Você Conhece a “Inulina”?
Atualmente existe um grande interesse por alimentos que sejam, ao mesmo tempo, saudáveis, nutritivos e saborosos (THAMER, PENNA, 2005). Por isso observamos um aumento no consumo de alimentos funcionais, considerados aqueles que além de fornecerem a nutrição básica, promovem a saúde (SAAD, 2006). Dentre esses alimentos estão os prebióticos, que exercem funções benéficas ao intestino e outros benefícios obtidos indiretamente, que são descritos durante o texto.
A inulina é um prebiótico e por isso é considerado como um ingrediente funcional, uma vez que exerce influência sobre processos fisiológicos e bioquímicos no organismo, resultando em melhoria da saúde e em redução no risco de aparecimento de diversas doenças (ROBERFROID, 2007). É uma fibra solúvel e fermentável, fornecendo substrato para as bactérias benéficas e já está sendo utilizada há vários anos em produtos comerciais (PUUPPONEN-PIMIA, 2002). Seu consumo diário médio estimado está entre 3 e 11 g na Europa e entre 1 e 4 g nos Estados Unidos. As fontes alimentares mais comuns são o trigo, cebola, banana, alho e alho-porro (ROBERFROID, 2007).
Inulina e indústria de alimentos
A inulina possui propriedades similares às do açúcar e de xaropes de glicose, apresentando 30 a 50% do poder adoçante. Por isso é freqüentemente utilizada em conjunto com edulcorantes de alto poder adoçante, para substituir o açúcar. Também é utilizada para dar consistência a produtos lácteos, maciez a produtos de panificação, diminuir o ponto de congelamento de sobremesas congeladas, conferir crocância a biscoitos com baixo teor de gordura e atuar como ligante em barras de cereais (SAAD, 2006).
Inulina e seus benefícios à saúde
A microbiota intestinal exerce influência considerável sobre uma série de reações bioquímicas e absorção de nutrientes. Quando em equilíbrio, impede que microrganismos patogênicos exerçam seus efeitos prejudiciais (ZIEMER, 1998). Quando em desequilíbrio pode causar alterações como a diarréia (associada a infecções ou ao tratamento por antibióticos), a alergia alimentar, doenças inflamatórias intestinais (ISOLAURI, 2004). Com o conhecimento da microbiota intestinal e suas interações, surgiram estratégias alimentares visando o beneficio deste equilíbrio. O consumo adequado de alimentos prebióticos pode aumentar o número de microrganismos promotores da saúde no trato gastrintestinal (SAAD, 2006).
Alguns estudos experimentais indicam a aplicação da inulina como fator bifidogênico, o que significa uma estimulação das bactérias benéficas que auxiliam a imunidade, induzindo assim uma redução nos níveis de bactérias patogênicas no intestino, um alívio da constipação, uma redução do risco de arteriosclerose através da diminuição na síntese de triglicérides e ácidos graxos no fígado e diminuição do nível desses compostos no sangue e uma diminuição do risco de osteoporose resultante da absorção diminuída de minerais, particularmente o cálcio (SAAD, 2006; ROBERFROID, 2007).
Outro beneficio é o seu efeito sobre a glicemia e a insulinemia que, como ocorre no caso de outras fibras, a inulina interferirá na absorção de macronutrientes, especialmente de carboidratos, sendo assim um bom aliado aos diabéticos (ISOLAURI, 2004).
Inulina e câncer
O câncer é uma doença de origem multifatorial, definida como um crescimento anormal e descontrolado das células do nosso organismo. Sendo assim a sua prevenção é uma grande preocupação no campo da ciência, uma vez que recentemente foi apontada como a primeira causa de mortalidade no mundo (WORLD CANCER RESEARCH FUND, 1997).
Estudos demonstraram que a administração de inulina na dieta de ratos suprimiu significativamente o número de focos de criptas aberrantes (um marcador pré-neoplásico) no cólon, quando comparado à dieta controle. Sugere-se o potencial para suprimir a carcinogênese no cólon e essa prevenção provavelmente ocorre através da modificação da microbiota do cólon retardando o esvaziamento gástrico e/ou diminuindo o tempo de trânsito no intestino delgado (SAAD, 2006).
Qual o consumo adequado?
Para garantir um efeito esperado, a inulina, assim como outros prebióticos, deve ser ingerida diariamente. Alterações favoráveis na composição da microbiota intestinal foram observadas com doses de 5 a 20 g de inulina e/ou outro prebiótico, geralmente com a administração durante o período de 15 dias. (SAAD, 2006). Em altas doses desses compostos pode apresentar o risco teórico de aumentar a diarréia em alguns casos (devido ao efeito osmótico).
Um trabalho realizado em 2005 (FREITAS, 2005) demonstrou o efeito prebiótico de frutooligossacarídeos em suco misto, foi observado também o aumento na contagem de bifibobactérias, que ocorreu no grupo de ratos alimentados com dieta contendo 4,5% de prebióticos.
Um estudo feito com a ingestão de baixo nível inulina em humanos por três semanas, concluiu que 5g/dia de estimula seletivamente o crescimento de bifidobactérias (SILVEIRA, 2008).
Referências
FREITAS, D.G.C.; JACKIK, M.N.H. Efeito da bebida adicionada de frutoligosacarídeo e pectina no nível de colesterol e estimulação de bifibobactérias em hamsteres hiper colesterolêmicos. Braz J Food Technol, vol.8, n.1, pag. 81-6, 2005.
ISOLAURI, E.; SALMINEN, S.; OUWEHAND, A.C. Probiotics. Best Pract Res Clin Gastroenterol, v.18, n.2, p.299-313, 2004.
PUUPPONEN-PIMIÄ. Development of functional ingredients for gut health. Trends Food Sci. Technol., vol.13, p.3-11, 2002.
ROBERFROID, M.B.Inulin-Type Fructans: Functional Food Ingredients. J. Nutr. vol.137, p. 2493-502S, 2007.
SAAD, S.M.I. Probióticos e prebióticos: o estado da arte. Revista Brasileira de Ciências Farmacêuticas, vol.42, n.1, 2006.
SILVEIRA, K.C. Bebida à base de flocos de abóbora com inulina:características prebióticas e aceitabilidade. Rev Nutr Campinas vol.21, n.3, p., 267-76, 2008.
THAMER, K. G.; PENNA, A. L. B. Efeito do teor de soro, açúcar e de frutooligossacarídeos sobre a população de bactérias lácticas probióticas em bebidas fermentadas. Rev Bras Ciênc Farm, vol.41, n.3, p.393-400, 2005.
ZIEMER, C.J.; GIBSON, G.R. An overview of probiotics, prebiotics and synbiotics in the functional food concept: perspectives and future strategies. Int. Dairy J, v.8, p.473-9, 1998.
World Cancer Research Fund. Food, nutrition and prevention of cancer: A global perspective. Washington: American Institute for Cancer Research, p.35-71, 508-40, 1997.
FONTE: RGNUTRI
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