Ferro
O ferro é um mineral fundamental para que as células mantenham seu bom funcionamento. Ele é essencial ao transporte de oxigênio, síntese de DNA e metabolismo energético. Um indivíduo adulto saudável tem em seu organismo de 4 a 5 gramas de ferro, sendo que cerca de 2,5 gramas na forma de hemoglobina (GROTTO, 2008).
Segundo GALANTE et al (2007), o ferro na hemoglobina transporta oxigênio para o músculo em atividade. Como componente da mioglobina, atua como fixador do oxigênio nas fibras musculares cardíacas e músculo esquelético, para proteger de lesão muscular durante os períodos da privação de oxigênio.
A deficiência de ferro pode levar a conseqüências como anemia ferropriva, porém o excesso desse mineral é extremamente nocivo aos tecidos (GROTTO, 2008).
Os sintomas clínicos da anemia ferropriva são fraqueza, palidez, tontura, irritação, cansaço, falta de ar e falta de apetite devido ao comprometimento de transporte de oxigênio aos tecidos. A deficiência de ferro pode ainda acarretar alterações deletérias significativas ao sistema imunológico (PINTO, 2008).
Já o ferro em excesso pode gerar espécies reativas de oxigênio levando a produção de radicais livres, causando danos ao DNA, prejudicando a síntese de proteínas, prejudicando a integridade celular (MACHADO et al, 2005).
O governo brasileiro implantou em junho de 2004 o Programa de Fortificação de Farinhas de Trigo e de Milho com Ferro e Ácido Fólico (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2002) com a finalidade de suprir as recomendações nutricionais e minimizar a deficiência de ferro, e assim erradicar a anemia dentre os problemas de saúde pública (SATO et al, 2007).
Metabolismo
GROTTO (2008) afirma que o ferro é absorvido pelo duodeno, que apresenta vilosidades que aumentam essa absorção. O ferro fica estocado nas células do fígado, baço e medula óssea. Segundo GALANTE et al (2007) a absorção de ferro é determinada pela necessidade de ferro individual, ou seja, a absorção é regulada pelo estoque corporal de ferro em indivíduos saudáveis.
Existem duas formas de ferro provenientes da dieta: o ferro ferroso, também conhecido como ferro heme, e o ferro férrico, chamado de ferro não heme. O ferro ferroso é melhor absorvido do que o ferro na sua forma férrica. A absorção deste é muito limitada. Alguns elementos químicos como o ácido ascórbico pode transformar o ferro férrico em ferroso, aumentando assim sua absorção (DOUGLAS, 2002).
A aquisição do ferro da dieta na forma heme corresponde a 1/3 do total e é proveniente da quebra da hemoglobina e mioglobina contidas na carne vermelha. Ovos e laticínios fornecem menor quantidade dessa forma de ferro, que é melhor absorvida do que a forma não heme, encontrados em alimentos de origem vegetal (GROTTO, 2008).
Segundo o mesmo autor, o ferro é transportado no plasma pela transferrina, uma glicoproteína secretada pelo fígado. A transferrina solubiliza o ferro e facilita a sua liberação para as células. A capacidade de transporte da transferrina geralmente é limitada, e quando a capacidade de ligação com o ferro está saturada ocorre a existência de ferro livre no plasma, contribuindo para o dano celular nos casos de excesso deste mineral. O organismo não possui um mecanismo específico para eliminar o excesso de ferro absorvido ou acumulado após a reciclagem do ferro pelos macrófagos. Assim, o controle do equilíbrio do ferro requer uma comunicação entre os locais de absorção, utilização e estoque. Essa comunicação é feita pela hepcidina, um hormônio peptídeo circulante recentemente descrito que teria um papel regulatório fundamental na homeostase do ferro, coordenando o uso e o estoque do ferro com a sua aquisição.
Normalmente o ferro é eliminado do organismo pelas secreções corpóreas, descamação das células intestinais e epidermais ou sangramento menstrual (DOUGLAS, 2002).
Biodisponibilidade
GALANTE et al (2007) aponta que na dieta comum pode ser encontrada uma variedade de substâncias que podem afetar a biodisponibilidade deste mineral, ou seja, substâncias que podem interferir na absorção do ferro pelo organismo. Existem tanto componentes facilitadores, como o ácido ascórbico, que é facilmente encontrado em frutas cítricas e vegetais, que aumenta a absorção do ferro não heme, como diminuidores da absorção de ferro como:
- taninos – chás, cafés, ervas e vinho tinto
- fitatos – as principais fontes são as amêndoas, amendoim, feijão branco, cereais e soja, inibe o ferro não heme
- oxalatos – é encontrado no espinafre, chocolate, cacau e beterraba
- cálcio – presente no leite e nos derivados, inibe ferro heme e não heme.
A vitamina A pode aumentar a absorção de ferro, já que ela inibe a ação de fitatos e polifenóis por se ligar ao ferro durante o processo digestivo (GALANTE et al, 2007).
Recomendações
Segue abaixo recomendação de ferro (mg) diária para cada indivíduo:
Sexo/idade | Recomendação diária de ferro (mg) | |
Crianças | ||
1 a 3 anos | 7 | |
4 a 8 anos | 10 | |
Homens | ||
9 a 13 anos | 8 | |
14 a 18 anos | 11 | |
19 anos em diante | 8 | |
Mulheres | ||
9 a 13 anos | 8 | |
14 a 18 anos | 15 | |
19 a 50 anos | 18 | |
51 anos em diante | 8 |
Fonte: DRI, 2001
Fontes alimentares
Segue tabela com alguns alimentos e a quantidade de ferro em 100g do alimento:
Alimento (100g) | Ferro (mg) |
Fígado de frango | 9,5 |
Coração de frango | 6,5 |
Fígado bovino | 5,8 |
Azeitona preta em conserva | 5,5 |
Castanha de caju | 5,2 |
Sardinha em conserva | 3,5 |
Ovo de codorna inteiro | 3,3 |
Agrião | 3,1 |
Amêndoa | 3,1 |
Patinho | 3 |
Gema de ovo de galinha | 2,9 |
Contra-filé | 2,8 |
Acém | 2,7 |
Lentilha | 1,5 |
Feijão carioca | 1,3 |
Atum fresco | 1,2 |
Alface crespa | 0,4 |
Filé de frango (peito) | 0,3 |
Fonte: Tabela Brasileira de Composição dos Alimentos - TACO
Nota:
Para atletas a importância do ferro está relacionada também com o rendimento esportivo. A deficiência deste mineral pode levar a fadiga, sonolência, falta de concentração causada pela anemia, diminuindo o rendimento. Atletas do sexo feminino podem estar mais suscetíveis à carência de ferro, especialmente em dietas com restrição calórica causando osteopenia, osteoporose, anemia, amenorréia e provocando queda do desempenho em treinamentos (VIEBIG e NACIF, 2007).
Referências
DIETARY REFERENCE INTAKES (DRI). Recommended Intakes for Individuals, Elements. 2001.
DOUGLAS, C.R. Necessidades minerais. In: Tratado de fisiologia aplicado à nutrição. 1ed. Robe. São Paulo, 2002. cap. 7, p. 136-137.
GALANTE, A.P.; NOGUEIRA, C.S.; MARI, E.T.L. Biodisponibilidade de minerais. In SILVA, S. M. C. S.; MURA, J. D. P. Tratado de alimentação, nutrição e dietoterapia. 1.ed. Roca. São Paulo, 2007. cap. 5, p. 107-110.
GROTTO, Helena Z. W.. Metabolismo do ferro: uma revisão sobre os principais mecanismos envolvidos em sua homeostase. Rev. Bras. Hematol. Hemoter., São Paulo, v. 30, n. 5, out. 2008 . Disponível em
MACHADO, A.A.; IZUMI, C.; FREITAS, O. Molecular basis of iron absorption. Alim. Nutr., Araraquara, v.16, n.3,p. 293-298, jul./set. 2005. Disponível em < http://200.145.71.150/seer/index.php/alimentos/article/viewFile/483/449>. Acesso em 6 mai 2009.
MINISTÉRIO DA SAÚDE (BR). Agência Nacional de Vigilância Sanitária [homepage na Internet]. Resolução RDC Nº 344 de 13 de dezembro de 2002: regulamento técnico para a fortificação das farinhas de trigo e das farinhas de milho com ferro e ácido fólico. Diário Oficial da União, 18 Dez 2002. Disponível em
<http://e-legis.anvisa.gov.br/leisref/public/showAct.php?id=1679&word=RDC>.
Acesso em 06 mai 2009.
PINTO, G.M. Deficiência de ferro: resistência ou suscetibilidade a infecções? Rev Med de Minas Gerais. Ouro Preto, v. 18(3). P. 191-196, 2008. Disponível em < http://www.medicina.ufmg.br/rmmg/index.php/rmmg/article/viewFile/26/21 >. Acesso em 6 mai 2009.
SATO, A.P.S.; FUJIMORI, E.; SZARFARC, S.C.; SATO, J.R., BONADIO, I.C.. Prevalência de anemia em gestantes e a fortificação de farinhas com ferro. Texto contexto - enferm., Florianópolis, v. 17, n. 3, set. 2008 . Disponível em http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-07072008000300008&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em 06 mai 2009.
Tabela Brasileira de Composição de Alimentos (TACO). Núcleo de Estudos e Pesquisa em Alimentação (NEPA), UNICAMP. v.2. 2.ed. Campinas, 2006.
VIEBIG, R.F.; NACIF, M. A. L. Nutrição aplicada à atividade física e ao esporte. In: SILVA, S. M. C. S.; MURA, J.D.P. Tratado de alimentação, nutrição e dietoterapia. 1. ed. Roca. São Paulo, 2007. cap. 16, p. 226.
FONTE DESTA REPORTAGEM: http://www.rgnutri.com.br/
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