Alimentação X Litíase Renal

Saúde & Qualidade de Vida - Patologia & Nutrição

A litíase ou cálculo renal forma-se quando a concentração de componentes na urina atinge um nível em que é possível a cristalização (MAHAN, 2003). Em geral, a cristalização ocorre devido a anormalidades na composição urinária que causam a supersaturação dos promotores que são os responsáveis pela formação de cristais nos rins (ex: cálcio, oxalato e ácido úrico), ou a diminuição dos inibidores de formação de cristais (ex: citrato, glicosaminoglicanos e nefrocalcina), ou até mesmo ambos (MELLO; SCHNEIDER, 2006).

Cerca de 80% dos cálculos contêm sais de cálcio compostos por oxalato ou fosfato, sendo o distúrbio metabólico freqüentemente associado a hipercalciúria, alteração metabólica definida como elevada excreção urinária de cálcio (MELLO; SCHNEIDER, 2006).

A litíase renal é uma doença que atinge até 20% da população, variando conforme fatores genéticos, socioeconômicos, ambientais e nutricionais (MELLO; SCHNEIDER, 2006). Em indivíduos que apresentam doença inflamatória intestinal a litíase renal é mais comum do que na população geral -, a freqüência de litíase neste grupo de pacientes varia de 12% a 28%, (VIANA et al., 2007). Os cálculos renais tendem a ser assintomáticos até causarem obstrução, com sintomas típicos de cólica renal ou ureteral (FREITAS et al., 2004).

As recomendações para garantir um efeito protetor de cálculo renal são:

- Ingerir mais de 2 litros de líquidos por dia: a ingestão adequada de líquidos pode contribuir para a prevenção de formação de cálculos por reduzir a saturação de oxalato de cálcio e aumentar a resistência da urina a sobrecarga de oxalato. Essa ingestão deve ocorrer preferencialmente com água ou líquidos de baixa osmolaridade como chás diluídos. Recomenda-se também o maior consumo de sucos de frutas, como os de melão e melancia, ricos em potássio, por aumentarem a excreção urinária de citrato que previne a formação de cristais de oxalato de cálcio. Os chás e o café, com ou sem cafeína, foram associados com a redução do risco para litíase em 8 a 10%, enquanto o vinho diminui o risco em cerca de 60%. O efeito protetor dessas bebidas é devido à diminuição da concentração urinária. Já os chás preto e o mate devem ser consumidos com moderação, devido ao elevado teor de oxalato, assim como o álcool (MARCONDELLI; MARANGONI; SCHMITZ, 2004; MELLO; SCHNEIDER, 2006).

- Limitar a ingestão de proteína animal: essa pode aumentar o risco de cálculos pelo aumento do ácido úrico urinário; porém mantendo um adequado consumo de laticínios e proteínas de origem vegetal, já que a restrição severa de cálcio e proteínas da dieta não é recomendada por estimular a perda de osso (MARCONDELLI; MARANGONI; SCHMITZ, 2004; MELLO; SCHNEIDER, 2006).

- Limitar a ingestão da vitamina C: no máximo em 2g dia, pois ela estimula a excreção de oxalato que é um composto químico formador de cristais podendo provocar aumento na freqüência dos cálculos (MAHAN & ARLIN, 2002).

- Adequar a ingestão de cálcio: uma dieta adequada em cálcio tem um papel protetor sobre a recorrência de cálculos além de ser muito importante para formação óssea. A recomendação de cálcio para pessoas que não tem restrição é de 1000mg/dia de acordo com a dietary references intake (DRI) e a recomendação para pacientes com hipercalciúria varia de 400mg/dia à 800mg/dia de acordo com o grau da doença. (MELLO; SCHNEIDER, 2006).

- Moderar a ingestão de sódio: de 2 a 3 gramas por dia, pois essa inibe a reabsorção de cálcio e com isso eleva o cálcio urinário aumentando sua excreção (MARCONDELLI; MARANGONI; SCHMITZ, 2004; MELLO; SCHNEIDER, 2006).

Acredita-se que a dieta seja o maior fator de risco ambiental na formação de cálculos de oxalato de cálcio, já que esta tem forte relação com a composição urinária. A baixa ingestão hídrica e o alto consumo de proteína e álcool foram os maiores fatores de risco dietéticos encontrados na literatura. Pesquisas sugerem que o excesso de peso pode resultar em aumento da excreção urinária de cálcio, oxalato e ácido úrico. Um estudo demonstrou que a obesidade e o excesso de ganho de peso estão associados como fator de risco para litíase renal. Os distúrbios metabólicos que ocorrem na obesidade, como resistência à insulina e hiperinsulinemia, podem levar ao aumento da excreção renal de cálcio e conseqüente formação de cálculo (MELLO; SCHNEIDER, 2006).


REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA:
FREITAS, Ricardo Miguel Costa de et al. Avaliação dos métodos de imagem no diagnóstico da urolitíase. Radiol Bras, Belo Horizonte, v. 4, n. 37, p.291-294, 2004.
MARCONDELLI, Priscilla; MARANGONI, Antônio Felipe; SCHMITZ, Bethsáida de Abreu Soares. Revisão de literatura sobre alimentação e saúde. Nutrição, Brasíçia, v. 1, n. 2, p.1-20, jan./jun. 2004.
MELLO, Elza Daniel de; SCHNEIDER, Márcia Andréa de Oliveira. A IMPORTÂNCIA DA DIETA NO MANEJO DA HIPERCALCIÚRIA. Hcpa, Porto Alegre, n. , p.52-60, 2006.
VIANA, Maria Lenise Lopes et al. Doença de Crohn e cálculo renal: muito mais que coincidência?. 2007, vol.44, n.3, pp. 210-214. ISSN 0004-2803.
MAHAN, K.L.; ARLIN, T.M. Vitaminas. In: KRAUSE, M.V. Alimentos, nutrição e dietoterapia. 10.ed. São Paulo: Roca, 2002. cap.6, p.71103.
AZULAY, M.M.;LACERDA, C.A.M.;PEREZ M.A;FILGUEIRA A.L.;CUZZI L. Vitamina C. An. Bras. Dermatol. V.78 no.3 Rio de Janeiro , 2003

Fonte da Matéria: RGNutri



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