Cuidado com os falsos milagres

Esta é minha última coluna de 2009. Achei que seria interessante encerrar com um último protesto (neste ano!) contra a vulgarização dos serviços prestados falsamente em nome do bem-estar das pessoas. Espero que possamos virar o ano acreditando que esta “máquina” que nos movimenta e nos mantém vivos, a que chamamos corpo, merece mais respeito.

Qual é sua opinião sobre sites que vendem dieta? Será que é uma boa opção? Alguns deles oferecem vários tipos de dieta, como a da proteína, por exemplo. – Carlos Garai, 38 anos – Brasília, DF

É inaceitável comprar dieta dessa forma. Imagine uma consulta com um cardiologista feita pela internet. Com um nutricionista, é a mesma coisa. Não existe uma receita de bolo para a nutrição. Cada pessoa tem particularidades que são levadas em consideração numa consulta. É preciso conhecer a composição corporal do paciente, coisa que jamais acontecerá nesse tipo de “consulta virtual”. O mais grave é que esses sites oferecem vários tipos de dieta milagrosa, enquanto o correto é a reeducação alimentar. E é o internauta mesmo quem escolhe a que melhor lhe convém, como se estivesse escolhendo uma peça de roupa. Com a saúde, não deveria ser assim. Pesquisas mostram que mais de 70% dos consumidores não seguem a dieta e não conseguem os resultados esperados com esse tipo de serviço.

Estou fora de forma e não consigo acompanhar meus filhos em brincadeiras e passeios. Preciso eliminar alguns quilos e ficar mais forte rapidamente. Minha mulher sugeriu seguir uma série de exercícios que ela viu numa revista, assinada por professor de educação física, que promete deixar forte e emagrecer em apenas um mês. É seguro seguir esse programa? – Paulo Antunes, 44 anos – Piracicaba, SP

Mais uma receita de bolo... Não existe um programa único que funcione para os milhares de leitores, apesar do que prometem as manchetes. Idade, sexo, nível de condicionamento físico e, sobretudo, os limites do corpo devem ser respeitados. Isso só se consegue de forma individualizada e com a correta orientação do professor.

Acabei de me aposentar e quero me cuidar. Adoro fazer ginástica, mas, como estou gordinha, pensei em comprar um vídeo de exercícios para fazer em casa até me sentir melhor para frequentar uma academia. Que tipo de vídeo é mais indicado em meu caso? – Andréa Sacarov, 56 anos – Belo Horizonte, MG

Vídeos, revistas e websites são meios de comunicar em massa um assunto que só funciona individualmente. Sugiro consultar um professor de educação física fora da academia para iniciar um programa usando outros espaços, como ciclovias e parques ou uma sala no prédio, ou até mesmo academias especializadas em mulheres.

Marcio Atalla
é professor de Educação Física e comanda o programa semanal BemStar no canal GNT. Envie suas perguntas pelo site www.epoca.com.br
ou pelo e-mail marcio.atalla@edglobo.com.br
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