Todo dia é dia de macarrão
Nada de renunciar a um belo prato de massa! O macarrão engorda menos que o arroz e ainda ajuda no controle de uma porção de doenças
Se você é o tipo de pessoa que detesta ter de rever os seus conceitos, é melhor pular algumas páginas e ir direto para a próxima matéria da sua VivaSaúde. Porque, quando o assunto é o bom e velho macarrão, um dos pratos mais populares nos quatro cantos do mundo, o que não faltam são surpresas. Começando do começo, vale saber que estamos falando de um prato que não foi inventado pelos italianos. "Os verdadeiros criadores da massa, do modo como a conhecemos hoje, foram os árabes, que circularam tanto pela Sicília quanto pela península Ibérica, no período da Idade Média. Eles foram provavelmente os responsáveis por introduzir o macarrão na Itália, onde a receita foi aprimorada e se disseminou para o resto do mundo", explica o coordenador do curso de gastronomia do Complexo Educacional FMU, Marcelo Malta. No Brasil, a receita da macarronada chegou pelas mãos das nonas que imigraram para cá muito tempo depois, nos idos do século XIX. E o resto da história você sabe e - ufa! - não foge muito ao que já é de conhecimento comum.
Um capítulo à parte ajuda a entender a imensa admiração que os mais antigos tinham pelo macarrão, uma cultura que acabou se perdendo com o tempo. Os árabes, revisitando as teorias do sábio grego Hipócrates, creditavam aos alimentos funções medicinais importantes e utilizavam a comida como um recurso poderoso na prevenção e no controle de inúmeras doenças. Essa visão acurada dos que vieram muito antes de nós já permitia que eles dessem ao macarrão um destaque todo especial em sua culinária, conhecedores que eram das inúmeras propriedades do alimento. Também foram os árabes que, no século XI, introduziram os princípios da dieta que se difundiu por todo o baixo Mediterrâneo e que ainda hoje é considerada uma das mais saudáveis do mundo. Ela defende o consumo moderado de massas, queijos e vinhos e, nas palavras do antropólogo italiano Franco La Cecla, estudioso do assunto, é muito mais do que uma regra, uma norma a orientar a alimentação. "A dieta mediterrânea é um verdadeiro discurso sobre o que é justo, bom e belo", prega, em uma de suas mais famosas obras, La pasta e la pizza (ed. Il Mulino, sem trad.).
Com o passar do tempo, o prato não perdeu o glamour, mas deixou de ser associado ao ideal de saúde. Pior que isso: começou a ser apontado como um vilão da boa forma, precursor de males típicos da nossa época, como o colesterol alto e o diabetes.
Felizmente, uma nova leva de pesquisas vem fazer justiça ao alimento que é um dos mais apreciados do planeta, resgatando o direito único e insubstituível de apreciar um prato de massa sem nenhuma culpa.
Um caminhão de vantagens
Os benefícios nutricionais do macarrão são muitos. Para começar, ele é considerado um alimento com baixos níveis glicêmicos, porque leva mais tempo para ser digerido pelo organismo - mais do que o pão ou o arroz brancos. Assim, colabora para prolongar a sensação de saciedade e manter os níveis de glicemia estáveis no sangue no período após a refeição. "O macarrão é reconhecido como um alimento que reúne baixas concentrações de sódio, gordura e colesterol. É uma rica fonte de carboidratos, que nos traz energia para as atividades diárias. A versão integral conta ainda com inúmeros nutrientes importantes para a saúde, como as vitaminas do complexo B e o ferro", diz a nutricionista Elaine de Pádua, da clínica DNA Nutri.
Além disso, como qualquer outro alimento do seu grupo, o dos carboidratos, ele só engorda se o consumo for excessivo, ou quando se erra nos acompanhamentos. "O macarrão chega a ser menos calórico que o arroz, numa relação de 122 calorias para 138, numa mesma porção de 100 g", esclarece Elaine.
Considerado um alimento com baixos níveis glicêmicos o macarrão leva mais tempo
para ser digerido pelo organismo
Outra surpresa boa é que o macarrão ajuda a dar uma baixada na tensão e ainda colabora para melhorar o humor. "Os carboidratos fornecem energia para o trabalho cerebral e a sua restrição causa sintomas como cansaço físico e mental, além de alteração do humor e irritabilidade. O macarrão, além de reabastecer as reservas de energia do cérebro, facilita a captação do triptofano, um precursor da serotonina, justamente o neurotransmissor que está diretamente ligado às sensações de calma e bem-estar", esclarece Elaine. Viu só por que nos sentimos tão alegrinhos e relaxados depois da macarronada de domingo?
Mas os bons efeitos do alimento sobre a saúde da mente não param por aí. Uma pesquisa desenvolvida pelo departamento de psicologia da Tufts University, nos Estados Unidos, no ano de 2009, avaliou o impacto dos carboidratos no desempenho cognitivo. O estudo comparou uma dieta com reduzido teor de carboidratos a uma dieta padrão, de reduzido teor calórico, recomendada pela American Dietetic Association (ADA). O que os pesquisadores descobriram foi que, no grupo que diminuiu os carboidratos - cortando, inclusive, o macarrão -, os resultados dos testes avaliando memória visual, atenção vigilante e capacidade cognitiva de uma forma geral foram muito piores do que no grupo que continuou consumindo o alimento, porém com moderação.
Variações do mesmo tema
Conheça as diferenças entre os diversos tipos de pasta disponíveis no mercado.
Macarrão à base de farinha branca: é considerado um alimento de baixo índice glicêmico, e também pobre em colesterol, gorduras e sódio.
Integral: como nessa versão do alimento o trigo é moído com a casca, ele preserva mais propriedades nutricionais do que o macarrão convencional. Tem mais fibras e micronutrientes, como magnésio, selênio, cobre, manganês e vitaminas do complexo B.
Enriquecido: já é possível encontrar massas adicionadas de legumes (beterraba, espinafre e cenoura) e que, além de colorirem naturalmente o alimento, agregam diversos nutrientes ao prato. O enriquecimento com minerais também vem sendo empregado, inclusive em massas pré-cozidas voltadas para o público infantil. "São opções saudáveis, mas que não excluem a necessidade de se consumirem vegetais e legumes in natura", alerta Elaine de Pádua.
Sem glúten: é indicado apenas às pessoas portadoras da doença celíaca, que apresentam intolerância ao glúten.
De quinoa: a novidade eleva ao cubo as propriedades benéficas do macarrão integral. "Um dos pontos fortes do alimento é que ele possui grande quantidade de triptofano, que favorece a liberação de serotonina no organismo, funcionando como um antidepressivo natural, diminuindo a atividade cerebral de agitação e melhorando o humor", explica Paula Crook.
Origem: Revista Viva Saúde
http://revistavivasaude.uol.com.br/saude-nutricao/105/artigo243796-1.asp
Se você é o tipo de pessoa que detesta ter de rever os seus conceitos, é melhor pular algumas páginas e ir direto para a próxima matéria da sua VivaSaúde. Porque, quando o assunto é o bom e velho macarrão, um dos pratos mais populares nos quatro cantos do mundo, o que não faltam são surpresas. Começando do começo, vale saber que estamos falando de um prato que não foi inventado pelos italianos. "Os verdadeiros criadores da massa, do modo como a conhecemos hoje, foram os árabes, que circularam tanto pela Sicília quanto pela península Ibérica, no período da Idade Média. Eles foram provavelmente os responsáveis por introduzir o macarrão na Itália, onde a receita foi aprimorada e se disseminou para o resto do mundo", explica o coordenador do curso de gastronomia do Complexo Educacional FMU, Marcelo Malta. No Brasil, a receita da macarronada chegou pelas mãos das nonas que imigraram para cá muito tempo depois, nos idos do século XIX. E o resto da história você sabe e - ufa! - não foge muito ao que já é de conhecimento comum.
Um capítulo à parte ajuda a entender a imensa admiração que os mais antigos tinham pelo macarrão, uma cultura que acabou se perdendo com o tempo. Os árabes, revisitando as teorias do sábio grego Hipócrates, creditavam aos alimentos funções medicinais importantes e utilizavam a comida como um recurso poderoso na prevenção e no controle de inúmeras doenças. Essa visão acurada dos que vieram muito antes de nós já permitia que eles dessem ao macarrão um destaque todo especial em sua culinária, conhecedores que eram das inúmeras propriedades do alimento. Também foram os árabes que, no século XI, introduziram os princípios da dieta que se difundiu por todo o baixo Mediterrâneo e que ainda hoje é considerada uma das mais saudáveis do mundo. Ela defende o consumo moderado de massas, queijos e vinhos e, nas palavras do antropólogo italiano Franco La Cecla, estudioso do assunto, é muito mais do que uma regra, uma norma a orientar a alimentação. "A dieta mediterrânea é um verdadeiro discurso sobre o que é justo, bom e belo", prega, em uma de suas mais famosas obras, La pasta e la pizza (ed. Il Mulino, sem trad.).
Com o passar do tempo, o prato não perdeu o glamour, mas deixou de ser associado ao ideal de saúde. Pior que isso: começou a ser apontado como um vilão da boa forma, precursor de males típicos da nossa época, como o colesterol alto e o diabetes.
Felizmente, uma nova leva de pesquisas vem fazer justiça ao alimento que é um dos mais apreciados do planeta, resgatando o direito único e insubstituível de apreciar um prato de massa sem nenhuma culpa.
Um caminhão de vantagens
Os benefícios nutricionais do macarrão são muitos. Para começar, ele é considerado um alimento com baixos níveis glicêmicos, porque leva mais tempo para ser digerido pelo organismo - mais do que o pão ou o arroz brancos. Assim, colabora para prolongar a sensação de saciedade e manter os níveis de glicemia estáveis no sangue no período após a refeição. "O macarrão é reconhecido como um alimento que reúne baixas concentrações de sódio, gordura e colesterol. É uma rica fonte de carboidratos, que nos traz energia para as atividades diárias. A versão integral conta ainda com inúmeros nutrientes importantes para a saúde, como as vitaminas do complexo B e o ferro", diz a nutricionista Elaine de Pádua, da clínica DNA Nutri.
Além disso, como qualquer outro alimento do seu grupo, o dos carboidratos, ele só engorda se o consumo for excessivo, ou quando se erra nos acompanhamentos. "O macarrão chega a ser menos calórico que o arroz, numa relação de 122 calorias para 138, numa mesma porção de 100 g", esclarece Elaine.
Considerado um alimento com baixos níveis glicêmicos o macarrão leva mais tempo
para ser digerido pelo organismo
Outra surpresa boa é que o macarrão ajuda a dar uma baixada na tensão e ainda colabora para melhorar o humor. "Os carboidratos fornecem energia para o trabalho cerebral e a sua restrição causa sintomas como cansaço físico e mental, além de alteração do humor e irritabilidade. O macarrão, além de reabastecer as reservas de energia do cérebro, facilita a captação do triptofano, um precursor da serotonina, justamente o neurotransmissor que está diretamente ligado às sensações de calma e bem-estar", esclarece Elaine. Viu só por que nos sentimos tão alegrinhos e relaxados depois da macarronada de domingo?
Mas os bons efeitos do alimento sobre a saúde da mente não param por aí. Uma pesquisa desenvolvida pelo departamento de psicologia da Tufts University, nos Estados Unidos, no ano de 2009, avaliou o impacto dos carboidratos no desempenho cognitivo. O estudo comparou uma dieta com reduzido teor de carboidratos a uma dieta padrão, de reduzido teor calórico, recomendada pela American Dietetic Association (ADA). O que os pesquisadores descobriram foi que, no grupo que diminuiu os carboidratos - cortando, inclusive, o macarrão -, os resultados dos testes avaliando memória visual, atenção vigilante e capacidade cognitiva de uma forma geral foram muito piores do que no grupo que continuou consumindo o alimento, porém com moderação.
Variações do mesmo tema
Conheça as diferenças entre os diversos tipos de pasta disponíveis no mercado.
Macarrão à base de farinha branca: é considerado um alimento de baixo índice glicêmico, e também pobre em colesterol, gorduras e sódio.
Integral: como nessa versão do alimento o trigo é moído com a casca, ele preserva mais propriedades nutricionais do que o macarrão convencional. Tem mais fibras e micronutrientes, como magnésio, selênio, cobre, manganês e vitaminas do complexo B.
Enriquecido: já é possível encontrar massas adicionadas de legumes (beterraba, espinafre e cenoura) e que, além de colorirem naturalmente o alimento, agregam diversos nutrientes ao prato. O enriquecimento com minerais também vem sendo empregado, inclusive em massas pré-cozidas voltadas para o público infantil. "São opções saudáveis, mas que não excluem a necessidade de se consumirem vegetais e legumes in natura", alerta Elaine de Pádua.
Sem glúten: é indicado apenas às pessoas portadoras da doença celíaca, que apresentam intolerância ao glúten.
De quinoa: a novidade eleva ao cubo as propriedades benéficas do macarrão integral. "Um dos pontos fortes do alimento é que ele possui grande quantidade de triptofano, que favorece a liberação de serotonina no organismo, funcionando como um antidepressivo natural, diminuindo a atividade cerebral de agitação e melhorando o humor", explica Paula Crook.
Origem: Revista Viva Saúde
http://revistavivasaude.uol.com.br/saude-nutricao/105/artigo243796-1.asp
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