Consumo de feijão beneficia perfil antropométrico

Estudo americano verificou que consumidores de alimentos do grupo das leguminosas, como o feijão, demonstraram ter uma dieta mais rica em minerais e fibras, e com menos gordura do que os não consumidores desses alimentos, apresentando peso corporal e circunferência da cintura menores.

O trabalho foi realizado a partir da coleta dos dados de pouco mais de oito mil americanos de 20 anos ou mais, de ambos os sexos. Todos participaram de uma pesquisa nacional de saúde e nutrição (National Health and Nutrition Examination Survey – NHANES) entre os anos de 1999 e 2002. Após a análise do recordatório alimentar de 24 horas, os participantes foram divididos em quatro grupos:

1. 168 que consumiam feijões cozidos (BB, do inglês baked beans);
2. 750 que consumiam feijões variados (VB, do inglês variety beans);
3. 915 que consumiam feijões cozidos e/ou variados (VBBB, do inglês variety bean and/or baked bean);
4. O restante da população não consumia feijões (grupo controle).

O que determinou a classe dos feijões foi o próprio protocolo do NHANES, onde os BB eram as comidas que continham um tipo de feijão típico em sua composição e, VB, outras espécies da mesma leguminosa.

Os fatores de risco analisados foram: pressão sanguínea elevada (pressão sistólica ≥ 130 mmHg e pressão diastólica ≥ 85 mmHg); lipoproteína de baixa densidade (LDL) ≥ 100 mg/dl; triglicerídeos ≥ 150 mg/dl; glicose sanguínea de jejum ≥ 110 mg/dl; circunferência da cintura (CC) ≥ 102 cm para os homens e ≥ 88 cm para as mulheres; sobrepeso e obesidade, considerando-se um índice de massa corporal (IMC) ≥ 25 e ≥ 30 Kg/m2, respectivamente.

Os resultados mostraram semelhanças entre os três primeiros grupos. Ao analisarem o grupo BB, os autores observaram que este grupo consumiu mais nutrientes, como carboidratos, fibras alimentares, magnésio, potássio, sódio, ferro, zinco e cobre, e menos gorduras totais, quando comparado às pessoas que não incluíram feijão na dieta. Por outro lado, os consumidores de BB utilizaram mais açúcar de adição. A vitamina B12 foi o único nutriente significativamente mais baixo no grupo BB do que no grupo controle. Os consumidores de BB apresentaram valores de pressão sistólica mais baixos do que os não consumidores de feijão, mesmo ingerindo maiores quantidades de sódio. Em relação aos fatores de risco analisados, não houve diferenças significativas entre o grupo controle e BB.

Similarmente ao grupo BB, os VB também consumiram mais nutrientes do que o grupo controle. Fibras alimentares, magnésio, potássio, fósforo, ferro, cobre e folato aparecem em maior quantidade e, contrariamente, as gorduras totais, em especial as saturadas, vitaminas A e B12 apareceram menos na dieta do grupo VB do que no grupo controle.

Os VB apresentaram menores valores de peso e CC, assim como faziam menos uso do açúcar de adição do que os controles. Não houve diferenças significativas entre os outros fatores de risco. Estes resultados foram igualmente observados quando se comparou o grupo VBBB ao grupo controle, exceto pela pressão sistólica, que se apresentava mais baixa nos consumidores de VBBB.

Tratando-se do consumo dietético de VBBB, observou-se uma menor ingestão de gorduras totais, gorduras saturadas, riboflavina, niacina, vitaminas B12 e A, e um maior consumo de carboidratos, fibras alimentares, folato, potássio, fósforo, magnésio, ferro, cobre e zinco, em comparação com o grupo controle.

“A associação observada a respeito da dieta e da pressão sanguínea pode ter sido atribuída à ingestão do potássio, proteínas e fibras alimentares que os feijões contêm”, dizem os autores. E ainda “a relação favorável referente ao peso pode estar ligada às fibras solúveis e insolúveis presentes nos feijões. Alimentos com altas concentrações de fibras tendem a aumentar o esforço despendido à mastigação, resultando, na maioria das vezes, em maior saciedade e menor consumo. Adicionalmente, as fibras solúveis retardam a digestão, fazendo com que haja maior contato dos nutrientes com a parede intestinal e, consequentemente, maior absorção”.

Segundo o estudo, o feijão possui um baixo índice glicêmico. Contrariamente, alimentos que possuem um alto índice glicêmico provocam aumento de insulina no sangue. Vale lembrar que o processo de armazenamento de gordura corporal é regulado através da ação da insulina. Estados de hiperinsulinemia promovem ganho de peso.


Referência(s)
Papanikolaou Y, Fulgoni VL. Bean consumption is associated with greater nutrient intake, reduced systolic blood pressure, lower body weight, and smaller waist circumference in adults: results from the National Health and Nutrition Examination Survey 1999-2002. Journal of the American College of Nutrition. 2008;27(5):569-76.

Data: 27/02/2009
Autor(a): Iara Waitzberg Lewinski
Fotógrafo: Camila G. Marques
Fonte: NutriTotal
Créditos: NutriçãoSadia. Tecnologia do Blogger.