", diz a professora de literatura Margarida de Oliveira.

Mas, nada de pânico. A situação pode ser facilmente ajustada quando um especialista entra em ação. "Terapia, exercícios e, em último caso, os remédios para diminuir a ansiedade são empregados no tratamento. O problema é que as pessoas não reconhecem isso como uma síndrome e acabam deixando a situação se prolongar por anos", diz a nutricionista.

No regime

A síndrome oferece diversos riscos para a saúde e para o regime. "A doença é considerada inimiga das dietas (3727), podendo até mesmo levar a obesidade, já que as pessoas acometidas por esta síndrome consomem muitas calorias durante a noite (cerca de 50% do total de calorias que são consumidas durante todo o dia) e comem principalmente alimentos como frituras e doces, muito calóricos. Assim, os riscos de adquirir diversas doenças ligadas à má alimentação, como gastrite, também crescem".

O principal problema que envolve a fome da madrugada está relacionado com o desconhecimento dela. "Quando a pessoa não percebe que está enfrentando um problema de saúde ela deixa a síndrome virar um ciclo vicioso, causando falta de fome pela manhã, longos períodos de jejum durante o dia, falta de energia e alterações de humor. Tudo isso contribui ainda mais para a fome no meio da noite",explica Daniela Cyrulin.

Solução

Procurar ajuda nos primeiros sinais de fome no meio da madrugada é a melhor solução para evitar doenças e ainda colaborar com o regime. "Recomendo às pessoas que sofrem com esta síndrome o acompanhamento de uma equipe multidisciplinar, ou seja, médico, terapeuta e nutricionista. A evolução do tratamento depende da reeducação alimentar e de mudanças de comportamento", finaliza a nutricionista.
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