Termoregulação
Durante a atividade física, uma quantidade significativa de calor é gerada como um subproduto do metabolismo energético, que mantém os processos de contração e relaxamento dos músculos em atividade. Essa elevada produção de calor é a principal razão fisiológica que nos leva a perder água e eletrólitos, aumentando as chances de uma desidratação imposta pela prática esportiva (NADEL, 1996).
Entenda como funciona a perda de calor durante o exercício
A taxa de calor produzida pelos músculos ativos pode chegar a até 100 vezes a produzida pelos músculos inativos. Se o organismo armazenasse esse calor em vez de dissipá-lo, a temperatura interna se elevaria à razão de 1° C (1,8° F) a cada 5 a 8 minutos (durante exercícios moderados), resultando em hipertermia (superaquecimento) e colapso em 15 a 20 minutos. Para que isso não ocorra, o organismo possui um sistema muito complexo que sinaliza o aumento na temperatura interna e consequentemente ativa os reflexos associados à perda de calor (NADEL, 1996).
1. Quem determina a temperatura corpórea normal é o hipotálamo, que comanda os ajustes termoregulatórios. O hipotálamo possui neurônios em sua porção anterior, que desempenham importante papel na termoregulação, o aquecimento e o resfriamento desta área desencadeiam respostas que vão, respectivamente, aumentar e dimunuir a perda de calor (BOULANT, 1998 apud in MARTINHO, 2006).
A dissipação do calor em excesso pode ocorrer através de quatro mecanismos:
- Irradiação: Objetos emitem continuamente ondas térmicas por irradiação. Este mecanismo não necessita contato entre os objetos e é bem exemplificado pelos raios solares que aquecem a terra. Normalmente nós emitimos nosso calor para o meio ambiente, porém em dias quentes esta permuta torna-se inversa impedindo de eliminarmos calor por este mecanismo (VARGAS, 2006).
- Condução: A perda de calor neste caso envolve a transferência direta de calor através de um líquido, sólido ou gás de uma molécula para outra (VARGAS, 2006). Durante o exercício o calor é dissipado por condução para roupas, calçados ou materiais em contato com o corpo (MARTINHO, 2006).
- Convecção: É a transferência de calor para fluídos que se deslocam devido a diferença de densidade. Moléculas de ar aquecidas sobem pressionando a camada de ar mais frias para baixo, originando as correntes de convecção (MARTINHO, 2006). Um bom exemplo é uma corrida na esteira onde o individuo corre no mesmo lugar e vai aquecendo o ar que está em volta dele, ao correr na rua o ar quente é deixado para trás facilitando assim a diminuição do calor corporal. Quando colocamos um ventilador próximo a esteira que estamos correndo, o ar que vem do ventilador não é mais frio que o ar do ambiente, a sensação é agradável porque o ar que chega empurra o ar aquecido próximo do corpo caracterizando assim o processo de convecção (VARGAS, 2006).
- Evaporação: A evaporação constitui a principal defesa fisiológica contra o superaquecimento. Nos dias quentes principalmente, a eficácia na perda de calor por condução, convecção e irradiação diminui. Quando a temperatura ambiente ultrapassa a temperatura corporal, passa a haver uma passagem de calor do meio para o corpo e, por conseqüência, a evaporação torna-se fundamental.
O calor é transferido continuamente para o meio ambiente, à medida que a água é vaporizada pelas vias respiratórias e pele. Este mecanismo é muito eficiente, pois para cada litro de água vaporizada são eliminados pelo organismo 580 kcal. (VARGAS, 2006).
Outro aspecto interessante em relação à evaporação é a umidade relativa do ar que influencia drasticamente na termorregulação. Quando a umidade do ar e elevada a pressão do vapor ambiente se aproxima a da pele úmida e a evaporação diminui muito. Deste modo esta via de perda de calor é fechada e acaba formando grandes quantidades de suor que formam gotas sobre a pele e acabam caindo sob forma de gotas favorecendo a desidratação. Cabe ressaltar que o suor em si não refresca a pele; é a evaporação desse suor que esfria a pele. É possível notar, contudo, que ambientes quentes e úmidos são piores que temperaturas ainda maiores, porém secas (VARGAS, 2006).
Como desidratamos?
A sudorese, ato de produzir e libertar suor, inicia-se quando a temperatura corporal central é superior a 37ºC (98.6ºF). A quantidade de sudorese é modulada pela estimulação das glândulas sudoríparas por nervos colinérgicos simpáticos e também, em situações de exercício ou stress, por concentrações elevadas de epinefrina e norepinefrina (MAGALHÃES et al., 2001).
As glândulas sudoríparas produzem o suor e têm grande importância na regulação da temperatura corporal. São de dois tipos: as écrinas, que são mais numerosas, existindo por todo o corpo e produzem o suor eliminando-o diretamente na pele. E as apócrinas, existentes principalmente nas axilas, regiões genitais e ao redor dos mamilos. São as responsáveis pelo odor característico do suor, quando a sua secreção sofre decomposição por bactérias. Uma pessoa possui aproximadamente 2,6 milhões de glândulas sudoríparas em sua pele (Dematologia Online, 2008).
O suor pode ser produzido em resposta a um estímulo nervoso, elevação da temperatura do ar e/ou exercícios físicos, e é produzido em uma glândula sudorípara écrina (FREUDENRICH, 2005).
Quando a glândula sudorípara é estimulada, as células secretam um fluido (secreção primária) similar ao plasma, ou seja, basicamente composto de água, altas concentrações de sódio e cloreto e baixa concentração de potássio, mas sem as proteínas e ácidos graxos geralmente encontrados no plasma. Esse fluido surge nos espaços entre as células (espaços intersticiais) que o recebem dos vasos sangüíneos (capilares) da derme. O fluido se desloca da porção espiralada e sobe através do duto reto. O que acontece no duto reto depende da taxa ou fluxo de produção de suor (FREUDENRICH, 2005).
A alta produção de suor que acontece em virtude do exercício físico, faz com que as células, na parte reta do duto, não tenham tempo hábil para reabsorver todo o sódio e cloreto da secreção primária. Assim, grande parte do suor chega à superfície da pele e sua composição é quase a mesma da secreção primária. As concentrações de sódio e cloreto são aproximadamente a metade e a de potássio é cerca de 20% maior (FREUDENRICH, 2005).
Portanto, a partir da elevada produção de calor imposta pelo exercício físico, ocorre a perda de água, sódio, cloreto e potássio, promovendo a necessidade de repor essas perdas. Dessa forma, o cumprimento adequado das necessidades hídricas durante o exercício é considerado fundamental para o rendimento físico e deve ser continuamente estimulado.
Referências Bibliográficas
Dermatologia online [acessado em 05 de dezembro de 2008]. Disponível em: http://www.dermatologia.net/neo/base/pelenormal.htm
FREUDENRICH, C. C. Growth and development of specialized cells, tissues, and organs: an anthology of current thought. Nova Iorque: Rosen Pub Group, 2005.
NADEL, E. R. Novas idéias para reidratação durante e após os exercícios no calor. Gatorade Sports Science Exchange, s.v., n. 7, p. 1-4, 1996.
MAGALHÃES, S.; ALBUQUERQUE, R. R.; PINTO, J. C.; MOREIRA, A. L. Termoregulação. Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, 2001/02 [acessado em 05 de dezembro de 2008]. Disponível em: http://fisiologia.med.up.pt/Textos_Apoio/outros/Termorreg.pdf
MARTINHO, M. de M. Termorregulação em ambientes quentes. Centro de Estudos em Fisiologia do Exercício, 2006 [acessado em 05 de dezembro de 2008]. Disponível em: http://www.centrodeestudos.org.br/pdfs/termorregulacao.pdf
VARGAS, J. D. Exercício no calor. 2006 [acessado em 05 de dezembro de 2008]. Disponível em: http://www.cdof.com.br/fisio11.htm
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Entenda como funciona a perda de calor durante o exercício
A taxa de calor produzida pelos músculos ativos pode chegar a até 100 vezes a produzida pelos músculos inativos. Se o organismo armazenasse esse calor em vez de dissipá-lo, a temperatura interna se elevaria à razão de 1° C (1,8° F) a cada 5 a 8 minutos (durante exercícios moderados), resultando em hipertermia (superaquecimento) e colapso em 15 a 20 minutos. Para que isso não ocorra, o organismo possui um sistema muito complexo que sinaliza o aumento na temperatura interna e consequentemente ativa os reflexos associados à perda de calor (NADEL, 1996).
1. Quem determina a temperatura corpórea normal é o hipotálamo, que comanda os ajustes termoregulatórios. O hipotálamo possui neurônios em sua porção anterior, que desempenham importante papel na termoregulação, o aquecimento e o resfriamento desta área desencadeiam respostas que vão, respectivamente, aumentar e dimunuir a perda de calor (BOULANT, 1998 apud in MARTINHO, 2006).
A dissipação do calor em excesso pode ocorrer através de quatro mecanismos:
- Irradiação: Objetos emitem continuamente ondas térmicas por irradiação. Este mecanismo não necessita contato entre os objetos e é bem exemplificado pelos raios solares que aquecem a terra. Normalmente nós emitimos nosso calor para o meio ambiente, porém em dias quentes esta permuta torna-se inversa impedindo de eliminarmos calor por este mecanismo (VARGAS, 2006).
- Condução: A perda de calor neste caso envolve a transferência direta de calor através de um líquido, sólido ou gás de uma molécula para outra (VARGAS, 2006). Durante o exercício o calor é dissipado por condução para roupas, calçados ou materiais em contato com o corpo (MARTINHO, 2006).
- Convecção: É a transferência de calor para fluídos que se deslocam devido a diferença de densidade. Moléculas de ar aquecidas sobem pressionando a camada de ar mais frias para baixo, originando as correntes de convecção (MARTINHO, 2006). Um bom exemplo é uma corrida na esteira onde o individuo corre no mesmo lugar e vai aquecendo o ar que está em volta dele, ao correr na rua o ar quente é deixado para trás facilitando assim a diminuição do calor corporal. Quando colocamos um ventilador próximo a esteira que estamos correndo, o ar que vem do ventilador não é mais frio que o ar do ambiente, a sensação é agradável porque o ar que chega empurra o ar aquecido próximo do corpo caracterizando assim o processo de convecção (VARGAS, 2006).
- Evaporação: A evaporação constitui a principal defesa fisiológica contra o superaquecimento. Nos dias quentes principalmente, a eficácia na perda de calor por condução, convecção e irradiação diminui. Quando a temperatura ambiente ultrapassa a temperatura corporal, passa a haver uma passagem de calor do meio para o corpo e, por conseqüência, a evaporação torna-se fundamental.
O calor é transferido continuamente para o meio ambiente, à medida que a água é vaporizada pelas vias respiratórias e pele. Este mecanismo é muito eficiente, pois para cada litro de água vaporizada são eliminados pelo organismo 580 kcal. (VARGAS, 2006).
Outro aspecto interessante em relação à evaporação é a umidade relativa do ar que influencia drasticamente na termorregulação. Quando a umidade do ar e elevada a pressão do vapor ambiente se aproxima a da pele úmida e a evaporação diminui muito. Deste modo esta via de perda de calor é fechada e acaba formando grandes quantidades de suor que formam gotas sobre a pele e acabam caindo sob forma de gotas favorecendo a desidratação. Cabe ressaltar que o suor em si não refresca a pele; é a evaporação desse suor que esfria a pele. É possível notar, contudo, que ambientes quentes e úmidos são piores que temperaturas ainda maiores, porém secas (VARGAS, 2006).
Como desidratamos?
A sudorese, ato de produzir e libertar suor, inicia-se quando a temperatura corporal central é superior a 37ºC (98.6ºF). A quantidade de sudorese é modulada pela estimulação das glândulas sudoríparas por nervos colinérgicos simpáticos e também, em situações de exercício ou stress, por concentrações elevadas de epinefrina e norepinefrina (MAGALHÃES et al., 2001).
As glândulas sudoríparas produzem o suor e têm grande importância na regulação da temperatura corporal. São de dois tipos: as écrinas, que são mais numerosas, existindo por todo o corpo e produzem o suor eliminando-o diretamente na pele. E as apócrinas, existentes principalmente nas axilas, regiões genitais e ao redor dos mamilos. São as responsáveis pelo odor característico do suor, quando a sua secreção sofre decomposição por bactérias. Uma pessoa possui aproximadamente 2,6 milhões de glândulas sudoríparas em sua pele (Dematologia Online, 2008).
O suor pode ser produzido em resposta a um estímulo nervoso, elevação da temperatura do ar e/ou exercícios físicos, e é produzido em uma glândula sudorípara écrina (FREUDENRICH, 2005).
Quando a glândula sudorípara é estimulada, as células secretam um fluido (secreção primária) similar ao plasma, ou seja, basicamente composto de água, altas concentrações de sódio e cloreto e baixa concentração de potássio, mas sem as proteínas e ácidos graxos geralmente encontrados no plasma. Esse fluido surge nos espaços entre as células (espaços intersticiais) que o recebem dos vasos sangüíneos (capilares) da derme. O fluido se desloca da porção espiralada e sobe através do duto reto. O que acontece no duto reto depende da taxa ou fluxo de produção de suor (FREUDENRICH, 2005).
A alta produção de suor que acontece em virtude do exercício físico, faz com que as células, na parte reta do duto, não tenham tempo hábil para reabsorver todo o sódio e cloreto da secreção primária. Assim, grande parte do suor chega à superfície da pele e sua composição é quase a mesma da secreção primária. As concentrações de sódio e cloreto são aproximadamente a metade e a de potássio é cerca de 20% maior (FREUDENRICH, 2005).
Portanto, a partir da elevada produção de calor imposta pelo exercício físico, ocorre a perda de água, sódio, cloreto e potássio, promovendo a necessidade de repor essas perdas. Dessa forma, o cumprimento adequado das necessidades hídricas durante o exercício é considerado fundamental para o rendimento físico e deve ser continuamente estimulado.
Referências Bibliográficas
Dermatologia online [acessado em 05 de dezembro de 2008]. Disponível em: http://www.dermatologia.net/neo/base/pelenormal.htm
FREUDENRICH, C. C. Growth and development of specialized cells, tissues, and organs: an anthology of current thought. Nova Iorque: Rosen Pub Group, 2005.
NADEL, E. R. Novas idéias para reidratação durante e após os exercícios no calor. Gatorade Sports Science Exchange, s.v., n. 7, p. 1-4, 1996.
MAGALHÃES, S.; ALBUQUERQUE, R. R.; PINTO, J. C.; MOREIRA, A. L. Termoregulação. Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, 2001/02 [acessado em 05 de dezembro de 2008]. Disponível em: http://fisiologia.med.up.pt/Textos_Apoio/outros/Termorreg.pdf
MARTINHO, M. de M. Termorregulação em ambientes quentes. Centro de Estudos em Fisiologia do Exercício, 2006 [acessado em 05 de dezembro de 2008]. Disponível em: http://www.centrodeestudos.org.br/pdfs/termorregulacao.pdf
VARGAS, J. D. Exercício no calor. 2006 [acessado em 05 de dezembro de 2008]. Disponível em: http://www.cdof.com.br/fisio11.htm
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