O uso da bioimpendância elétrica em pacientes com anorexia nervosa

A bioimpedância elétrica estima a gordura corporal por meio de um aparelho implantado nas extremidades dos pés e das mãos. Os resultados do teste nos mostram a porcentagem de massa magra, a porcentagem de massa gorda, quantidade de água no corpo, entre outras informações.

Segundo dr. Fábio Salzano, médico psiquiatra, especialista em distúrbios alimentares do Ambulatório de Bulimia e Distúrbios Alimentares do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (Ambulim – HCFMUSP), embora controverso, o método é importante também no acompanhamento de pacientes anoréxicos.

“A recomendação é a aplicação da bioimpedância no processo evolutivo do caso. No início, o resultado pode ser prejudicado devido ao baixo peso, revelando um resultado diferente do habitual. Mas no acompanhamento do estado nutricional, no decorrer do tratamento, é uma excelente opção”, destaca.

Dr. Fábio defende o método, pois permite observar o aumento de peso e como isso reflete na composição corporal, mas alerta que, no início do tratamento, a bioimpedância pode mostrar um valor que não é o real, devido, especialmente, às alterações de líquidos no organismo do paciente.

“No Ambulim, por exemplo, não indicamos usualmente, apenas quando há um relato de caso, para evitar custos desnecessários que não contribuem para a melhora do paciente”, explica dr. Fábio.


A doença

A anorexia nervosa é um distúrbio alimentar caracterizado pela busca incessante de emagrecimento e, consequentemente, ingestão insuficiente ou inexistente de alimentos. Mais comum em meninas de 10 a 15 anos, merece atenção especial quando revela que a paciente está com IMC abaixo de 17,5 kg/m2, quando o ideal é que esteja acima de 20 kg/m2.

“Diversos estudos demonstram que pacientes anoréxicas superestimam 460 Kcal de sua dieta diária, enquanto que uma pessoa normal não revela apenas 60 Kcal. Quem é anoréxico apresenta uma importante desnutrição energético-proteíca”.

Vale ressaltar que a anorexia é a doença psiquiátrica que mais mata, levando ao óbito cerca de 5% das portadoras.

Assim como a anorexia nervosa, a bulimia nervosa é igualmente grave e também tem como características a intensa preocupação com o peso, medo patológico de engordar, percepção distorcida da forma corporal e baixa auto-estima.

Segundo o Ambulatório de Bulimia e Transtornos Alimentares do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, ao longo da vida, entre 0,5% e 4% das mulheres terá anorexia nervosa; de 1 a 4,2% bulimia nervosa; e 2,5% transtorno do comer compulsivo.

Além destas, outras 15% das mulheres poderão apresentar quadros mais leves, que incluem profunda insatisfação com o corpo, busca por dietas e cirurgias plásticas, além do uso de recursos extremos para emagrecer, como vomitar propositadamente, compulsividade na prática de atividades físicas e automedicar-se com laxantes, diuréticos ou moderadores de apetite.

Os transtornos alimentares ainda são alvo de diversos estudos que buscam desvendar sua complexa inter-relação entre aspectos biológicos, psicológicos e sócio-culturais. É dessa complexidade que vem a necessidade de um tratamento multidisciplinar, envolvendo médicos psiquiatras, psicólogos, nutricionistas, entre outros.


Referência(s)
Distúrbios alimentares - Ambulatório de Bulimia e Transtornos Alimentares do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Disponível em: http://www.ambulim.org.br. Acessado em 01/07/2009.

Culbert KM, Breedlove SM, Burt SA, Klump KL. Prenatal hormone exposure and
risk for eating disorders: a comparison of opposite-sex and same-sex twins. Arch
Gen Psychiatry. 2008;65(3):329-36. Disponível em http://archpsyc.ama-assn.org/cgi/content/full/65/3/329. Acessado em 01/07/2009.

Data: 10/07/2009
Autor(a): Chico Damaso
Fotógrafo: Camila G. Marques

Artigo retirado do site NUTRITOTAL
Créditos: NutriçãoSadia. Tecnologia do Blogger.