DPOC e Alimentação

A doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) é uma enfermidade respiratória, que se caracteriza pela presença de obstrução crônica do fluxo aéreo, que não é totalmente reversível. A obstrução do fluxo aéreo é geralmente progressiva e está associada a uma resposta inflamatória anormal dos pulmões à inalação de partículas ou gases tóxicos, causada primariamente pelo tabagismo (II CONSENSO BRASILERIO SOBRE DOENÇA PULMONAR OBSTRUTIVA CRÔNICA -DPOC – 2004).

Nas últimas décadas, a prevalência da doença pulmonar obstrutiva crônica tem aumentado progressivamente (KNORST, 2001). Os dados de prevalência para o Brasil, obtidos até o momento, são de questionário de sintomas, que permitem estimar a DPOC em adultos maiores de 40 anos em 12% da população, ou seja, 5.500.000 indivíduos com DPOC (II CONSENSO BRASILERIO SOBRE DOENÇA PULMONAR OBSTRUTIVA CRÔNICA -DPOC – 2004).

A DPOC é uma das principais causas de morte em todo o mundo, sendo o tabagismo responsável por mais de 90% dos casos. A doença também pode ser provocada pela inalação persistente da fumaça gerada pela queima da lenha, utilizada em fogões domiciliares. Uma causa rara é a deficiência congênita de uma proteína denominada alfa-1 antitripsina, que normalmente está presente nos pulmões (Associação Brasileira de Portadores de DPOC, 2008).

Um fator que é extremamente importante, mas que muitas vezes não é lembrado pela maioria das pessoas que possuem problemas no pulmão, é o cuidado com a NUTRIÇÃO.
Pacientes com DPOC geralmente apresentam perda de peso no decorrer da doença. Deve-se levar em consideração diversos fatores como: tosse, fadiga, dispnéia,anorexia, e medicamentos (EXEL, et al, 2007).

Além disso, estudos recentes sugerem que o aumento de mediadores inflamatórios pode alterar o metabolismo da leptina em pacientes com DPOC, contribuindo para a perda de peso (CREUTZBERG, 2003). A leptina que é um hormônio sintetizada pelo tecido adiposo e desempenha um importante papel no metabolismo energético. Este hormônio representa um sinal para o cérebro e para os tecidos periféricos e regula a ingestão alimentar, o gasto energético basal e o peso corporal ( FERNANDEZ; BEZERRA, 2007).

Uma nutrição adequada em termos quantitativos e qualitativos é de fundamental importância no tratamento da DPOC. A recomendação para pacientes com DPOC mais tradicional é uma dieta hiperlipídica, hipoglicídica e normoproteíca. O alto teor de gordura e o baixo teor de carboidrato tem por objetivo minimizar a produção de dióxido de carbono (CO2). Os altos níveis de CO2 podem representar complicações aos pacientes em ventilação mecânica (EXEL, et al, 2007).

Porém atualmente a recomendação sugerida é normoproteica ( 15 a 20%), normoglicídica ( 50 60%), e normolipídica ( 25 a 30%) para pacientes com o peso adequado. O maior cuidado é manter o estado nutricional. Portanto, uma avaliação individual e o acompanhamento do nutricionista é de grande importância para estipular qual a melhor recomendação para cada paciente.

Além de uma composição adequada de proteínas, carboidratos e lipídeos são evidentes que as vitaminas e minerais nas quantidades recomendadas devem ser incluídas na terapia nutricional desses pacientes. Níveis normais de magnésio e cálcio são necessários à manutenção normal da estrutura e função do pulmão. O magnésio, que compete com o cálcio em sua ação na contração da musculatura lisa, pode exercer uma função regulatória na atividade dos brônquios (WAITZBERG, 2002).

Quando a alimentação não é suficiente, os resultados podem ser indesejáveis como: perda de peso pela dificuldade crônica em respirar (dispnéia); diminuição da força dos músculos respiratórios; diminuição da resistência a infecções e diminuição da resposta de defesa dos pulmões a baixos níveis de oxigênio. Por outro lado, quando se apresenta o peso elevado aumenta o trabalho de seu coração e pulmões para fornecer oxigênio para todas as áreas do corpo. Além do mais, excesso de gordura na área abdominal deprime o diafragma, tornando difícil a expansão do pulmão. A perda de peso proporcionará o aumento da massa muscular. Isso facilita a respiração e a pessoa se sentirá mais saudável e com mais energia . (WAITZBERG, 2002).

Abaixo segue algumas dicas para melhorar os sintomas da DPOC:

Anorexia

Ter alimentos favoritos disponíveis.


Tentar aumentar o número de refeições e lanches durante o dia.


Adicionar margarina, manteiga, maionese ou
outros molhos para aumentar o teor


energético das refeições.



Saciedade precoce

Ingerir comida com alto teor energético em primeiro lugar.


Limitar líquidos durante as refeições, beber apenas
uma hora após as refeições.


Comidas frias podem produzir menor sensação de
plenitude que comidas quentes.



Dispnéia

Repousar antes das refeições.


Usar broncodilatadores antes das refeições.


Realizar higiene brônquica antes das refeições, se necessário.


Comer lentamente.


Usar respiração com lábios semicerrados, entre bocados.





Cansaço

Repousar antes das refeições.


Ter refeições de preparo fácil e rápido para os períodos
de maior cansaço ou de piora da doença.


Sugerir ao paciente que tente comer refeições
maiores quando está menos cansado



Empachamento

Tratar os períodos de falta de ar o mais breve
possível para evitar deglutição de ar.


Ingerir refeições menores e mais freqüentes.


Evitar alimentos que levam à formação de gases.


Evitar comer rapidamente.



Constipação

Instruir o paciente a ingerir alimentos com alto teor de fibras

Fonte: Adaptado ROGERS & DANAHOE, 1996.

Portanto, para garantir uma qualidade de vida para os pacientes com DPOC, é importante conciliar a alimentação, o tratamento e atividade física para diminuir os sintomas e retardar o estresse oxidativo.

Referências Bibliográficas

Associação Brasileira de Portadores de DPOC. Acesso em: 20/10/2008. Disponível em: http://www.dpoc.org.br.
CREUTZBERG, E. Leptin in relation to systemic inflammation and regulation of the energy metabolism in chronic obstructive pulmonary disease. In: Wouters EFM. Nutrition and metabolism in chronic respiratory diseases, p.56-67, 2003.
II Consenso Brasileiro sobre Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica - DPOC – 2004. Jornal Brasilerio de Pneumologia, v. 30, n.5, 2004.

FERNANDES, A.C; BEZERRA, O.M.P.A. Terapia nutricional na doença pulmonar obstrutiva crônica e suas complicações nutricionais. Jornal Brasileiro de Pneumologia, n.5, v.32, 2007.
EXEL, et al. Terapia Nutricional em Pneumologia.In: Silva & Mura. Tratado de Alimentação Nutrição e Dietoterapia. São Paulo: Roca; 2007. p840-847.
WAITZBERG,D.L; GAMA-RODRIGUES, J. CORREIA, MITD. Desnutrição hospitalar no Brasil. In: Waitzberg DL. Nutrição oral, enteral e parenteral na prática clínica. 3a ed. São Paulo: Atheneu; 2000. p.385-97.
ROGERS, R.M; DONAHOE, M. Nutrition in pulmonary rehabilitation. In: Fishman AP, ed. Pulmonary Rehabilitation. First ed. New York: MarcelDekker, Inc, 1996:543-64.


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