Conheça a interação dos nutrientes no organismo


Cada alimento possui uma composição nutricional específica, por isso é recomendado seguir uma alimentação variada, a fim de se obter diariamente todas as substâncias necessárias para o corpo funcionar bem.

Uma refeição completa é capaz de fornecer vários nutrientes importantes ao organismo. No entanto, a simples presença do nutriente na dieta não garante sua total utilização pelas células. Antes dos nutrientes agirem nas células, eles passam por um longo trajeto, que tem início com a mastigação dos alimentos na boca, passando pelo estômago - para que ocorra a digestão e, por fim, chegando no intestino onde acontece a absorção para o sangue e ,em seguida, o transporte até as células, fechando o ciclo.

Durante o percurso, há interações entre os nutrientes. Essas interações são mais freqüentes no momento da absorção, quando os nutrientes encontram-se misturados no intestino. Podem ser tanto positivas quanto negativas. No primeiro caso, um nutriente age auxiliando na absorção de outro. Já no último caso, um nutriente atua inibindo a absorção de outro. Os nutrientes mais envolvidos em interações são as vitaminas e os minerais.

Cientificamente, a relação entre os nutrientes é conhecida como biodisponibilidade que pode ser definida como a fração de qualquer nutriente ingerido, que tenha o potencial para suprir as necessidades, atuando em tecidos alvos. Simplificando a definição para melhor entendimento, essa palavra enorme nada mais é do que a quantidade do nutriente presente no alimento que vai ser realmente aproveitada pelo organismo, desempenhando a função que lhe cabe.


Interações entre Nutrientes

Cálcio x Ferro - A ingestão simultânea de alimentos ricos em cálcio (leite, iogurtes, queijos) e alimentos fontes de um tipo de ferro chamado não heme, presente no feijão, na soja, na lentilha e no espinafre, pode inibir a absorção do último (ferro). Entretanto, vale lembrar que a presença do cálcio na mesma refeição que contenha ferro, não altera a absorção do tipo heme, encontrado principalmente nas carnes e melhor aproveitado pelo organismo. Mas de qualquer maneira, é importante que os alimentos fontes de cálcio ou os suplementos do mineral sejam consumidos fora dos horários das refeições principais (almoço e jantar), já que elas são as mais ricas em ferro, para não haver prejuízo no aporte deste nutriente.

Zinco x Cobre - O excesso de zinco diminui a absorção de cobre. O mecanismo proposto para essa interação está baseado na observação de que o zinco em grandes quantidades leva ao aumento da síntese de uma proteína que tem afinidade em se ligar com o cobre, impedindo sua absorção. O zinco está presente em: carnes bovinas, peixe, aves, leite e derivados, frutos do mar. Por outro lado, as melhores fontes de cobre são: frutos do mar, fígado, rim, nozes, frutas secas.

Vitamina C x Ferro - É bastante conhecida a interação da vitamina C com o ferro, promovendo maior absorção do tipo não heme (leguminosas), quando ambos nutrientes estão presentes na mesma refeição. Mais uma vez é importante ressaltar que o benefício não se estende para o ferro heme (carnes), o qual já é bem assimilado pelo organismo, sem precisar de agentes ativadores. Dessa maneira, é indicado que se inclua nas refeições principais (almoço e jantar), normalmente ricas em ferro, fontes de vitamina C, como por exemplo: frutas cítricas (limão, acerola, laranja, abacaxi) que podem ser consumidas tanto in natura, quanto na forma de suco.

Vitamina D X Cálcio - A interação positiva entre vitamina D e cálcio também está bem documentada. A presença de vitamina D na dieta contribui para a absorção de cálcio no intestino e ainda diminui a sua eliminação pelos rins. As melhores fontes de vitamina D são: óleo de fígado e de peixe. Em seguida, estão o fígado, a manteiga e a gema do ovo. No entanto, uma forma de se obter a vitamina D naturalmente, é através da exposição aos raios ultravioletas da luz solar.

Referência Bibliográfica: Cozzolino SMF. Biodisponibilidade de Minerais. R. Nutr. PUCCAMP. Campinas, 10(2): 87-98, 1997. Mahan LK, Escott-Stsmp. Krause: Alimentos, Nutrição e Dietoterapia. 9ª edição. Editora Roca. São Paulo, 1998.

Por: Roberta Stella - Nutricionista formada pela Universidade de São Paulo (USP)
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