Entenda Mais Sobre As Fibras
As fibras alimentares incluem polissacarídeos, oligossacarídeos, lignina e substâncias associadas aos polissacarídeos não-amido e o os carboidratos análogos (isolados de crustáceos e organismos unicelulares, polidextrose, maltodextrina resistentes, amido resistente e celulose modificada) (MENEZES e GIUNTINI, 2008).
Atualmente, as fibras alimentares têm sido amplamente estudadas, devido ao interesse de especialistas das áreas de nutrição e saúde pelas suas propriedades e benefícios à saúde. Sendo associadas à regulação do funcionamento intestinal, além de ser também relacionada à prevenção e ao tratamento dietético de várias doenças (MATTOS e MARTINS, 2000; MENEZES e GIUNTINI, 2008).
Vários estudos têm relacionado o papel das fibras alimentares com a prevenção de diverticulite, câncer de cólon, obesidade, doenças cardiovasculares e diabetes (CALLEGARO et al., 2005).
Classificação
As fibras alimentares podem ser classificadas de acordo com a solubilidade de seus componentes na água em fibras solúveis ou insolúveis (MATTOS e MARTINS, 2000).
As fibras solúveis incluem a maior parte das pectinas, gomas, mucilagens e certas hemiceluloses, sendo encontradas principalmente nos legumes, aveia, leguminosas e frutas, particularmente as cítricas e a maçã. As fibras solúveis formam géis em contato com água, aumentando a viscosidade dos alimentos parcialmente digeridos no estômago (RIQUE et al., 2002; MORAES e COLLA, 2006).
As fibras insolúveis incluem as celuloses, algumas pectinas, grande parte das hemiceluloses e a lignina, presentes nos derivados de grãos inteiros, como os farelos, e também nas verduras. Essas fibras permanecem intactas através de todo o trato gastrointestinal (MATTOS e MARTINS, 2000; RIQUE et al., 2002; MORAES e COLLA, 2006).
Mecanismo das fibras
As fibras solúveis e insolúveis apresentam ações diferentes no organismo. As fibras solúveis agem no intestino, reduzindo o tempo de trânsito intestinal, além de aumentar a fermentação e a proliferação das bactérias entéricas no cólon proximal (POURCHET-CAMPOS, 1998; DONATTO et al., 2006).
As fibras solúveis também agem no intestino diminuindo a reabsorção da bile, estando relacionada à redução nas contrações séricas da LDL-colesterol (DONATTO et al., 2006).
Existem duas hipóteses sobre o mecanismo de efeito redutor da concentração sanguínea de colesterol das fibras solúveis. Acredita-se que essas fibras aumentam a excreção de ácidos biliares, fazendo com que o fígado remova colesterol do sangue para a síntese de novos ácidos e sais biliares. A outra hipótese sugere que o propionato, produto da fermentação das fibras solúveis, inibe a síntese hepática do colesterol (RIQUE et al., 2002).
Assim, embora ainda existam controvérsias no mecanismo exato da síntese de ácidos biliares, triglicerídeos e LDL-colesterol em relação às fibras, o seu papel preventivo na redução do colesterol plasmático vem-se confirmando cada vez mais (RIQUE et al., 2002).
Além disso, as fibras solúveis estão relacionadas a melhor tolerância à glicose e controle do diabetes tipo 2 (RIQUE et al., 2002; MORAES e COLLA, 2006).
As fibras insolúveis agem no cólon proximal diminuindo a fermentação, e no cólon distal, aumentando a absorção de água e reduzindo o tempo de trânsito de transito intestinal, tornando a eliminação fecal mais fácil e rápida (MATTOS e MARTINS, 2000; DONATTO et al., 2006).
Uma importante função relacionada às fibras insolúveis é a diminuição dos riscos de desenvolvimento de câncer. Essa função está relacionada a três fatores: a capacidade dessa fibra em reter substâncias tóxicas ingeridas ou produzidas no trato gastrointestinal durante os processos digestivos; a redução do tempo do trânsito intestinal, com redução do tempo de contato da superfície intestinal com substâncias mutagênicas e carcinogênicas e a formação de substâncias protetoras pela fermentação bacteriana dos compostos de alimentação (MORAES e COLLA, 2006).
As fibras alimentares também são relacionadas a um papel coadjuvante no controle do sobrepeso, devido à sensação de saciedade que promovem (RIQUE et al., 2002).
Assim, verifica-se que é importante conhecer o tipo de fibra presente em cada alimento porque embora hajam efeitos fisiológicos relacionados com a fibra alimentar total, existem outros, como a redução da colesterolemia e da glicemia, que têm sido mais relacionados com a fração solúvel da fibra (CALLEGARO et al., 2005).
As fibras alimentares na alimentação
As diretrizes para a prevenção das doenças crônicas não transmissíveis recomendam a ingestão de 25g/ dia de fibras alimentares (MENEZES e GIUNTINI, 2008).
No entanto, são escassas as publicações científicas que informam a quantidade de fibras alimentares consumidas pelas populações. Em diversos países como África, Índia, Austrália, América do Norte e Japão, estudos apontaram que as quantidades ingeridas são divergentes nos níveis nacionais e internacionais. No Brasil quase não há estudos que quantifiquem o consumo de fibras alimentares pela população (MATTOS e MARTINS, 2000).
Segundo dados da Pesquisa de Orçamento Familiar (POF) de 2002/2003, da Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a ingestão média de fibras alimentares foi de 15,68g/dia, sendo 5,94g/dia provenientes de cereais e tubérculo, 7,53g/dia de leguminosas, 0,98g/dia de hortaliças e 1,23 g/dia de frutas (MENEZES e GIUNTINI, 2008).
Assim, verifica-se a importância de se estimular a população brasileira a manutenção de hábitos alimentares como o consumo de arroz e feijão, além de aumentar o consumo de frutas, verduras, legumes e alimentos integrais (CALLEGARO et al., 2005; MENEZES e GIUNTINI, 2008).
Na tabela abaixo encontra-se a relação de alguns alimentos e suas respectivas quantidades de fibra alimentar por 100g do alimento.
As fibras e os prebióticos
A definição de fibra alimentar inclui os oligossacarídeos e outros carboidratos não-digeríveis, deste modo, os prebióticos são incluídos nessa definição (SAAD, 2006).
Como os componentes das fibras alimentares não são absorvidos, eles penetram no intestino grosso e fornecem substratos para as bactérias intestinais. As fibras solúveis são normalmente fermentadas rapidamente, enquanto as insolúveis são lentamente ou apenas parcialmente fermentadas (SAAD, 2006).
Os prebióticos são considerados fibras solúveis e amplamente fermentados pelas bactérias anaeróbicas do cólon, levando à produção de ácido lático, ácidos graxos de cadeia curta e gases, reduzindo o pH do lúmen e estimulando a proliferação de células epiteliais do cólon (SAAD, 2006; MENEZES e GIUNTINI, 2008).
Os produtos da fermentação estimulam o crescimento de bactérias benéficas do cólon, que agem suprimindo a atividade de outras bactérias, como Escherichia coli, Streptococcus fecalis e Proteus, além de atuar também no aumento do bolo fecal no intestino delgado. Alem disso, a diminuição do pH local pode favorecer o aumento da absorção de minerais (ANJO, 2004; MENEZES e GIUNTINI, 2008).
Assim, as propriedades benéficas associadas aos prebióticos são a diminuição da síntese de carcinógenos, diminuição do risco de câncer de cólon e de infecções bacterianas, além de prevenir e tratar diarréias (MENEZES e GIUNTINI, 2008).
Nota:
Não confunda os termos prebióticos e probióticos. Os prebióticos são considerados fibras alimentares, que estimulam de bactérias "benéficas" presentes no intestino. Já os probióticos, são definidos como microorganismos viáveis presentes em alimentos industrializados, como iogurtes e leites fermentados, que afetam beneficamente a saúde do hospedeiro por promoverem balanço da flora intestinal, sendo os Lactobacillus e as Bifidobacterium as espécies mais utilizadas como probióticos (ANJO, 2004; HAULY et al., 2005).
Existe ainda o termo simbiótico, relacionado a combinação de um prebiótico e um probiótico, podendo ser classificado como componente dietético funcional que aumenta a sobrevivência dos probióticos durante a passagem pelo trato digestório superior, por disponibilizar o seu substrato específico para fermentação (HAULY et al., 2005; SAAD, 2006).
Referência: RgNutri.
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