Biotina e Sua Importância Para a Saúde

A biotina, anteriormente chamada de vitamina H, é uma vitamina hidrossolúvel muito importante para a saúde (CARDOSO, 2006). Foi isolada pela primeira vez em 1936 e sintetizada em 1943, passando-se cerca de 40 anos para que fosse reconhecida como vitamina. Ganhou popularidade nos últimos anos como a vitamina anti-calvície, considerada erroneamente por um dos sintomas de sua deficiência (calvície) (PHILIPPI, 2008).

Função

A biotina é uma vitamina sulfurada, importante como coenzima para o metabolismo protéico, lipídico e energético do organismo (PHILIPPI, 2008). Já foram identificadas pelo menos quatro enzimas carboxilases nas quais a biotina atua como co-fator (CARDOSO, 2006).

Síntese

É sintetizada no organismo por bactérias do cólon. Esse fato é comprovado pelo aumento da excreção urinária e fecal em cerca de 3 a 6 vezes em relação à ingestão alimentar (PHILIPPI, 2008). No entanto, a biotina sintetizada pela flora intestinal não está disponível para absorção, pois permanece ligada dentro das bactérias e a síntese ocorre longe do local de absorção da vitamina (CARDOSO, 2006).

Além de ser sintetizada por microorganismos, a biotina é sintetizada pelos vegetais e largamente encontrada nos alimentos, mas em menores concentrações (CARDOSO, 2006).

Metabolismo

Esta vitamina é encontrada nos alimentos sob duas formas: como biotina livre e, em maior quantidade, como biocitina (uma forma de coenzima ligada à lisina). No intestino, a biocitina precisa ser hidrolisada pela biotidinase, que é uma enzima secretada pelo suco pancreático e pela mucosa intestinal. Essa enzima hidrolisa somente cerca de metade da biocitina de origem vegetal, sendo que a biocitina de origem animal é mais biodisponível (PHILIPPI, 2008).

Uma vez livre pela ação enzimática, a biocitna é absorvida, juntamente com a biotina livre dos alimentos, pelo intestino delgado, principalmente na porção jejunal, por transporte ativo dependente de sódio, diminuindo à medida que avança para o íleo. No sangue, é transportada na forma livre ou ligada às glicoproteínas do soro, como albumina ou globulina. Os rins têm um mecanismo de reabsorção, e somente quando este se encontra saturado, a vitamina é excretada na urina (PHILIPPI, 2008).

Deficiência

A deficiência na população em geral é muito rara, mas pode ocorrer em casos de consumo prolongado e excessivo de clara de ovo crua, em indivíduos submetidos à nutrição parenteral total por tempo prolongado, em pacientes epilépticos tratados com drogas anticonvulsivantes, no alcoolismo crônico e por desnutrição energético protéica severa. Na placenta humana há competição no processo de absorção mediada pelo sódio entre esta vitamina e o ácido pantotênico, o que pode resultar em deficiência dessas vitaminas (CARDOSO, 2006). A deficiência também ocorre em crianças com defeito genético para a síntese da enzima biotinidase (PHILIPPI, 2008).

Os sintomas da deficiência crônica incluem dermatites, erupções cutâneas, alopecia, retardo no desenvolvimento, conjuntivites, perda de acuidade visual e auditiva, entre outros. No entanto, os sintomas iniciais da deficiência concentram-se nas alterações epiteliais, que são rapidamente revertidas com a suplementação desta vitamina (PHILIPPI, 2008).


Recomendações de Ingestão de Biotina
Grupos Etários
AI* (ug/dia)
Bebês
0 - 6 meses
5
7 - 12 meses
6
Crianças
1 – 3 anos
8
4 – 8 anos
12
Adultos
9 – 13 anos
20
14 – 18 anos
25
19 – 30 anos
30
31 – 50 anos
30
50 – 70 anos
30
>70 anos
30
Gravidez
<18 anos
30
19 – 30 anos
30
31 – 50 anos
30
Lactação
<18 anos
35
19 – 30 anos
35
31 – 50 anos
35
* Adequate intake
Dietary Reference Intakes (MAHAN & STUMP, 2002)



Não são conhecidos casos de toxicidade em seres humanos e não estão estabelecidas as quantidades máximas toleráveis de ingestão (UL) (CARDOSO, 2006).

Principais fontes

O levedo de cerveja é um alimento muito rico em biotina, além do fígado de galinha e fígado bovino (MAHAN & STUMP, 2002). A gema do ovo é outra boa fonte (PHILIPPI, 2008). O rim e a soja também são considerados boas fontes desta vitamina, além da couve-flor e do espinafre, enquanto as frutas e as carnes são fontes pobres. A maior parte da biotina nas carnes e nos cereais está ligada ao aminoácido lisina, formando o complexo biocitina (CARDOSO, 2006).


Fontes Alimentares
Alimento
Variação (ug/100g)
Levedo de cerveja
200
Fígado de galinha
170 - 210
Fígado bovino
96
Gema, crua
51,5 - 58
Nozes
37 - 39
Amendoim
34
Chocolate
32
Aves Domésticas
10 – 11,3
Peixes e Mariscos
3 - 24
Hortaliças
0,2 – 4,1
Frutas
0,2 - 2
MAHAN & STUMP, 2002



Referências Bibliográficas
CARDOSO, M.A. Nutrição Humana, Nutrição e Metabolismo. Editor da série Helio Vannucchi – Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006.
MAHAN, L.K.; STUMP, S.E. Krause Alimentos, Nutrição & Dietoterapia/10ª edição, São Paulo, Roca, 2002.
PHILIPPI, S.T. Pirâmide dos alimentos: fundamentos básicos danutrição/organizadora Sônia Tucunduva Philippi, Barueri, SP: Manole, 2008.

Este artigo foi retirado do site: RGNUTRI
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