O perigo dos remédios para emagrecer

O sonho de emagrecer rapidamente e sem ficar com fome é relamente tentador, ainda mais depois de uma ceia maravilhosa. Mas os perigos que essas cápsulas 'milagrosas' oferecem são enormes

Por Walmir Coutinho*

Dietas, exercícios físicos ou remédios? Qual é a melhor maneira de emagrecer sem perder de foco a saúde e a qualidade de vida? Quem está acima do peso muitas vezes recorre desesperadamente às dietas e pílulas ditas “milagrosas”, que prometem resultados quase impossíveis de se alcançar sozinho, como perda rápida de barriga e silhueta magérrima. Essas perigosas substâncias podem causar sérios prejuízos ao organismo.

De acordo com o presidente da Federação Latinoamericana para o Estudo da Obesidade e professor associado da Puc-RJ, Dr. Walmir Coutinho, a melhor maneira de perder peso de forma saudável é com dieta equilibrada e a prática de exercícios físicos. Segundo o especialista, os remédios para emagrecer podem ser utilizados apenas em alguns casos, mas sempre com indicação de um profissional.

Quais são os riscos?

Saiba um pouco mais sobre os diferentes remédios para emagrecer e conheça alguns mitos e verdades sobre o assunto

- Qualquer pessoa pode tomar remédios para emagrecer?

Não são todos os casos que precisam de medicamento. Só o médico é apto a constatar se o paciente deve ou não recorrer ao uso de medicamentos, portanto, o ideal é que se procure um bom profissional. Recomendamos sempre associar o tratamento a uma dieta equilibrada e atividade física.

- Os remédios podem causar dependência?

Apenas os inibidores do apetite, como o femproporex, dietilpropiona e mazindol podem causar dependência.

- Por quê fazer dieta quando se está tomando remédio para emagrecer?

Mesmo com o uso de medicamentos, a meta principal do tratamento deve ser a mudança dos hábitos com uma melhor alimentação e a prática regular de atividades físicas. Mudando-se os hábitos que fizeram o paciente ganhar peso, evita-se o efeito sanfona.

- Por quanto tempo pode-se tomar um remédio para emagrecer?

Desde que utilizados com acompanhamento médico, recomenda-se sua utilização pelo tempo que se fizer necessário.

- Quais são as principais diferenças entre os remédios para emagrecer?

Hoje temos à disposição medicamentos com diferentes mecanismos de ação. De uma forma geral, existem medicamentos de ação central que agem inibindo o apetite ou aumentando a saciedade. E existe apenas um medicamento de ação local no intestino, o orlistate, que inibe a absorção de 30% da gordura ingerida.

- Como saber se um remédio é seguro e eficaz?

Só é possível avaliar adeqüadamente a segurança e a eficácia de um medicamento através de pesquisas clínicas controladas com placebo (pacientes submetidos apenas à dieta). Estas pesquisas permitem avaliar se o medicamento é mais eficaz que o placebo na perda de peso e na melhora dos fatores de risco associados à obesidade, como alterações de colesterol, diabetes e pressão alta.

- Quais são os efeitos colaterais mais comuns deste tipo de medicamento?

Eles variam conforme o grupo de medicamentos. Entre os inibidores do apetite predominam os decorrentes do estímulo do cérebro, como nervosismo e insônia. Entre os estimulantes da saciedade são mais freqüentes a boca seca, a constipação intestinal e a insônia. Já os inibidores de absorção das gorduras, quando não associados a um plano alimentar equilibrado, podem causar diarréia.


Quem são eles?

Conheça os riscos e benefícios dos principais remédios para emagrecer:

Anorexígenos: femproporex, anfepramona e mazindol. São substâncias que atuam no cérebro como inibidores de apetite. Os efeitos colaterais incluem desde taquicardia, boca seca, insônia, ansiedade e depressão. Uma complicação menos freqüente e mais grave é a dependência, em geral associada a uma má utilização. Pacientes com problemas psiquiátricos não devem utilizá-los.

Sacietógenos: sibutramina e rimonabanto. Também atuam no cérebro, reduzindo a ingestão alimentar sem inibir a fome. O paciente se satisfaz com menores quantidades de alimento. A sibutramina tem como efeitos colaterais mais freqüentes a boca seca, a constipação intestinal, a insônia e a taquicardia. Já o rimonabanto pode provocar depressão, náuseas, tonteira, diarréia, ansiedade e insônia.

Inibidores da absorção de gordura: orlistate. O único representante desta classe é o orlistate, mais conhecido como Xenical, que atua apenas no intestino bloqueando parte da gordura ingerida. Seus efeitos colaterais são de natureza gastrintestinais, que podem ser evitados através de uma ingestão controlada de gorduras.
Ou seja, SEMPRE procure um médico!

Dr. Walmir Coutinho é Presidente da Federação Latinoamericana para o Estudo da Obesidade e professor associado da Puc-RJ.
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