O consumo excessivo de proteína e insuficiência renal

Texto: Vinícius Graton, nutricionista, pós-graduando em Nutrição Clínica.

As complicações desencadeadas pelo consumo excessivo de proteína alimentar na doença renal tem sido estudado há muitos anos, mas ainda não há evidências suficientes que comprovem que a alta ingestão de proteína possa causar danos renais em indivíduos saudáveis, e que, portanto, possuem um funcionamento normal dos rins. Diversos estudos já mostraram que a alimentação do brasileiro tem proporção de proteínas mais alta do que o recomendado.

Sabemos que os rins eliminam os produtos derivados do metabolismo das proteínas (uréia, amônia e outros resíduos nitrogenados). Dessa forma o consumo elevado vem a aumentar a taxa de filtração glomerular, ocasionando em aumento da pressão dentro dos glomérulos. Com o tempo, isso pode fazer com que a função renal seja prejudicada progressivamente. Freqüentadores de academias e outros praticantes de atividade física freqüentemente são orientados por pessoas não preparadas, sem formação acadêmica (personal trainer, orientadores, educador físico) a fazerem o uso de suplementos alimentares como as proteínas. Consomem uma quantidade que julgam ser necessárias para a hipertrofia sem mesmo consultarem um profissional especializado - o nutricionista.

Devido a tal falha na alimentação, o atleta pode até mesmo ter um ganho considerado de massa muscular, porém o mesmo irá apresentar uma função renal prejudicada. Prejuízo este causado progressivamente. Deparo-me freqüentemente com meus pacientes me pedindo para que eu suplemente proteína a eles. Muitas vezes a simples alteração na alimentação já é suficiente para que tal necessidade seja alcançada, levando a um quadro de hipertrofia. No entanto, muitos parecem não acreditar que somente a alimentação é suficiente para a hipertrofia. Tal teimosia leva então a temida sobrecarga renal (sobrecarga do fígado) por ser o órgão responsável pela metabolização de aminoácidos. Vale lembrar que em alguns casos a suplementação é sim necessária, devendo sempre ser orientada e calculada pelo nutricionista.

É importante lembrar que, mesmo não havendo comprovações científicas de danos renais com a ingestão elevada de proteína, podem ocorrer outros problemas.

Por exemplo, quando há excesso de proteína na circulação sangüínea, esse nutriente será degradado e depois armazenado na forma de gordura, contribuindo para o desenvolvimento da aterosclerose e doenças cardíacas. Além disso, uma alimentação com altas concentrações de proteínas limita a ingestão de outros nutrientes essenciais, necessários para o organismo humano suprir a quantidade energética diária, pois, na maioria das vezes, a dieta deixa de ter variedade de alimentos. Outro agravante é que o consumo em excesso de proteína causa amento da excreção de cálcio e, portanto, diminui a utilização desse mineral.

Portanto, estudos em longo prazo precisam ser realizados para verificar essa relação, mas, até o momento, não é necessária a restrição na ingestão de proteína em indivíduos saudáveis. Já para indivíduos que têm a função renal debilitada, uma dieta restrita no consumo de proteína pode ser benéfica.

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