Atividade física na prevenção do envelhecimento

Pesquisadores norte-americanos verificaram que um maior gasto calórico com atividades físicas está associado com maiores níveis de massa livre de gordura. Entretanto, este efeito pode não ser suficiente para prevenir as mudanças na composição corporal com o envelhecimento.

O envelhecimento está associado a perdas de massa total e, desproporcionalmente, de massa magra. Baseado nos resultados de estudos anteriores, de que indivíduos com maior gasto energético teriam atenuação na perda de peso total e de massa magra, este estudo teve como objetivo determinar a associação do gasto energético de atividade (GEA – definido como o gasto calórico com qualquer atividade diária) com as mudanças nos compartimentos corporais em homens e mulheres idosas. Pesquisadores das Universidades de Pittsburgh e de Tennessee, ambas nos Estados Unidos da América, recrutaram participantes entre 70 e 79 anos de idade, brancos e negros, que se adequaram aos critérios de não reportar dificuldade ao caminhar 0,4 Km, subir 10 degraus ou realizar tarefas do dia-a-dia; sem planos de deixar o local de estudo por três anos e sem estar sob tratamento de doenças.

Segundo o protocolo do estudo, todos os participantes passaram por duas visitas a um laboratório ao longo do estudo. Na primeira delas, realizaram mensuração do gasto energético total (GET) por meio de água duplamente marcada e tiveram a composição corporal medida através do DEXA (dual energy x-ray absorptiometry, ou radioabsorciometria de feixes duplos). Na segunda visita, aproximadamente 14 dias após a primeira, fizeram a mensuração do peso corporal e da taxa metabólica basal (TMB) – por meio de calorimetria indireta. Os participantes foram encorajados a manter suas atividades diárias normais entre as visitas.

Além destas avaliações, o peso corpóreo total, massa gorda (MG) e massa livre de gordura (MLG) foram medidos anualmente, com o uso do DEXA. Os participantes foram acompanhados por aproximadamente cinco anos.

Para calcular o GEA, foi utilizada a equação GEA = (GET x 0,9) - (TMB), sendo que 10% do GET foi atribuído ao efeito térmico dos alimentos. Níveis de atividade física foram calculados pela divisão GET/TMB.

Dos 302 participantes, 146 eram de raça negra (74 homens e 72 mulheres) e 156 de raça branca (76 homens e 80 mulheres). Os homens apresentaram GET (2511 ± 390 Kcal/dia), TMB (1455 ± 187 Kcal/dia) e GEA (804 ± 273 Kcal/dia) mais altos que as mulheres (que apresentaram GET de 1891 ± 286 Kcal/dia, TMB de 1360 ± 184 Kcal/dia e GEA de 549 ± 192 Kcal/dia). Entretanto, a TMB dos homens foi menor do que a das mulheres, após os ajustes para a MLG.

Os homens também pesavam mais (83,1 ± 12,0 Kg) e tinham mais MLG (55,4 ± 12,0) do que as mulheres (67,5 ± 13,6 Kg e 38,6 ± 13,6 Kg, respectivamente). Já a MG, era maior nas mulheres do que nos homens (27,1 ± 13,6 Kg contra 25,0 ± 12,0 Kg).

Neste estudo, os níveis de GEA não influenciaram a trajetória da mudança corporal em homens e mulheres ao longo do tempo, ou seja, houve declínio do peso corporal e da MLG durante os cinco anos, mas estas mudanças não tiveram relação com o gasto calórico em atividades diárias.

“Os resultados mostraram que os indivíduos com menor GEA perderam em média 0,54 Kg de MLG por ano e que os com maior GEA, perderam apenas 0,05 Kg de MLG por ano. À primeira vista, esses valores parecem ser bem diferentes, entretanto não apresentaram diferença significativa. Uma grande limitação deste estudo é que o GEA foi medido apenas uma vez, no início da pesquisa e, consequentemente, as mudanças das atividades não puderam ser documentadas em paralelo com as mudanças da composição corporal”, dizem os autores.

E ainda, “o GEA não dá informação sobre a intensidade da atividade física praticada. A impressão que temos é que o simples fato de manter-se ativo com exercícios de baixa intensidade pode não evitar as mudanças corporais existentes com o envelhecimento. Exercícios de alta intensidade e/ou exercícios de resistência podem ser necessários para prevenir estas mudanças. Adicionalmente, a suplementação nutricional para promover o anabolismo também pode ser uma alternativa em adição à atividade física, para atuar na minimização das mudanças da composição corpórea, como a perda de massa magra”, concluem.

Referência(s) - Manini TM, Everhart JE, Anton SD, Schoeller DA, Cummings SR, Mackey DC. Activity energy expenditure and change in body composition in late life. AJCN. 2010;90:1336-42.

Fonte desta matéria: NUTRITOTAL
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