Do que se trata a abordagem multimodal em cirurgia?
A abordagem multimodal em cirurgia trata-se de uma abordagem multidisciplinar que visa acelerar a recuperação pós-operatória, com o objetivo de diminuir a morbidade, mortalidade e tempo de internação hospitalar.
Na literatura podemos encontrar alguns sinônimos para a abordagem multimodal em cirurgia, como: “Fast Track” (termo mais utilizado por americanos, que significa aceleração), protocolo multimodal ou otimização multimodal. Os protocolos utilizados são baseados nas novas tendências da medicina baseada em evidências e com a mudança de paradigmas. Nos últimos anos, o cuidado tradicional pós-operatório tem sido questionado e estudos indicam que muitas condutas e práticas peri-operatórias são obsoletas e não tem respaldo científico.
A abordagem multimodal surgiu a partir dos resultados apresentados pelo projeto multicêntrico europeu denominado ERAS (Enhanced Recovery After Surgery), que apontou novas perspectivas no emprego de métodos de manejo perioperatório visando à diminuição de complicações cirúrgicas e acelerando a recuperação dos pacientes.
Esta nova abordagem multidisciplinar tem por base diversos estudos que demonstraram que a utilização de programas apoiados pela prática da medicina baseada em evidências, quando aplicados à cirurgia abdominal, pode prover um retorno precoce da função intestinal e melhoria das funções fisiológicas dos pacientes, resultando em uma diminuição da permanência hospitalar e morbidade operatória.
No Brasil, o departamento de Clínica Cirúrgica da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Federal do Mato Grosso desenvolveu um projeto visando acelerar a recuperação pós-operatória de pacientes submetidos à cirurgias abdominais, o qual passou a ser chamado ACERTO PÓS-OPERATÓRIO (Aceleração da Recuperação Total Pós-Operatória) ou simplesmente, protocolo ACERTO.
Baseado no ERAS, o projeto ACERTO trata-se de programa multidisciplinar (envolvendo os serviços de cirurgia geral, anestesia, nutrição, enfermagem e fisioterapia) que estabeleceu um conjunto de cuidados perioperatórios visando acelerar a recuperação do paciente cirúrgico. Os principais pontos abordados são:
1. Abreviação do jejum pré-operatório
2. Realimentação precoce no pós-operatório
3. Terapia nutricional perioperatória
4. Antibiótico-profilaxia
5. Abolição do preparo de cólon em cirurgias eletivas colorretais
6. Redução do uso de fluidos intra-venosos no perioperatório
7. Uso restrito de sonda nasogástrica e drenos abdominais
8. Analgesia perioperatória
Os resultados iniciais do protocolo ACERTO foram publicados em revistas nacionais e internacionais, nos quais mostraram que com a implantação dessas rotinas ocorreu uma queda de 60% na morbidade pós-operatória e no tempo de internação (2 a 4,5 dias) em pacientes submetidos a diversas operações de médio e grande porte do aparelho digestivo e parede abdominal.
As novas rotinas baseadas em evidências demonstram que a adoção de medidas multidisciplinares de cuidados perioperatórios constituem uma nova tendência, quem vêm sendo consistentemente confirmada pelos recentes estudos científicos.
Autor(a): Rita de Cássia Borges de Castro
Fonte: Nutritotal
Bibliografia (s)
Liu XX, Jiang ZW, Wang ZM, Li JS. Multimodal optimization of surgical care shows beneficial outcome in gastrectomy surgery. JPEN J Parenter Enteral Nutr. 2010;34(3):313-21.
Aguilar-Nascimento JE, Bicudo-Salomão A, Caporossi C, Silva RM, Cardoso EA, Santos TP, et al. Abordagem multimodal em cirurgia colorretal sem preparo mecânico de cólon. Rev Col Bras Cir. 2009;36(3):204-9.
Aguilar-Nascimento JE, Bicudo-Salomão A, Caporossi C, Silva RM, Cardoso EA, Santos TP. Acerto pós-operatório: avaliação dos resultados da implantação de um protocolo multidisciplinar de cuidados peri-operatórios em cirurgia geral. Rev Col. Bras. Cir. 2006; 33(3): 181-188.
Projeto Acerto. O que é Projeto Acerto? Disponível em: http://www.projetoacerto.com.br/home/?texto=1&tabela=conteudo Acessado em: 20/07/2010.
Teeuwen PH, Bleichrodt RP, Strik C, Groenewoud JJ, Brinkert W, van Laarhoven CJ, et al. Enhanced recovery after surgery (ERAS) versus conventional postoperative care in colorectal surgery. J Gastrointest Surg. 2010;14(1):88-95.
Na literatura podemos encontrar alguns sinônimos para a abordagem multimodal em cirurgia, como: “Fast Track” (termo mais utilizado por americanos, que significa aceleração), protocolo multimodal ou otimização multimodal. Os protocolos utilizados são baseados nas novas tendências da medicina baseada em evidências e com a mudança de paradigmas. Nos últimos anos, o cuidado tradicional pós-operatório tem sido questionado e estudos indicam que muitas condutas e práticas peri-operatórias são obsoletas e não tem respaldo científico.
A abordagem multimodal surgiu a partir dos resultados apresentados pelo projeto multicêntrico europeu denominado ERAS (Enhanced Recovery After Surgery), que apontou novas perspectivas no emprego de métodos de manejo perioperatório visando à diminuição de complicações cirúrgicas e acelerando a recuperação dos pacientes.
Esta nova abordagem multidisciplinar tem por base diversos estudos que demonstraram que a utilização de programas apoiados pela prática da medicina baseada em evidências, quando aplicados à cirurgia abdominal, pode prover um retorno precoce da função intestinal e melhoria das funções fisiológicas dos pacientes, resultando em uma diminuição da permanência hospitalar e morbidade operatória.
No Brasil, o departamento de Clínica Cirúrgica da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Federal do Mato Grosso desenvolveu um projeto visando acelerar a recuperação pós-operatória de pacientes submetidos à cirurgias abdominais, o qual passou a ser chamado ACERTO PÓS-OPERATÓRIO (Aceleração da Recuperação Total Pós-Operatória) ou simplesmente, protocolo ACERTO.
Baseado no ERAS, o projeto ACERTO trata-se de programa multidisciplinar (envolvendo os serviços de cirurgia geral, anestesia, nutrição, enfermagem e fisioterapia) que estabeleceu um conjunto de cuidados perioperatórios visando acelerar a recuperação do paciente cirúrgico. Os principais pontos abordados são:
1. Abreviação do jejum pré-operatório
2. Realimentação precoce no pós-operatório
3. Terapia nutricional perioperatória
4. Antibiótico-profilaxia
5. Abolição do preparo de cólon em cirurgias eletivas colorretais
6. Redução do uso de fluidos intra-venosos no perioperatório
7. Uso restrito de sonda nasogástrica e drenos abdominais
8. Analgesia perioperatória
Os resultados iniciais do protocolo ACERTO foram publicados em revistas nacionais e internacionais, nos quais mostraram que com a implantação dessas rotinas ocorreu uma queda de 60% na morbidade pós-operatória e no tempo de internação (2 a 4,5 dias) em pacientes submetidos a diversas operações de médio e grande porte do aparelho digestivo e parede abdominal.
As novas rotinas baseadas em evidências demonstram que a adoção de medidas multidisciplinares de cuidados perioperatórios constituem uma nova tendência, quem vêm sendo consistentemente confirmada pelos recentes estudos científicos.
Autor(a): Rita de Cássia Borges de Castro
Fonte: Nutritotal
Bibliografia (s)
Liu XX, Jiang ZW, Wang ZM, Li JS. Multimodal optimization of surgical care shows beneficial outcome in gastrectomy surgery. JPEN J Parenter Enteral Nutr. 2010;34(3):313-21.
Aguilar-Nascimento JE, Bicudo-Salomão A, Caporossi C, Silva RM, Cardoso EA, Santos TP, et al. Abordagem multimodal em cirurgia colorretal sem preparo mecânico de cólon. Rev Col Bras Cir. 2009;36(3):204-9.
Aguilar-Nascimento JE, Bicudo-Salomão A, Caporossi C, Silva RM, Cardoso EA, Santos TP. Acerto pós-operatório: avaliação dos resultados da implantação de um protocolo multidisciplinar de cuidados peri-operatórios em cirurgia geral. Rev Col. Bras. Cir. 2006; 33(3): 181-188.
Projeto Acerto. O que é Projeto Acerto? Disponível em: http://www.projetoacerto.com.br/home/?texto=1&tabela=conteudo Acessado em: 20/07/2010.
Teeuwen PH, Bleichrodt RP, Strik C, Groenewoud JJ, Brinkert W, van Laarhoven CJ, et al. Enhanced recovery after surgery (ERAS) versus conventional postoperative care in colorectal surgery. J Gastrointest Surg. 2010;14(1):88-95.
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