Gastrostomia contribui para a nutrição de pacientes com câncer de cabeça e pescoço

Estudo publicado no Journal of Parenteral and Enteral Nutrition confirma que a gastrostomia endoscópica percutânea (GPE) é um método efetivo e seguro para a nutrição e hidratação de pacientes com câncer de cabeça e pescoço submetidos à quimioterapia e radioterapia (QR), permitindo o procedimento do tratamento com mínimas interrupções e otimizando o índice de massa corporal (IMC) dos pacientes.

Trata-se de um estudo retrospectivo que analisou durante quatro anos os dados de 163 pacientes (idade média de 58 ± 12 anos) com câncer de cabeça e pescoço, recebendo QR e fazendo uso de GPE.

A dieta enteral utilizada era composta de uma fórmula polimérica padrão e as necessidades nutricionais diárias foram calculadas baseadas em 25 Kcal/Kg a 35 Kcal/Kg de peso corporal, 1g a 1,5 g de proteína/Kg de peso corporal e 2 L/dia a 3 L/dia de água. Os pacientes com sobrepeso receberam a oferta mínima de calorias e, em casos de obesidade, foi utilizada fórmula hipocalórica.

A GPE foi implantada antes do início do tratamento por QR em 160 dos pacientes (98%) devido à mucosite, disfagia e odinofagia induzidas pela QR. Apenas três pacientes conseguiram se alimentar oralmente e não precisaram utilizar a GPE.

A média de utilização da alimentação via GPE foi de 251 ± 317 dias desde sua implantação até sua remoção. Quando os pacientes conseguiam se alimentar oralmente, a alimentação via GPE era gradualmente diminuída e depois removida.

No início da alimentação via GPE, 59 pacientes (37%) estavam com sobrepeso e 26 (16%) obesos, com IMC de 27,3 ± 1,5 Kg/m2 e 33,0 ± 3,4 Kg/m2, respectivamente. Ao final da alimentação enteral, estes pacientes apresentaram um declínio do IMC para 24,6 ± 2,7 Kg/m2 (p<0,001) e 28,4 ± 4,8 Kg/m2 (p<0,001). Cinco pacientes (3%) apresentavam inicialmente um IMC de 17,7± 1,1 Kg/m2, que aumentou para 19,1± 2,2 Kg/m2 (p=0,09). Os outros 70 pacientes (44%) eram eutróficos e assim permaneceram durante o tratamento.

Durante a alimentação via GPE a complicação mais frequente foi constipação, atingindo 44 pacientes (28%), náuseas (16%), vômitos (10%) e refluxo gastroesofágico (3%). Estes sintomas eram imediatamente tratados e minimizados. A interrupção do tratamento com QR ocorreu apenas em 11 pacientes (11%) devido a náuseas graves (n=3), diarreia grave (n=2), pancitopenia (n=2) e outras causas (n=4).

“Considerando a gravidade da mucosite orofaríngea, disfagia e odinofagia, e o tempo que os pacientes não podiam se alimentar oralmente, é possível assumir que sem a GPE o tratamento do câncer poderia ter sido interrompido diversas vezes e os pacientes poderiam ter desenvolvido desnutrição e desidratação”, concluem os autores.

Referência(s)

Raykher A, et al. The role of pretreatment percutaneous endoscopic gastrostomy in facilitating therapy of head and neck cancer and optimizing the body mass index of the obese patient. JPEN. 2009;33(4):404-10.


Data:            14/08/2009
Autor(a):       Iara Waitzberg Lewinski
Fotógrafo:    Camila G. Marques


Fonte: NUTRITOTAL
http://www.nutritotal.com.br/notas_noticias/index.php?acao=bu&id=402


Créditos: NutriçãoSadia. Tecnologia do Blogger.