Destruindo autoestima de mulheres com o estereótipo de beleza

Estereótipo é a imagem preconcebida de determinada pessoa, coisa ou situação. São usados principalmente para definir e limitar pessoas ou grupo de pessoas na sociedade. Sua aceitação é ampla e culturalmente difundida no ocidente, sendo um grande motivador de preconceito e discriminação.

Quando as mulheres se sentiam no trono do sistema masculino, o mundo da moda as aprisionou no mais grave e sutil estereótipo.

O estereótipo do belo, no mundo da moda, começou a ser formado pela exceção genética. Para maximizar as vendas e gerar uma atração fatal entre as mulheres, o mundo fashion começou a usar o corpo de jovens completamente fora do padrão comum como protótipo de beleza. Uma entre dez mil jovens de corpo magérrimo e fácies, quadris, nariz, busto e pescoço estritamente bem-torneados tornou-se ao longo dos anos o estereótipo do belo. Que conseqüências no inconsciente coletivo!

A exceção genética virou a regra. As crianças transportaram as bonecas Barbies com seu corpo impecável para o teatro da vida, e as adolescentes transformaram as modelos em um padrão de beleza inalcançável. Esse processo gerou, em centenas de milhões de mulheres, uma busca compulsiva do estereótipo, como se fosse uma droga. Elas, que sempre foram mais generosas e solidárias que os homens, se tornaram, sem perceber, carrascas de si mesmas. Até as chinesas e japonesas estão mutilando sua anatomia para se aproximar da beleza das modelos ocidentais.

Sabiam disso?

Tal modelo penetrara como uma bomba silenciosa no inconsciente coletivo, implodindo a auto-imagem, causando um terrorismo contra a autoestima, algo jamais visto na história. No passado, os estereótipos não tinham graves conseqüências coletivas porque ainda não éramos uma aldeia global. Quando as mulheres pensavam que estavam voando livremente, o sistema tosou-lhes as asas com a “síndrome da Barbie”.

Lúcia, uma jovem tímida, mas versátil, criativa, excelente aluna, está com 34 quilos, embora tenha 1,66 metro de altura. Seus ossos saltam sob a pele, formando uma imagem repulsiva, mas ela se recusa a comer com medo de engordar.

Márcia, uma jovem sorridente, extrovertida, uma menina encantadora, está com 35 quilos e tem 1,60 metro de altura. Sua face cadavérica leva seus pais e amigos ao ápice do desespero, mas ela do mesmo modo se recusa a se alimentar.

Bernadete está com 43 quilos e mede 1,70 metro de altura. Gostava de conversar com todo mundo, mas se isolou do namorado, dos amigos e do bate-papo na internet.

Rafaela pesa 48 quilos e mede 1,83 metro. Jogava vôlei, gostava de ir à praia e correr sobre a areia, mas agora está morrendo de inanição.

Durante essa leitura, quatro jovens desenvolveram anorexia nervosa.

Algumas superam seus transtornos, outras o perpetuam. E se vocês perguntarem a elas por que não comem, ouvirão: “Porque estamos obesas”. Bilhões de células suplicam que se alimentem, mas elas não têm compaixão do seu corpo, que não tem força para fazer exercícios físicos nem para andar. O desespero para alcançar o estereótipo do belo fê-las adoecer profundamente e estancou o que jamais conseguimos estancar naturalmente: o instinto da fome.

Se essas pessoas vivessem em tribos onde o estereótipo não tivesse um peso intenso, não adoeceriam. Mas vivem na sociedade moderna, que não apenas difunde a magreza insana, mas supervaloriza determinado tipo de olhos, pescoço, busto, quadris, o tamanho do nariz – enfim, um mundo que exclui e discrimina quem está fora do modelo. E o pior é que tudo isso é feito sutilmente.

Não nego que possa haver causas metabólicas para os transtornos alimentares, mas as causas sociais são inegáveis e indesculpáveis. Há cinqüenta milhões de pessoas com anorexia nervosa no mundo, um número que nos remete às proporções do número de mortos da Segunda Guerra Mundial.

O sistema social é astuto, grita quando precisa se calar e se cala quando precisa gritar. Nada contra as modelos e os inteligentes e criativos estilistas, mas o sistema se esqueceu de gritar que a beleza não pode ser padronizada.

Onde estão as gordinhas nos desfiles? Onde estão as jovens com quadris menos bem-torneados? Onde estão as mulheres de nariz saliente? Por que neste templo se escondem as jovens com culotes ou estrias? Não são elas seres humanos? Não são elas belas? Por que o mundo fashion, que surgiu para promover o bem-estar, está destruindo a autoestima das mulheres? Essa discriminação socialmente aceita não é um estupro da auto-estima? Não é tão violenta quanto a discriminação contra os negros?

Caros amigos leitores, retirei estas palavras acima de um magnífico livro chamado "O Vendedor de Sonhos" de Augusto Cury. Não se trata de um livro de distúrbios alimentares, muito menos de nutrição. Se trata de um livro magnífico que nos faz recapitularmos sobre nossas vidas. Adaptei também algumas frases acima, pois se trata se um diálogo que acontece no livro entre personagens. O livro retrata uma história fictícia, mas as frases acima não. Retratam a triste e verdadeira realidade em que vivemos.

Para conhecer este magnífico livro, clique aqui.


Texto: Dr. Vinícius Graton Costa - Nutricionista.
Créditos: NutriçãoSadia. Tecnologia do Blogger.