Vitamina B6 melhora resposta pró-inflamatória em pacientes com artrite reumatoide

Texto: Dr. Rita de Cássia Borges de Castro - Nutricionista.

Estudo publicado na revista European Journal of Clinical Nutrition mostrou que a suplementação de vitamina B6 reduziu os níveis plasmáticos de citocinas pró-inflamatórias, como interleucina-6 (IL-6) e fator de necrose tumoral alfa (TNF-alfa), em pacientes com artrite reumatoide.

A artrite reumatoide (AR) é uma doença crônica, auto-imune e inflamatória sistêmica que provoca a destruição articular progressiva. Estudos prévios mostraram que pacientes com AR apresentam baixos níveis de vitamina B6 (piridoxal-5-fosfato [PLP]) e isso foi associado com níveis aumentados de citocinas pró-inflamatórias como, TNF-alfa, aumento de marcadores inflamatórios como, proteína C-reativa (PCR) e elevada taxa de sedimentação de eritrócitos (VHS).

O objetivo do estudo foi investigar se a suplementação de altas doses de vitamina B6 (100 mg/dia) apresenta efeito benéfico na resposta inflamatória e imune em pacientes com artrite reumatoide. Trata-se de um estudo cego, randomizado, realizado na Divisão de Alergia, Imunologia e Reumatologia do Chung Shan Medical University Hospital, de Taiwan. Os pacientes envolvidos na pesquisa foram diagnosticados com AR de acordo os critérios da American College of Rheumatology de 1991.

Como a maioria dos pacientes com AR (74%) estavam sendo tratados com metotrexato, um antagonista do folato, os suplementos de ácido fólico (5 mg) são prescritos de rotina para todos esses pacientes, para compensar os efeitos colaterais da depleção do folato. Os pacientes foram divididos aleatoriamente em dois grupos: controle (5 mg/dia de ácido fólico; n=15) e vitamina B6 (5 mg/dia de ácido fólico e 100 mg/dia de vitamina B6, n=20). O período de suplementação durou 12 semanas. Aqueles que tomavam vitaminas ou outros suplementos nutricionais interromperam o uso um mês antes de entrar no estudo.

Foram avaliados os níveis plasmáticos de piridoxal-5-fosfato (PLP), folato sérico, parâmetros inflamatórios (proteína C-reativa de alta sensibilidade [hs-PCR], taxa de sedimentação eritrócitos [VHS], IL-6, TNF-alfa e parâmetros imunológicos (glóbulos brancos, contagem total de linfócitos, células T [CD3], células B [CD19], células T helper [CD4], T-supressoras [CD8]). Todos esses parâmetros foram medidos no primeiro dia (semana 0) e após 12 semanas da intervenção.

O estudo mostrou que os dois grupos não apresentaram diferenças significativas em relação à idade, índice de massa corporal (IMC), pressão arterial e atividade da doença. O tempo médio de diagnóstico de AR foi de 2,6 ± 1,6 anos. A média de ingestão de vitamina B6 foi de 1,2 ± 0,4 mg/dia no início e 1,1 ± 0,4 mg/dia após 12 semanas no grupo controle. No grupo da vitamina B6 a ingestão média foi de 1,3 ± 0,5 mg/dia no início e 1,3 ± 0,4 mg/dia após 12 semanas. O consumo total de vitamina B6 e folato (dieta + suplementação) se correlacionaram significativamente com níveis plasmáticos de PLP (r = 0,60, p = 0,00) e de folato sérico (r = 0,42; p = 0,00), respectivamente.

No início do estudo (semana 0), não houveram diferenças significativas nos níveis de vitamina B6 e folato, como também nas respostas inflamatórias e nos indicadores de resposta imune entre os dois grupos. No entanto, após 12 semanas de suplementação de vitamina B6, os pacientes apresentaram uma redução nos níveis plasmáticos de IL-6 e de TNF-alfa (p<0,05). style="font-weight: bold;">

Os pesquisadores encontraram ainda que o nível plasmático de IL-6 foi inversamente relacionado com a concentração plasmática de PLP, o que mostra a relação entre o aumento de consumo de vitamina B6 e a diminuição desta citocina pro-inflamatória.
Segundo os autores, o mecanismo que explica a relação entre a vitamina B6 e a artrite reumatóide ainda não está esclarecido.

Algumas limitações no estudo, apontadas pelos pesquisadores, foram o tamanho da amostra (teria que ser maior) e o tipo de estudo (poderia ter sido um estudo duplo-cego, ao invés de cego).

No entanto, “nenhum dos estudos anteriores, nos quais utilizaram 50 mg/dia de vitamina B6 durante 30 dias, haviam encontrado efeitos na diminuição de citocinas pró-inflamatórias em pacientes com AR”, observam os autores.

“Nosso resultado fornece dados valiosos para a prática clínica no que diz respeito ao potencial efeito benéfico da vitamina B6 para suprimir a resposta inflamatória em pacientes com artrite reumatoide”, concluem os autores.

Fonte: NUTRITOTAL.
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