O poder de um bom cochilo

Para muitos, sucumbir à tentação e tirar uma soneca rápida pode ser motivo de constrangimento. E, dependendo dos compromissos marcados para o período da tarde, a pessoa estará sujeita a levar uma bronca do chefe ou professor. Mas se levarmos em conta os últimos resultados das pesquisas sobre o sono, o dorminhoco deveria receber um tapinha nas costas de cumprimento.

Evidências revelam que o sono melhora a memória. E, embora muitos pesquisadores defendam que os benefícios ocorrem apenas após seis horas de sono (veja artigo "Dormir e lembrar", Mente&Cérebro, 191, edição de dezembro), o cientista Olaf Lahl, do Instituto de Psicologia Experimental da Universidade de Düsseldorf, na Alemanha, defende que cochilar por apenas seis minutos já é o suficiente para melhorar significativamente a memória. Segundo ele, esse é o período de sono mais curto capaz de afetar o funcionamento mental. O estudo sugere que algo acontece no momento da perda da consciência que facilita a consolidação de experiências.

Os voluntários do estudo de Lahl tiveram dois minutos para memorizar uma lista com 30 palavras e sua memória foi testada uma hora depois. Nesse meio-tempo, alguns permaneceram acordados, outros tiraram um cochilo de seis minutos; outros, ainda, dormiram por um período maior de, em média, 35 minutos. Aqueles que não dormiram conseguiram se lembrar de até sete palavras apenas, em média. Um cochilo rápido aumentou a performance para mais de oito. Um cochilo mais longo, incluindo algum tempo de sono mais profundo, aumentou a memória para mais de nove palavras.

Anteriormente, Lahl era favorável à teoria de que os benefícios do sono para as lembranças eram principalmente passivos - a inconsciência desacelera o ritmo com o qual uma nova experiência desgasta as lembranças antigas. Mas essa última descoberta, que está no Journal of Sleep Research, fez com que ele mudasse de opinião, pois seis minutos não parece tempo suficiente para esquecer muita coisa.

No entanto, o também pesquisador do sono Jim Horne, da Universidade Loughborough, na Inglaterra, concluiu em seus estudos que é preciso adormecer profundamente para se obter benefícios para a memória, e que aqueles acostumados a tirar um cochilo provavelmente estão com a mente um pouco mais renovada do que os que continuam acordados. Lahl afirma que "é mais provável que a sonolência esteja prejudicando a memória em vez de o sono a estar melhorando". Robert Stickgold, que estuda o sono na Escola de Medicina Harvard, discorda: "É difícil acreditar que seis minutos de sono poderiam deixá-lo menos sonolento". Em vez disso, Stickgold suspeita que a experiência revele um processo de consolidação da memória que começa mesmo antes do sono e que poderia continuar depois de a pessoa acordar de uma soneca bem rápida.

Um cérebro adormecido não está meramente em repouso; ele passa por uma série complexa e ordenada de atividades. Uma delas é um fluxo de atividade neural a partir do hipocampo, onde as memórias de curto prazo são formadas, até o córtex, onde são armazenadas de maneira mais duradoura - uma razão possível que explicaria por que as pessoas conseguem se lembrar melhor do que viveram ou aprenderam quando acordam. Não se trata de um processo de simples registro de dados no tecido neural. Vários estudos sobre o sono e a insônia demonstram que uma soneca é especialmente importante para processar as informações de forma inteligente, como extrair a idéia central do que foi aprendido e combinar fatos de maneira interessante.

"O raciocínio executivo é particularmente prejudicado pela falta de sono", afirma Horne. "Você passa a ter uma visão muito mais limitada na forma de pensar, torna-se menos capaz de lidar com novidades e de avaliar riscos." Essa é uma má notícia para os médicos, trabalhadores de turnos e comandantes militares, ele observa, e talvez explique por que os cassinos ficam abertos a noite toda.

"O processamento mais importante de informações durante o sono acontece quando associamos significado a esses dados e os colocamos dentro de um contexto mais amplo", explica Stickgold, acrescentando que tudo indica que esse processamento, muito provavelmente, resultou na evolução do sono. "De todas as funções do sono, a memória é a única que explica por que precisamos passar pelo perigoso fenômeno de perder a consciência em vez de apenas descansar tranquilamente."

Lahl, por outro lado, acredita que dormir repara e desintoxica o cérebro - ele enfatiza que não há correlação entre o quanto uma pessoa aprende em um dia e quanto sono precisa à noite. Agora, ele está procurando algum efeito do cochilo de dois minutos. "Estamos tentando avaliar os extremos para descobrir o período crítico de tempo em que o aumento da memória pode acontecer. Mas em intervalos tão curtos de tempo fica difícil perceber se o voluntário está dormindo", reconhece. (John Whitfield)

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Até recentemente, os pesquisadores do sono não davam a devida atenção aos cochilos, talvez porque algumas culturas encarem as sestas com desdém. No Brasil, por exemplo, se alguém disser que vai se ausentar por alguns minutos após o almoço para dormir, em pleno dia de trabalho, terá grande possibilidade de ser visto como preguiçoso. Mas períodos curtos de sono são um hábito comum entre os animais, afirma o psicólogo Olaf Lahl: "Dormir várias horas seguidas, de uma vez só, na verdade é bem incomum", ele acrescenta. E pessoas com horários flexíveis (especialmente crianças e idosos) estão muito mais propensas a cochilos, ele observa. (J.W.)

Escrito por blogdamentecerebro

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